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Comité central do Syriza aprova realização de congresso do partido em Setembro

O comité central do Syriza, partido no poder na Grécia, votou na quinta-feira a favor da realização de um congresso extraordinário, em Setembro, para definir uma posição comum em relação ao acordo com os credores.

23 de Maio – Tsipras na comissão central do Syriza

“Não vamos aceitar condições humilhantes nesta negociação. A grande maioria social não pode pagar novos ajustes”.
Bloomberg
31 de Julho de 2015 às 01:38
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Segundo fontes próximas do partido, a proposta foi apresentada pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, que também dirige o partido de esquerda radical.

 

A proposta terá sido feita na abertura da reunião do comité central, na quinta-feira de manhã, durante a qual alguns membros se manifestaram contra o acordo assinado pelo Governo no passado dia 13 com os credores relativo a um novo empréstimo à Grécia em troca de medidas de austeridade.

 

A proposta de realização de um congresso em Setembro foi debatida durante mais de 12 horas e mostrou a profunda divisão que existe no partido.

 

A realização do congresso em Setembro, depois das negociações com os credores, foi aprovada por uma maioria clara de 200 membros do comité central.

 

Uma minoria apoiou a proposta da corrente mais radical, a Plataforma de Esquerda, que pediu a realização imediata de um congresso para decidir se o governo deve continuar as negociações com os credores ou suspendê-las.

 

Desde que o Governo grego acordou com os seus credores internacionais um novo pacote de medidas a implementar, em troca de um terceiro programa de resgate, as sensibilidades do Syriza têm feito sentir-se mais visivelmente.

 

Para aprovar esses pacotes de medidas, Tsipras precisou dos votos da oposição (Nova Democracia, Pasok e To Potami), uma vez que na votação do primeiro pacote viu 39 deputados do Syriza votarem contra ou absterem-se, enquanto no segundo pacote esse número acabou por registar uma ligeira redução para 36 parlamentares. 

Tsakalotos reúne-se com chefes de missão dos credores

 

Entretanto, o ministro grego das Finanças, Euclide Tsakalotos, vai reunir-se esta sexta-feira com os chefes de missão dos credores, no âmbito das negociações para um novo empréstimo ao país, anunciou hoje fonte do Ministério das Finanças.

 

Este será o primeiro encontro entre o ministro grego e Declan Costello, delegado da Comissão Europeia, Rasmus Ruffer, do Banco Central Europeu (BCE), Nicola Giammarioli, do Mecanismo Europeu de Estabilidade e Delia Velculescu, do Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

Os representantes dos credores vão também reunir-se com o ministro da Economia grego, Georges Stathakis. As equipas técnicas das instituições credoras da Grécia chegaram a Atenas no início da semana e já se encontraram nos últimos dias com responsáveis gregos.

 

As reuniões decorreram em "bom ambiente", disse uma fonte do Ministério das Finanças grego, citada pela Lusa.

 

No entanto, recorde-se que esta quinta-feira um alto responsável do FMI disse que a instituição não vai participar no programa de assistência financeira à Grécia enquanto Atenas não aceitar reformas completas e os europeus não aceitarem um alívio da dívida grega.

 

"O FMI só participará quando estas duas condições forem cumpridas", disse o responsável aos jornalistas, indicando que o processo poderá demorar meses.

 

O Ministério das Finanças grego referiu que "a posição do FMI sobre a viabilidade da dívida grega não é nova". Christine Lagarde, directora-geral da instituição, "fez várias declarações sobre essa questão", acrescentou a fonte ministerial. 

Crise na coligação

No dia 10 de Julho, sexta-feira, apenas 145 dos 162 deputados da bancada do governo helénico [Syriza e o partido júnior da coligação, o Anel] deram luz verde a Alexis Tsipras para negociar em Bruxelas: oito abstiveram-se (nomeadamente o então ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do parlamento grego, Zoe Konstantopoulou), dois votaram contra e sete não estiveram presentes (entre os quais o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que alegou questões familiares).

 

Nos termos da legislação parlamentar grega, os sete ausentes não são contabilizados como dissidentes, mas, para efeitos de contagem, Alexis Tsipras perdeu 17 membros da sua coligação. Tsipras precisou assim da oposição para conseguir os 151 votos necessários num total de 300 assentos no parlamento.

 

A 15 de Julho, quarta-feira, numa nova votação crucial no parlamento, onde foram colocadas à aprovação dos deputados as primeiras medidas de austeridade acordadas entre Alexis Tsipras e a troika, o primeiro-ministro teve o apoio de apenas 123 dos 162 deputados da coligação governamental.

 

Ou seja, em menos de uma semana, os seus "rebeldes" passaram de 17 para 39. Nesta votação, Varoufakis esteve presente e votou contra. E, uma vez mais, Tsipras precisou da oposição para conseguir levar adiante aquilo a que se comprometeu com os credores de Atenas no sentido de manter o país no euro.

 

As consequências políticas fizeram-se sentir dois dias depois. A 17 de Julho, Tsipras remodelou o seu Governo.

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