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Rolls-Royce coopera em investigação brasileira sobre cartel da Petrobras

A Rolls-Royce admitiu que está a cooperar com as autoridades brasileiras na investigação do caso do cartel da Petrobras, conhecido localmente como Petrolão. A empresa do Reino Unido está a ser questionada sobre a sua relação com um gestor envolvido no escândalo da petrolífera brasileira.

Bloomberg
31 de Agosto de 2015 às 11:13
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"Estamos a cooperar com as investigações das autoridades brasileiras, mas não podemos comentar mais nada sobre a investigação em curso", disse um porta-voz da Rolls-Royce, citado pelo The Guardian este domingo, 30 de Agosto.

A primeira relação entre a empresa britânica e o escândalo da Petrobras surgiu em Fevereiro deste ano, depois um ex-executivo da Petrobras ter testemunhado que havia participado em esquemas de suborno que envolviam a Rolls-Royce e a petrolífera brasileira.


Como noticiou o Negócios a 16 de Fevereiro, a acusação partiu de Pedro Barusco, antigo executivo da companhia brasileira, e que é um dos principais informadores da polícia na investigação de corrupção envolvendo a Petrobras, a Operação Lava Jato.


Segundo este, a Rolls-Royce terá pago pelo menos 200 mil dólares (175 mil euros) de forma a conseguir um contrato da petrolífera no valor de 100 milhões de dólares (87,5 milhões de euros).


Além da Rolls Royce, outras companhias estrangeiras também estão a ser investigadas pelas autoridades brasileiras, como a holandesa SBM Offshore que constrói navios de abastecimento de plataformas offshore.


As ramificações deste caso estão também a ser investigadas nos EUA e em Portugal.

A Petrobras pode vir a pagar uma multa recorde nos Estados Unidos para encerrar investigações criminais e civis sobre o esquema de desvio de dinheiros públicos montado na petrolífera.

Já em Portugal, no início de Agosto deste ano, a Procuradoria-Geral da República portuguesa recebeu um pedido da justiça brasileira para ajudar na investigação, após documentos indicarem que o esquema chegou a Portugal, e pode ter atingindo empresas e personalidades nacionais.


A Operação Lava Jato teve início em Março de 2014 e investiga casos de corrupção envolvendo a Petrobras, grandes empresas brasileiras e políticos.


A 24 de Julho de 2015, os presidentes das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez foram acusados formalmente pelo Ministério Público Federal do Brasil, por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.

Ao todo, 22 pessoas foram acusadas formalmente pela Procuradoria brasileira, entre elas supostos operadores dos pagamentos, ex-directores e funcionários da Petrobras, antigos políticos, executivos das construtoras e os presidentes Marcelo Odebrecht, da empresa com o mesmo nome, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez.


A 3 de Agosto, José Dirceu, antigo ministro da Casa Civil do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, foi detido em Brasília. O advogado e figura central do Partido dos Trabalhadores (PT) é agora suspeito de estar envolvido no esquema de corrupção e de financiamento ilegal do partido centrado na Petrobras e noutras empresas públicas.


Na sequência das investigações da Operação Lava Jacto, a 17 de Agosto deste ano, o juiz federal Sergio Moro condenou o ex-director da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró a 12 anos, 3 meses e 10 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.


A 19 de Agosto, a construtora brasileira Camargo Corrêa reconheceu a sua participação num cartel que controlava adjudicações nas obras da petrolífera Petrobras e firmou um acordo, chamado de "termo de compromisso de cessão", que determina que a construtora pague uma multa de 104 milhões de reais (26,8 milhões de euros) e que cada um dos dois executivos envolvidos, Dalton Avancini e Eduardo Leite, paguem 1,1 milhão de reais (293 mil euros).


Este caso está a penalizar fortemente o Governo de Dilma Rouseff e Partido dos Trabalhadores. As investigações do Ministério Público e da Polícia Federal incidem agora o instituto do antigo presidente Lula e sobre o financiamento da campanha presidencial de Dilma que, em cinco meses, enfrentou três  manifestações de protesto. 


Na última manifestação, a 16 de Agosto, verificaram-se protestos em cidades de todos os 25 Estados brasileiros. A maior concentração foi na cidade de São Paulo, onde, segundo a Polícia Militar, 350 mil pessoas participaram no protesto, enquanto o instituto Datafolha calculou que 135 mil pessoas estiveram na avenida Paulista.


Dez dias depois desta manifestação, um magistrado do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil ordenou ao Ministério Público que investigasse uma empresa que recebeu fundos da campanha que conduziu à reeleição da Presidente Dilma Rousseff.


Além do escândalo, a líder do Governo Brasileiro tem ainda em mãos um país com uma economia cambaleante. A economia brasileira contraiu 1,9% no segundo trimestre deste ano, um período em que o investimento decresceu mais de 8%. Na comparação homóloga, a quebra do PIB da maior economia da América latina foi de 2,6%.

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