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EUA e Cuba anunciam acordo histórico e vão pôr fim ao embargo comercial

O acordo entre os dois países estaria a ser preparado desde a Primavera, depois de várias reuniões secretas entre delegações americanas e cubanas no Vaticano e no Canadá, e da intercepção do próprio Papa Francisco.

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Obama: U.S. Ending `Outdated Approach’ to Cuba
17 de Dezembro de 2014 às 18:58
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O dia 17 de Dezembro vai ficar na história dos Estados Unidos e de Cuba como uma data marcante em que os dois países deram um passo em frente na normalização das suas relações diplomáticas, pondo um travão, se não mesmo um ponto final, num embargo com mais de 50 anos, que está entre as últimas reminiscências da política da Guerra Fria.

 

Além de levantar restrições ao comércio, os Estados Unidos pretendem reabrir uma embaixada em Havana nos próximos meses, o que acontecerá pela primeira vez em mais de meio século.

 

"Hoje, os Estados Unidos estão a mudar a sua relação com o povo de Cuba", anunciou o presidente norte-americano, Barack Obama, esta tarde na Casa Branca. "Nem os americanos nem os cubanos estão bem servidos com uma política rígida, que está enraizada em eventos que aconteceram antes de a maioria de nós ter nascido".

 

Ao mesmo tempo que Obama discursava na Casa Branca, Raul Castro dirigia-se ao seu povo para assegurar que "o progresso alcançado nas trocas que fizemos mostra que é possível encontrar soluções para muitos problemas". O presidente cubano refere-se, aqui, à "troca" de prisioneiros cumprida esta quarta-feira – Cuba libertou o norte-americano Alan Gross e, os Estados Unidos, três cubanos presos na Florida por espionagem – que deu corpo às intenções de cooperação entre os dois países.

 

Alan Gross, de 65 anos, foi detido em 2009, altura em que se encontrava em Cuba a trabalhar para a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), encarregue de expandir a rede de Internet numa pequena comunidade judaica.

 

Gross foi condenado a 15 anos de prisão, acusado de ter conspirado contra o regime cubano, e libertado esta quarta-feira, cinco anos depois. O norte-americano já deixou Cuba com destino ao seu país num avião do governo.  

 

"Temos de aprender a arte de vivermos juntos com as nossas diferenças de uma forma civilizada", acrescentou Raul Castro. E hoje, "concordámos restabelecer as relações diplomáticas depois de mais de meio século".  

 

O líder afirmou, no entanto, que a questão do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos, que designou como "bloqueio", continua por resolver.

 

A decisão de Cuba tem origem, sobretudo, na realidade económica. Os seus clientes de longa data, a Rússia e a Venezuela, perderam influência e estão a ser espremidos pela queda dos preços do petróleo.

 

Segundo a Bloomberg, as mudanças anunciadas esta quarta-feira, seguem uma intercessão privada rara por parte do Papa Francisco, o primeiro papa católico sul-americano, reuniões secretas entre delegações americanas e cubanas no Vaticano e no Canadá, e uma conversa telefónica "extraordinária" que durou mais de 45 minutos entre Obama e o líder cubano Raul Castro, esta terça-feira.

 

Cuba também concordou em libertar 53 pessoas que os Estados Unidos consideram presos políticos, anunciaram as autoridades.

 

Também a Casa Branca planeia mover-se rapidamente. O governo espera emitir regulamentos dentro de poucas semanas e abrir uma embaixada assim que for logisticamente possível. Obama garantiu ainda que vai trabalhar com o Congresso para levantar completamente o embargo comercial.

 

Os viajantes poderão usar cartões de crédito e débito em Cuba e os americanos poderão levar casa, de forma legal, até 100 dólares em charutos cubanos – algo que não podiam até agora.

 

As empresas norte-americanas serão autorizadas a exportar para Cuba equipamentos de telecomunicações, produtos agrícolas, material de construção e materiais para as pequenas empresas, e as instituições financeiras dos Estados Unidos serão autorizadas a abrir contas em bancos cubanos.

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