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Troika poderá ficar mais tempo na Grécia

O programa europeu de assistência termina formalmente no fim deste ano. Atenas queria beneficiar de seguida de uma linha cautelar para servir de "seguro" no regresso aos mercados. Mas estando o Orçamento de 2015 ainda em aberto, isso não será possível. Uma extensão técnica do actual programa é a opção mais viável, mas politicamente é também a mais delicada.

Bloomberg
03 de Dezembro de 2014 às 17:16
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A Grécia deverá ter de pedir um prolongamento, por pelo menos mais alguns meses, do programa de assistência financeira da troika que, à partida, deveria ser concluído no fim deste ano na sua parte europeia - os desembolsos do FMI só terminam na Primavera de 2016. A informação está a ser avançada pela Reuters que cita um alto responsável europeu, segundo o qual esta "extensão técnica" é a única forma suficientemente expedita para assegurar que, a partir de Janeiro de 2015, a Grécia não corre o risco de ficar sem "rede" de financiamento.

 

Atenas pretende negociar um programa cautelar para servir de "seguro" no regresso aos mercados financeiros, mas esse processo está atrasado, até porque o próprio Orçamento do Estado para 2015 continua em aberto, o que significa que permanece também em aberto a transferência da última fatia do resgate, de 1,8 mil milhões de euros.

 

Segundo o responsável citado pela Reuters, o ideal é que a Grécia requeira ao mesmo tempo a extensão do actual programa e uma nova linha de crédito, cautelar, sendo, contudo, improvável que o faça na reunião dos ministros europeus das Finanças, que terá lugar em Bruxelas na segunda-feira, 8 de Dezembro.

 

"O objectivo é que a última tranche seja libertada em 31 de Dezembro. Mas se por questões técnicas alguns procedimentos ainda não estiverem finalizados nessa data, poderá haver um prolongamento, mas não um novo resgate", antecipara, já em 28 de Novembro, o vice-primeiro-ministro Evangelos Venizelos.

 

Quanto ao programa cautelar, especula-se que este possa ser financiado pela parcela da linha da troika destinada ao sector financeiro grego e que ainda não foi usada, que deverá ascenderá neste momento a cerca de 11,3 mil milhões de euros.

 

Desde 2010, a Grécia recebeu duas linhas de financiamento asseguradas pelo FMI e pela União Europeia, no total de 240 mil milhões de euros. Pelo meio, beneficiou do perdão de mais de metade da dívida pública que estava em mãos de privados, essencialmente bancos e fundos de investimento.

 

À frente de uma coligação frágil e enfrentando uma oposição cada vez mais robusta, o governo de Antonis Samaras assumiu como compromisso o regresso aos mercados financeiros a partir do início do próximo ano. Mas a troika teme que Atenas esteja a subavaliar os riscos e as necessidades de financiamento para 2015. As negociações em torno da proposta de Orçamento arrastam-se, por isso, há já longas semanas.

 

A troika diz ter identificado um "buraco" de 2,6 mil milhões de euros no OE grego, chamando a atenção para o prenúncio de uma ampla derrapagem orçamental que, a verificar-se, poderá voltar a incendiar os mercados e atirar o país para um novo pedido de assistência, com consequências difíceis de antecipar para o resto dos países do euro.

 

Ao longo dos últimos dias, o Governo grego deu sinais de estar disposto a fazer algumas mexidas, designadamente aumentar o IVA da hotelaria de 6,5% para 13% e manter as pensões congeladas, o que poderia fazer poupar 980 milhões de euros ao Orçamento. Mas falta mais do dobro para cobrir o "buraco" apontado pela troika.

 

O primeiro-ministro Samaras descartou nesta quarta-feira tomar mais medidas. "A Grécia já fez muito", afirmou Samaras, citado pela Reuters. "À medida que negociamos a nossa versão final, várias condições foram apresentadas, incluindo aumento de impostos e cortes de rendimentos, mas rejeitamo-las". Samaras quer que os credores internacionais lhe dêem o benefício da dúvida, e promete estar preparado para avançar com medidas adicionais caso, na Primavera, se pressinta que as estimativas do Executivo estão, de facto, erradas.

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