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Tsipras confirma que Governo tinha planos de contingência para um 'Grexit'

O primeiro-ministro explicou, no Parlamento, que o Governo nunca teve o objectivo de sair do euro. O que tinha eram planos de emergência para o caso de o país ser forçado a abandonar a união monetária. Tsipras defendeu Varoufakis, garantindo que não havia nenhum "plano secreto e satânico" para atirar Atenas para o precipício.

Reuters
31 de Julho de 2015 às 10:50
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O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, negou esta sexta-feira, 31 de Julho, que o seu Governo tivesse um "plano secreto" para retirar a Grécia do euro. Em vez disso, o que o Executivo de Atenas tinha eram planos de contingência para o caso de o país ser forçado a abandonar a união monetária, algo que Tsipras considera ser uma "obrigação de um Governo responsável".

"Não projectámos nem tínhamos um plano para tirar o país do euro, mas tivemos planos de emergência. Se os nossos parceiros e credores tinham preparado um plano de Grexit, não deveríamos nós, como Governo, ter preparado a nossa defesa?", afirmou Alexis Tsipras, no Parlamento.

O chefe do Governo de Atenas não se referiu directamente à divulgação dos alegados planos secretos de Varoufakis para piratear o software do seu ministério, mas disse que a ideia de criar uma base de dados que desse ‘passwords’ aos cidadãos gregos para liquidarem pagamentos não era "um plano secreto e satânico para retirar o país do euro".

Alexis Tsipras também defendeu o seu ex-ministro das Finanças, que continua a dar dores de cabeça ao Governo, mesmo depois de ter abandonado o cargo.

"O senhor Varoufakis pode ter cometido erros, como todos nós cometemos. Podem culpá-lo tanto quanto quiserem pelo seu plano político, pelas suas declarações, pelo seu gosto para camisas, pelas férias em Aegina…Mas não se pode acusá-lo de roubar o dinheiro do povo grego ou de ter um plano secreto para atirar a Grécia para o precipício", afirmou Tsipras. 


O primeiro-ministro grego foi confrontado e questionado, esta manhã, sobre os alegados planos secretos do antigo ministro das Finanças Yanis Varoufakis para preparar o país para uma eventual saída do euro.


Alexis Tsipras admitiu ter dado luz verde a Varoufakis para desenhar planos de contingência para um Grexit, salientando, contudo, que esse nunca foi o seu objectivo nem sequer o seu cenário-base.

No passado domingo, o jornal grego Kathimerini divulgou partes de uma conversa que Yanis Varoufakis manteve com investidores, por teleconferência, e na qual confessou ter preparado um plano B para Atenas.


Varoufakis contou que, em Dezembro, teve autorização de Alexis Tsipras para montar secretamente um sistema de pagamentos paralelo que permitisse o regresso, se necessário, ao dracma e que, para esse efeito, colocou na Autoridade Tributária grega um "amigo de infância" que estudara na Universidade da Columbia, para aceder às contas dos contribuintes.


"Estávamos a tentar criar, sub-repticiamente, contas-reserva associadas a cada número de contribuinte sem dizer nada a ninguém", revelou o antigo ministro nessa conversa a 16 de Julho, quando já não estava no cargo.

 

Depois de o Kathimerini ter revelado excertos da conversa, o "Official Monetary and Financial Institutions Forum", que organizou a teleconferência, tornou público o teor da conversa com a autorização do antigo ministro.

 

A revelação já levou o Supremo Tribunal da Grécia a enviar ao Parlamento um pedido para que avalie e decida sobre o levantamento da imunidade de Yanis Varoufakis, agora deputado, na sequência de duas queixas particulares por "traição" e "gestão danosa" entregues na Procuradoria-geral em 7 e em 23 de Julho.

 

As queixas são de Apostolos Gletsos, "mayor" da cidade de Stylida e líder de um pequeno partido sem representação parlamentar, o Teleia, e de Panayiotis Giannopoulos, advogado ateniense. Ambos acusam o ex-ministro das Finanças de ser o responsável pelo quase colapso da Grécia, cifrando em 11 mil milhões e em 20,8 mil milhões de euros, respectivamente, os danos infligidos aos contribuintes gregos nos cinco meses em que esteve à frente das Finanças. Cabe ao Parlamento decidir se a imunidade deve ser levantada para que a responsabilidade do ex-ministro possa ser julgada.

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