O ex-ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis disse, a um jornal espanhol, que Espanha corre o risco de "se transformar numa Grécia" "se se continuarem a repetir os mesmos erros que foram impostos" ao seu país.

"Os espanhóis têm de olhar para a sua situação económica e social e ver o que o seu país necessita, independentemente do que se passa na Grécia ou onde quer que seja. Perigo de se tornar numa Grécia há sempre e tornar-se-á uma realidade se se repetirem os mesmos erros que impuseram na Grécia", adiantou.

"Castigar o orgulho de um país para atemorizar outros não é a ideia da Europa pela qual lutaram Felipe González, Valéry Giscard d'Estaing ou Helmut Schmidt. Temos de recuperar o significado de ser europeu, encontrar formas para recriar o sonho de combinar prosperidade com democracia".

Em entrevista publicada na edição deste domingo, 2 de Agosto, do diário espanhol El País, Varoufakis considera que o terceiro resgate à Grécia "está desenhado para fracassar" e que o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, "nunca esteve interessado em chegar a um acordo que possa funcionar", senão em "redesenhar a zona euro", e acrescenta que parte desse plano é "a saída da Grécia" da mesma. E acrescenta: "penso estar enganado, mas tem muito poder". 

Na sua opinião, "o 'Grexit' vai ser usado para criar o medo necessário em Madrid, Roma e Paris" e "o plano de Schäuble é impor a 'troika' em todo o lado". "Em Madrid e em Roma, mas especialmente em Paris".

Para o antigo ministro helénico, "o que aconteceu na Grécia é um golpe de Estado: a asfixia de um país através de restrições de liquidez". "Em Bruxelas nunca houve interesse em oferecer um acordo mutuamente benéfico. As ajudas não chagavam. E tínhamos pela frente pagamentos ao FMI e ao BCE e no final ficámos sem dinheiro. Chegou o ultimato e fomosnego obrigados a encerrar os bancos", conta Varoufakis, acrescentando: "O resultado é o mesmo que ter derrotado um governo ou tê-lo forçado a derrotar-se a si próprio".

Varoufakis envia ainda um recado: a todos os que disseram que fracassámos, digo-lhe que conseguimos abrir o debate não apenas sobre a Grécia, mas também sobre a Europa, que vale o seu peso em ouro". O euro, acrescenta, "estava mal desenhado".

O ex-ministro helénico volta a reafirmar que existia um Plano X, para "responder aos actos de agressão do BCE, do Eurogrupo e demais instituições". Mas isso, diz, "já é história".