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Pacificidade dos protestos de Hong Kong pode ter os dias contados

Tanto o Governo de Hong Kong como os protestantes não parecem dispostos a recuar. Os manifestantes exigem a demissão de Leung, caso contrário ameaçam elevar o grau dos protestos e invadir edifícios institucionais. O Governo ameaça recorrer à força. A manifestação até aqui essencialmente pacífica poderá, em breve, conhecer novos contornos.

Reuters
02 de Outubro de 2014 às 15:00
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Os protestos espoletados pelo movimento Occupy Central nas ruas do centro de Hong Kong parecem, a cada dia que passa, e como referia esta noite a BBC, afirmar-se como o maior desafio político com que Pequim se depara desde as manifestações de estudantes de 1989 em Tiananmen. Aquele que até agora se pautou por ser, na sua essência, um protesto de índole pacífica, ameaça rapidamente escalar em intensidade e violência.

 

É essa a conclusão a retirar dos últimos avisos deixados pelos dois contendores. De um lado, os protestantes ameaçam subir de tom nos seus protestos caso o líder do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, não apresente a sua demissão até às 23h45 desta quinta-feira. Se o repto não tiver correspondência, o movimento Occupy Central ameaça mesmo invadir vários edifícios governamentais.

 

Mas o Governo regional liderado por Leung não se mostra na disposição de ceder às ameaças da população. Depois de relegitimado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), que disse estar "muito satisfeito" com a liderança de Leung, o Governo de Hong Kong recebeu uma espécie de carta em branco de Pequim.

 

Segundo o The Guardian, o PCC autorizou as autoridades de Hong Kong a recorrer à força para pôr cobro às "actividades ilegais" empreendidas pelos populares que há já mais de uma semana permanecem nas principais artérias da região administrativa chinesa.

 

"O Governo central tem absoluta confiança no chefe do Executivo Leung Chun-ying e está completamente satisfeito com a sua performance", refere um documento oficial do PCC.

 

Autoridades ameaçam recorrer a "todos os meios necessários"

 

Apoiado pela retaguarda oficial chinesa, as autoridades de Hong Kong avisam que no caso de os edifícios serem ocupados, o Executivo chefiado por Leung utilizará "todos os meios necessários". O próprio responsável das forças policiais garantiu, num comunicado, que a polícia vai proceder "de acordo com a lei". A imprensa internacional vem mostrando fotografias que indiciam um reforço policial, ao longo das últimas horas, nas ruas de Hong Kong.

 

O arrastar do processo levou a uma inversão nas opções consideradas por Pequim. Depois de na sexta-feira passada um grupo de estudantes, que iniciaram o processo de desobediência civil entretanto denominado Occupy Central, ter invadido a sede do Governo, a polícia avançou com gás pimenta para dispersar estes estudantes, tendo o Governo chinês requerido a resolução do conflito através de vias não confrontacionais.

 

Todavia a possibilidade de descontrolo da situação, que a China já reiterou tratar-se de uma "questão interna", e que levou mesmo Pequim a avisar a comunidade internacional para não se envolver de nenhuma forma num problema de ordem interna, accionou os alarmes no PCC que não dispõe de margem da manobra que lhe pudesse permitir dar aso à desmultiplicação de fenómenos internos de reivindicação democrática.

 

A motivar todos estes dias de manifestações está o facto de o movimento de desobediência civil, iniciado com greves escolares e entretanto alastrado a largas dezenas de milhar de cidadãos da cidade-Estado de Hong Kong, estão as pretensões pró-democracia dos populares.

 

Pequim agendou para 2017 as primeiras eleições, de carácter universal, para a escolha do Governo de Hong Kong, dando assim cumprimento ao estabelecido no acordo sino-britânico que em 1997 transferiu a antiga colónia britânica para a soberania chinesa.

 

Mas o PCC pretende definir previamente os candidatos (a opção passa por três candidatos) colocados perante a opção popular dos cidadãos de Hong Kong, algo que o Occupy Central considera inaceitável por não corresponder ao espírito do acordo de 97 assinado entre Londres e Pequim. Os protestantes querem assegurar que a eleição do seu Executivo decorra sob os auspícios de um processo eleitoral plenamente democrático.

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