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Executivo de Hong Kong disponível para reencetar conversações com líderes dos protestos

Após duas madrugadas em que a repressão policial se fez sentir nas ruas de Hong Kong, o líder do Executivo desta região mostrou-se disponível para reiniciar o diálogo com os líderes estudantis. Occupy Central dá crescentes sinais de desmobilização.

Reuters
16 de Outubro de 2014 às 17:28
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Depois de as últimas noites em Hong Kong (HK) terem sido marcadas pela violência praticada pela acção policial a fim de desmobilizar os manifestantes que permanecem nas ruas de Admiralty, no centro da cidade-Estado, o líder do Executivo da região administrativa chinesa, Leung Chun-ying, anunciou esta quinta-feira a disponibilidade do seu Governo para reencetar as conversações com os líderes estudantis.

 

Leung reconheceu, numa conferência de imprensa, que o Governo de HK está disponível para conversar com uma das federações de estudantes que lideram o processo que deu início ao movimento pró-democracia Occupy Central que há já três semanas ocupa, de forma mais ou menos constante, as principais artérias da cidade.

 

No entanto, a disponibilidade realçada por Leung não contempla qualquer tipo de possibilidade de cedência à principal reivindicação dos estudantes que clamam pela possibilidade de as eleições para o Executivo de HK de 2017 se realizarem sob os auspícios de um processo plenamente democrático.

 

O Occupy Central quer que as autoridades chinesas recuem perante a intransigência demonstrada por Pequim de serem as autoridades chinesas a definir a pré-escolha dos três candidatos que serão, depois, colocados perante a soberania do voto dos cidadãos de HK. Leung rejeita liminarmente essa opção.

 

Quanto à outra reivindicação, que passa pela exigência de demissão do próprio Leung, visto pelos protestantes como uma figura instrumentalizada por Pequim, o chefe do Executivo de HK nem sequer se pronunciou. "Vamos restaurar, assim que possível, a ordem em HK, incluindo o tráfego", garantiu depois de avisar que o seu Governo mantém pouca tolerância face aos "conflitos originados" pelo protestos.

 

Apesar de no final da primeira intervenção com recurso à força, por parte da polícia na noite de terça-feira, os protestantes terem considerado que tal acção dificultaria uma eventual negociação entre as partes, Leung garantiu esta manhã que o seu Governo está em conversações preparatórias com os líderes dos protestos desde o início desta semana.

 

Um protestante citado pelo Guardian, Wai-chung Bastien, lembrou que o Governo de Leung não se mostra disponível para nenhum tipo de cedência  o que mostra "que prevalecem os objectivos de Pequim e que ele (Leung) não se irá demitir". "Os dois lados continuam separados por uma grande distância", avaliou este manifestante.

 

Recorde-se que na semana passada, a secretária-chefe do Governo, Carrie Lam, responsável pelo diálogo do Executivo com os manifestantes, interrompeu as negociações considerando que se mantinha impossível o estabelecimento de um diálogo construtivo entre as partes. O diálogo foi interrompido na sequência de confrontos entre os manifestantes e elementos pró-Pequim, pertencentes às denominadas tríades.

 

O tempo e a violência como elementos dissuasores

 

Na sequência daquela que foi a primeira intervenção com real recurso à força por parte das autoridades policiais de HK, surgiram vídeos que mostravam o excesso de violência aplicado contra os protestantes. A BBC chegou mesmo a acusar Pequim de, na sequência da exibição de um desses vídeos em que se mostrava o espancamento de um jovem por vários elementos da polícia, ter impedido o acesso dos internautas ao sítio online da televisão britânica.

 

Mas o que mostram as fotografia do centro de HK e os relatos dos correspondestes internacionais na cidade-Estado é que se verifica, desde há alguns dias a esta parte, uma continuada desmobilização dos protestantes. Isto apesar de os líderes estudantis terem garantido que o recurso à força apenas serviria para trazer mais pessoas para as ruas.

 

O movimento Occupy Central enfrenta uma crescente oposição, não apenas das autoridades, mas também dos empresários da região que se mostram descontentes pelo arrastar de um protesto que mantém várias ruas bloqueadas há já três semanas. Esta quinta-feira, o chefe do Executivo garantiu que em breve todas as ruas estariam normalmente transitáveis.

 

Citado pela CNN, Leung garante que larga percentagem da população "está descontente", reforçando que o seu Governo "não irá permitir que o arrastar da situação tenha um impacto negativo para a sociedade". Não parece haver margem negocial das autoridades chinesas, e por decorrência do Governo de HK, para satisfazer a vontade do movimento pró-democrático.

 

Pequim não abdica da garantia de estabilidade interna conferida pela pré-escolha dos candidatos às eleições que, no final do passado mês de Agosto, agendou para 2017, naquele que será o primeiro sufrágio universal em HK. Sufrágio esse que constava do acordo sino-britânico que em 1997 confirmou a transferência da cidade-Estado para a soberania chinesa.

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