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Trump: "Acho que foi a Rússia que nos atacou", mas "também fomos atacados por outros países"

O presidente eleito dos Estados Unidos reiterou, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, que o relatório dos serviços secretos divulgado esta quarta-feira é “falso” e “uma vergonha”. E disse que ter uma boa relação com o presidente russo é “um trunfo e não um problema”.

Reuters
11 de Janeiro de 2017 às 16:58
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Seis meses depois, Donald Trump voltou a dar uma conferência de imprensa em Nova Iorque e o timing não podia ser mais certeiro: esta manhã, a CNN e o Buzzfeed divulgaram um relatório dos serviços secretos americanos que afirma que a Rússia tem informações que podem comprometer o presidente eleito americano, e que os russos estão a apoiá-lo pelo menos há cinco anos, tendo desempenhado um papel fundamental na sua eleição.

 

Depois de ter reagido furiosamente no Twitter, acusando estes órgãos de comunicação de "CAÇA ÀS BRUXAS" (assim mesmo, com maiúsculas) e de acusar os serviços secretos de quererem prejudicá-lo, Donald Trump reiterou que o relatório é falso e não tem qualquer ligação à realidade. "É um disparate" que foi "provavelmente divulgado – quem sabe? – pelos serviços secretos".

 
Trump disse que "é uma vergonha" que os serviços secretos estejam a "passar informações" que são "falsas" e "nunca aconteceram". "É muito triste quando relatórios de serviços secretos saem para a imprensa, eles são secretos", acrescentou.

Questionado sobre se acredita que a Rússia ordenou o ataque informático ao Partido Democrata, Trump admitiu que sim. "Acho que foi a Rússia", mas "também acho que já fomos atacados por outros países", acrescentou, lançando suspeitas sobre a China. "Temos enfrentado muitos ataques informáticos", assumiu o presidente eleito.

Mas Trump também disse que os Democratas têm culpa. "O Comité Nacional Democrata estava totalmente exposto a um ataque, fizeram um trabalho muito mau". Os piratas informáticos também tentaram atacar a base de dados do Partido Republicano. E nessa altura, Reince Priebus, que era na altura o presidente do partido (e será chefe de gabinete de Trump na Casa Branca) encomendou "um sistema de defesa anti-ataque informático" e os piratas "não conseguiram entrar".

Ao longo de toda a conferência de imprensa, Trump tentou desvalorizar o envolvimento da Rússia nos acessos ilegais às bases de dados do Partido Democrata. Aliás, o presidente eleito chegou a dizer que "os ataques são errados e não deviam acontecer", mas "vejam só o que descobrimos por causa deles" - como o facto de Hillary Clinton ter recebido antecipadamente as perguntas para um dos debates presidenciais.

"Se Putin gosta de mim, isso é um trunfo"

Questionado sobre se acredita que Putin tentou ajudá-lo com esses ataques, Trump disse que não há nenhum mal se ambos se derem bem. Pelo contrário. "Se Putin gosta de Trump isso é um trunfo, e não um problema", defendeu. "Eles podem ajudar-nos a lutar contra o Estado Islâmico", exemplificou. "Se Putin gosta de Trump, adivinhem lá [guess what]? Isso é um trunfo".

Trump disse que espera dar-se bem com o presidente russo. Caso isso não aconteça, não há problema. "Acreditam mesmo que Hillary Clinton ia ser mais dura com Putin do que eu? Não brinquem comigo", reagiu o presidente eleito.

Mais à frente no debate, e questionado sobre o que achava deste ataque russo, Trump disse Putin "não devia fazê-lo, não vai fazê-lo" e garantiu que "a Rússia vai ter muito mais respeito pelo nosso país do que tinha até agora". Inicialmente, Trump não respondeu à pergunta sobre se alguém da sua equipa tinha tido contacto com a Rússia. Fê-lo quando estava a entrar no elevador, à saída da conferência de imprensa, avançou a CNN.

Trump comprometeu-se a acabar com os ataques informáticos aos Estados Unidos. "Dentro de 90 dias vamos divulgar um grande relatório sobre como parar este fenómeno porque os EUA são atacados por todos", afirmou.

"Quando viajo digo a toda a gente: tenham cuidado para não aparecerem na televisão"

O presidente eleito acabou por comentar uma das alegações que constam do relatório dos serviços secretos que o acusam de ter contratado prostitutas para um hotel em Moscovo. Essa seria uma das alegadas informações comprometedoras que a Rússia teria de Trump e que estaria a usar para chantagear o presidente eleito. Isto porque as prostitutas - e Trump - terão alegadamente sido filmados enquanto aquelas levavam a cabo um espectáculo de "chuva dourada" - isto é, em que se urinavam. Os russos terão filmado esses actos com câmaras escondidas.

"Quando saio do país, sou uma pessoa muito famosa. Estou rodeado de guarda-costas, de várias pessoas, e estou sempre a dizer-lhes: tenham muito cuidado, onde quer que vocês vão vai haver câmaras. Há câmaras tão pequenas nos quartos que vocês não conseguem vê-las", detalhou Trump. "Digo isto às pessoas a toda a hora", acrescentou. "Digo-lhes: tenham cuidado porque vocês não querem aparecer na televisão".



(Notícia actualizada com mais informação às 17:53. O título foi alterado às 17:32)

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