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PS e a taxa da energia: "Não cedemos a lóbi de qualidade nenhuma"
Carlos César recusa que o partido e o Governo tenha cedido ao lóbi da energia na fase final do Orçamento. Numa mini-entrevista à SIC, onde demonstrou dificuldade em explicar o volte-face do seu partido, o líder parlamentar do PS diz que em 2018 o Governo se debruçará sobre as rendas deste sector.
O PS chumbou a taxa sobre as energias renováveis proposta pelo Bloco de Esquerda para que o tema possa ser sujeito a uma "análise cuidada" sobre os seus impactos, justifica Carlos César que, contudo, tem dificuldades em explicar porque é que, antes de a chumbar, o Governo e o Partido Socialista a aprovaram.
Um dia depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2018, o líder parlamentar do PS foi à Sic-Notícias recusar que o PS e o Governo tenham cedido ao lóbi da energia. "Nós não cedemos a lóbi de qualidade nenhuma. O nosso único lóbi é o interesse nacional", referiu o deputado, para acrescentar que, ao longo do próximo ano, "o Governo deve estar obrigado a proceder a uma reflexão sobre o sistema regulatório do sector energético, de forma, por um lado a diminuir estas rendas excessivas, e de forma a por outro lado, diminuir a factura que os portugueses em geral pagam pela electricidade".
Se o polémico episódio "teve essa vantagem" de volta a trazer o tema das rendas excessivas no sector da energia para a ordem do dia, ele continua contudo por explicar.
À SIC-Notícias, Carlos César invocou a necessidade de se salvaguardarem nomeadamente aspectos jurídicos antes de se avançar com medidas desta natureza, até porque os "investimentos foram contratualizados com base numa remuneração mínima" e há que olhar para Espanha, onde há processos judiciais em curso por motivos análogos, que estão a ser perdidos pelo Estado. Tudo isto exige uma "análise cuidada", antes de qualquer decisão.
O que ficou por explicar é o que levou o PS a votar favoravelmente à proposta, para poucas horas depois a avocar, indiciando de imediato que se tinha arrependido do voto.
Carlos César argumentou que "todos os partidos políticos mudaram de posição de voto dezenas de vezes", e "alguns até no espaço de uma hora", e diz que votaram primeiro sim e depois avocaram a proposta "justamente para não prejudicar o processo mas também não prejudicando a nossa reflexão sobre ele". O que o PS fez na sexta-feira foi um "voto condicional", segundo o líder parlamentar do PS.