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Manifestantes em Hong Kong ameaçam agravar protestos
O pedido em tom de recomendação feito pelo líder do executivo de Hong Kong não surtiu qualquer efeito junto do movimento Occupy Central. Os protestantes exigem que Leung Chun-ying se reúna com os representantes do protesto até à meia noite desta terça-feira. Caso contrário ameaçam escalar a intensidade das reivindicações.
Aproxima-se a passos largos a hora dada como limite para que o líder do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, apareça no centro da cidade-Estado para se encontrar com os representantes do movimento, designado de Occupy Central, que ocupa o centro daquela região há vários dias.
Até à meia noite local, 17 horas em Lisboa, foi o prazo estipulado pelos protestantes para que Leung aceite negociar com o movimento que pretende assegurar que as próximas eleições se realizem sob os auspícios de um processo totalmente democrático.
Segundo alguns relatos, os cidadãos de Hong Kong querem impedir que o seu próximo executivo não se limite a ser apenas um órgão absolutamente instrumentalizado por Pequim, facto de que acusam o actual executivo liderado por Leung.
São largas as dezenas de milhar de protestantes que se mantêm no centro de Hong Kong, designadamente na Connaught Road e na Causeway Bay, impedindo o acesso de qualquer tipo de transporte a estas zonas. Escolas, transportes públicos e outros serviços estão praticamente paralisados.
Leung voltou, já esta terça-feira, a apelar para que os protestos, que assumem uma dimensão altamente desestabilizadora para as autoridades chinesas, sejam interrompidos a fim de devolver alguma normalidade ao dia-a-dia na região.
"Os fundadores do Occupy Central disseram, repetidamente, que se o movimento começasse a ficar fora do controlo, eles próprios o interromperiam", disse Leung citado pela BBC. "Estou agora a pedir que eles cumpram a promessa feita à sociedade e que interrompam esta campanha imediatamente", concretizou.
Mas o pedido do líder do Governo de Hong Kong não parece ter surtido qualquer tipo de efeito junto do Occupy Central. A resposta foi clara:
"Se Leung Chun-ying não aparecer na praça Civic Square até à meia noite, então acredito que, inevitavelmente, mais gente irá sair para as ruas", afiançou Alex Chow, secretário-geral da federação de estudantes de Hong Kong, citado pelo The Guardian. Recorde-se que este movimento começou há mais de uma semana, precisamente impulsionado pelos boicotes e greves nas escolas da região.
No entanto, o movimento que domina as ruas de Hong Kong apresenta um perfil algo fragmentado quanto aos seus objectivos mais imediatos. Outro dos co-fundadores do Occupy Central, Chan Kin-man, citado pelo Guardian, vai mais longe e exige a demissão de Leung.
"Se Leung Chun-ying anunciar a sua demissão, esta ocupação será, pelo menos temporariamente, interrompida num curto período de tempo, até que se decida qual o próximo passo a seguir", avisou. Em declarações aos jornalistas, Chan Kin-man lembra "que isto seria um sinal muito importante, porque demonstraria que o Governo mudou de ideias e pretende resolver esta crise.
Os protestantes exigem que o próximo processo eleitoral para a escolha do executivo de Hong Kong, que Pequim agendou para 2017, decorra de forma democrática. O Comité Central do PC Chinês marcou eleições de carácter universal, mas assegurou para si próprio o direito de pré-escolha dos candidatos que seriam colocados perante o voto dos habitantes da região administrativa de Hong Kong. Hipótese que os protestante recusam liminarmente.
Washington e Londres mostram apreensão
Depois de Pequim ter avisado, ainda na segunda-feira, que este era um assunto "interno" da China, alertando para a impossibilidade de qualquer apoio, por parte de um país estrangeiro, ao que classificou de movimentos "ilegais", Washington e Londres parecem assumir posições concertadas com a vontade das autoridades chinesas.
Washington instou as autoridades e forças de segurança de Hong Kong para que "contenham" os protestos, solicitando ainda aos protestantes para se manifestarem de "forma pacífica".
Londres, depois de ontem ter considerado que é "importante para Hong Kong preservar os seus direitos, e para a população de Hong Kong exercer esses direitos no âmbito das leis", limitou-se, esta terça-feira, pela voz do primeiro-ministro David Cameron a mostrar "grande preocupação" face aos desenvolvimentos registados nas ruas de Wall Street.