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Governo dá o dito por não dito e suspende taxa sobre renováveis
Medida aprovada esta tarde pode cair. PS pediu uma nova votação em plenário.
Poucas horas depois de ter aprovado uma nova taxa sobre renováveis, que poderia retirar 250 milhões de euros aos produtores de energia, o PS voltou atrás e pediu a avocação do a proposta, ou seja, uma nova votação da medida, mas agora em plenário (o que só ocorrerá na segunda-feira).
Em causa está uma proposta do Bloco de Esquerda que, tal como o Negócios noticiou esta tarde, foi aprovada na especialidade com os votos favoráveis do PS.
A aprovação desta tarde foi surpreendente, não só porque nunca foi admitida pelas partes nas últimas semanas mas também porque no ano passado o cenário tinha sido recusado pelo PS
Mas, poucas horas depois de ter dado o "sim" ao Bloco de Esquerda, o Governo deu um passo atrás em termos regimentais, pediu uma reapreciação da mesma, o que indicia que se pode ter arrependido do que aprovou (ou, pelo menos, dos termos em que o fez).
A proposta que tinha sido aprovada prevê a introdução de uma nova taxa sobre produtores de energia renovável que estão isentos do pagamento da contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE), com o objectivo de reduzir o défice tarifário.
Ao Negócios, o deputado Jorge Costa, do Bloco de Esquerda explicou que a nova taxa representa uma receita de 250 milhões de euros. "O sobrecusto das renováveis, sem cogeração, tem sido de 900 milhões de euros. Se a taxa é de 30% estamos a falar de cerca de 250 milhões de euros", especificou.
Esta é a segunda vez que o Governo dá o dito pelo não dito na recta final da aprovação do orçamento do Estado. A outra medida prende-se com o tratamento fiscal dos activos por impostos diferidos que, como o negocios avançou, foi retirada para ser novamente apreciada de forma autónoma.
Catarina Martins defende que medida pode baixar preços da electricidade
"O Governo tem ao seu alcance todos os instrumentos para que, no próximo ano, a luz seja mais baixa para todas as famílias e para todas as empresas", referiu, citada pela Lusa. Catarina Martins disse que foi aprovada "uma redução das rendas pagas ao setor energético que é significativa", indicando que a alteração vai "diminuir os sublucros do sector das renováveis, que equivale a 250 milhões de euros".
"Esta medida, juntando-se às medidas de renegociação dos contratos da energia convencional que a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) já disse que têm de ir para frente, pode significar a baixa da fatura energética para todo o país", referiu.
Para a coordenadora do BE, a redução do preço da eletricidade "tem um impacto fortíssimo nas famílias, porque é mais salários e pensão ao fim do mês", assim como nas empresas, porque a energia é "um dos maiores custos de contexto".
(notícia actualizada com declarações de Catarina Martins)