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"Nem o Syriza vai poder ter aquilo que quer nem a Europa pode continuar numa ortodoxia austeritária", diz Teixeira dos Santos

O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos considera que a Europa está a dar sinais de que é precisa uma mudança, já que o "ajustamento austeritário" que se tem vindo a impor não deu resultado. Exemplo disso é a Grécia. Mas o Syriza de Alexis Tsipras não terá tudo o que pretende.

03 de Fevereiro de 2015 às 22:54
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Fernando Teixeira dos Santos sublinhou esta noite, em entrevista à RTP, que se vive neste momento uma fase de mudança na Europa "que tem a ver com a constatação de que o ajustamento austeritário que se tem vindo a impor não deu resultado". E dá como exemplo, a recessão e o aumento do desemprego.

 

"Como não deu resultado, a Europa está a mudar. Mario Draghi [presidente do Banco Central Europeu] já alertou para isso no Verão passado, ao dizer que o que o BCE faz não basta e que os governos têm também de avançar com medidas", afirmou o antigo ministro das Finanças.

 

Para Teixeira dos Santos, "há aqui uma mudança que se começou a sentir com a mudança na presidência da Comissão Europeia, com Jean-Claude Juncker a querer dinamizar o crescimento das economias".

 

E "é neste quadro que temos de enquadrar o que está a acontecer na Grécia em especial. Foi o país mais vitimado [dos que beneficiaram programas de ajustamento] por esta política europeia de austeridade, com 27% de desemprego e uma quebra da produção em 25%. Isto não pode ser ignorado. E é neste quadro que a Europa está a dar sinais de que é preciso uma mudança", acrescentou.

 

Na sua opinião, "vai ter de haver bom senso de parte a parte". "Nem o Syriza vai poder ter aquilo que quer nem a Europa pode continuar numa ortodoxia austeritária como tem vindo a fazer".

 

Sobre se Portugal deve ir no encalce de Atenas relativamente ao pedido de indexamento do pagamento da dívida ao seu crescimento económico, o ex-governante considera que, se essa solução for adoptada na Grécia, "isso será benéfico para Portugal". No entanto, lembra, o problema da dívida não é só da Grécia ou de Portugal. "É também um problema espanhol, belga, irlandês… é um problema da área do euro".

 

Questionado por Fátima Campos Ferreira sobre se o governo português tem feito bem em olhar de soslaio para a Grécia e não afinar pelo mesmo diapasão, Teixeira dos Santos sublinhou que o actual Executivo "está a fazer o que sempre fez", "alinhou sempre muito pela orientação de política que a Europa tem vindo a defender, muito sob a égide da Alemanha".

 

"O governo mantém, nesse sentido, a coerência com aquilo que foi a sua postura e a sua política. Não me parece contudo que seja um governo capaz de gerir uma mudança", rematou.

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