Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Argentina: Credores reestruturados contra-atacam na justiça para receberem dinheiro

Juiz norte-americano bloqueou o pagamento da Argentina aos seus credores, forçando o incumprimento de Buenos Aires. Mas agora os credores reestruturados querem receber o dinheiro que foi depositado pelo Governo de Cristina Kirchner no Bank of New York Mellon.

26 de Agosto de 2014 às 15:54
  • 5
  • ...

Os credores que aceitaram a reestruturação da dívida argentina passaram ao ataque para receberem o seu dinheiro.

 

Depois das disputas judiciais com os credores que não aceitaram a reestruturação da dívida argentina ("holdouts"), eis que agora os credores reestruturados recorrem também à justiça para serem reembolsados. 

 

Entre os queixosos encontra-se o Quantum Partners de investidor George Soros (na foto) - a 27ª pessoa mais rica do mundo - ou o Hayman Capital Master do empresário Kyle Bass, entre outros.

 

George Soros vai combater agora nos tribunais os "fundos abutre" - como lhes chama Buenos Aires - liderados pelo empresário Paul Singer que forçaram o incumprimento, da Argentina, a segunda em menos de 15 anos.

 

Vários fundos de cobertura de risco ("hedge funds") que detêm 1,3 mil milhões de euros de dívida argentina decidiram processar o Bank of New York Mellon Corp. Foi neste banco que a Argentina depositou o seu dinheiro para pagar aos credores um cupão no valor de 539 milhões de dólares no final de Junho, segundo o Wall Street Journal.

 

No entanto, um juiz norte-americano bloqueou o pagamento deste cupão por considerar que, ao pagar aos credores reestruturados, Buenos Aires também devia pagar aos credores que não aceitaram fazer a reestruturação em 2005 e 2010. Esta decisão forçou a entrada da Argentina em incumprimento de pagamento a 30 de Julho.

 

Tribunal inglês vai agora decidir

 

A queixa foi apresentada em Inglaterra, por a dívida detida por estes fundos estar subordinada à legislação inglesa. Os fundos argumentam assim que o Bank of New York deve proceder ao pagamento de 226 milhões de euros de dívida do dinheiro depositado por este não ser abrangido pela legislação norte-americana. Desta forma, a ordem do juiz norte-americano não abrange este dinheiro, defendem os queixosos.

  

"O fiel depositário não está a agir na sua capacidade oficial de depositário. O pagamento dos nossos juros é governado pela lei britânica, que ainda não se pronunciou. Até haver uma injunção semelhante no Reino Unido, eles devem-nos os nossos juros", disse Kyle Bass à Bloomberg.

 

O banco sinalizou que, apesar do processo, pretende continuar a cumprir a ordem do juiz norte-americano Thomas Griesa. "A acção não tem mérito. O BNY Mellon tem seguido consistentemente as ordens do tribunal que governa as suas acções como fiel depositário", disse à Bloomberg o porta-voz da instituição.

 

George Soros é um investidor de longa data na Argentina, desde 1991. Foi nesse ano que adquiriu a imobiliária pública argentina IRSA Inversiones e Representaciones. O homem que bateu o Banco de Inglaterra em 1992, detêm também 3,5% da petrolífera estatal YPF e 21% da companhia agrícola sul-americana Adecoagro.

 

Além destes fundos, o BNY Mellon também está a ser processado na Bélgica por um grupo de investidores que detêm dívida em legislação europeia. Este grupo ameaça também processar o banco no Reino Unido caso este decida devolver o dinheiro à Argentina.

Ver comentários
Saber mais Argentina default credores dívida soberana Estados Unidos incumprimento Cristina Fernandez Kirchner George Soros Paul Singer
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio