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Varoufakis: Merkel pode contar com o Syriza para "limpar os cartéis e oligarquias da Grécia"

O novo Governo grego vai dizer a Berlim que quer fazer "reformas profundas do Estado". E que não está disposto a abrir mão das suas exigências para acabar com a austeridade: "Isso não é negociável." Ao mesmo tempo, diz que a Grécia precisa de ir aos mercados para ter dinheiro até Junho.

Reuters
04 de Fevereiro de 2015 às 09:41
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O ministro das Finanças grego vai reunir-se com o ministro das Finanças alemão na quinta-feira. E leva na sua pasta para Berlim várias garantias, e também recados, para Wolfgang Schäuble e a Alemanha.

 

"Vou tentar ser tão charmoso como puder em Berlim. Vou dizer ao senhor Schäuble que podemos ser um partido de esquerda, mas ele pode contar com o Syriza para limpar os cartéis e oligarquias da Grécia e para avançar com as reformas profundas do Estado grego que os governos antes de nós recusaram fazer", disse Yanis Varoufakis esta quarta-feira, 4 de Fevereiro, em entrevista ao jornal britânico Telegraph.

 

Além das reformas, Varoufakis também vai transmitir ao ministro de Angela Merkel que a Grécia não está disposta a manter a austeridade orçamental. "Também lhe vou dizer que vamos acabar com a espiral de dívida e de deflação e fazer o que deveríamos ter feito há cinco anos. Isso não é negociável. Temos um mandato democrático para desafiar toda a filosofia de austeridade".

 

Sobre o plano grego para ir aos mercados buscar mais dinheiro, sujeito à autorização de Bruxelas, Varoufakis disse que a Grécia "precisa de espaço orçamental até Junho para desenhar um plano".

 

O Financial Times avançou que a Grécia pretendia ir buscar 10 mil milhões de euros aos mercados, mas Varoufakis diz que o valor é inferior. Além de luz verde de Bruxelas, a operação precisa do aval dos restantes membros da troika - o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE). Este vai ser um dos temas da reunião desta quarta-feira entre Varoufakis e Mario Draghi em Frankfurt.

 

Também abordou a sua proposta para trocar as obrigações detidas pelo BCE por títulos perpétuos, sem prazo de reembolso definido, e explicou a sua intenção.

 

"Todos sabem que somos insolventes. Qual é sentido de nós pedirmos emprestado outros sete mil milhões de euros para pagar ao BCE - que comprou as obrigações dos bancos do Norte da Europa para os ajudar, não à Grécia - quando o BCE está prestes a criar biliões de euros de novo dinheiro? É claramente absurdo", disse.

 

"Então porque é que não estacionamos as obrigações no balanço do BCE. O que eu não vou fazer é pedir mais dinheiro emprestado aos meus parceiros em Itália, França ou Eslováquia", garantiu na entrevista.

 

Também falou sobre a possibilidade do BCE deixar de aceitar obrigações gregas como garantia para ceder liquidez aos bancos helénicos, caso a Grécia não chegue a acordo com os parceiros europeus para alargar a extensão do programa de ajustamento para lá de 28 de Fevereiro.

 

"Essas ameaças são perfeitamente ilegítimas. Eles estão a tentar asfixiar-nos com prazos arbitrários", afirmou.

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