Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

“Não é por falta de solidariedade” que não se chega a acordo com a Grécia, diz Passos Coelho

Passos Coelho reforçou que a sua expectativa é que a Grécia chegue a acordo com os credores, mas salientou a necessidade de sejam cumpridas “as regras que todos temos de observar”. O primeiro-ministro salientou a excepcionalidade da situação grega e a solidariedade dos credores europeus.

22 de Junho de 2015 às 15:07
  • 27
  • ...

"Esperamos que seja possível encontrar uma solução que funcione para a Grécia e para toda a zona euro", disse Passos Coelho, minutos depois de se recusar a comentar as recentes propostas gregas, das quais, diz, ainda não tem conhecimento.

A questão grega dominou as declarações de Passos Coelho e Mariano Rajoy no final da Cimeira Luso-Espanhola, que teve lugar esta segunda-feira, 22 de Junho, na Galiza.

"Sabemos que há um quadro de compromissos por parte da Grécia e uma dificuldade em honrar esses compromissos", disse o primeiro-ministro, salientando que "a União Europeia e a Zona Euro têm mostrado muita flexibilidade a tratar da questão grega".

"Portugal, tal como Espanha, viram o BCE, em 2010 e 2011, a adquirir títulos de divida pública em mercado secundário e ambos têm vindo a amortizar esses títulos de dívida. O BCE não nos devolveu nenhum ganho que pudesse ter realizado com qualquer dessas operações financeiras", exemplificou Passos Coelho, referindo-se às condições excepcionais concedidas ao Governo grego. O primeiro-ministro recordou ainda a reestruturação da dívida grega, uma medida da qual Portugal não beneficiou.

"Creio que não é por falta de solidariedade que até hoje não foi possível alcançar, infelizmente, uma solução para a Grécia", referiu, acrescentando que espera que "as regras que todos temos de observar possam ser cumpridas".

Mariano Rajoy, por seu turno, alertou que "o atraso destas negociações está a prejudicar os cidadãos gregos e a economia grega".

"Não chegar a um acordo seria muito mau para o povo grego, e a Espanha foi e será solidária com o povo grego. Diálogo sim, mas cumprimento das regras e dos compromissos também", defendeu o primeiro-ministro espanhol, acrescentando que "também é muito importante que o governo grego seja consciente do esforço que fazem os outros cidadão da União Europeia".

Quando questionado sobre o impacto de um eventual incumprimento grego, Passos Coelho ressalva que a Europa está melhor preparada para enfrentar as possíveis repercussões.

"Não tememos de uma forma equivalente à de 2010 qualquer contágio de natureza financeira. O contágio que pode existir é de matéria política, na medida em que um pais decide estar ou não no euro na medida das suas avaliações nacionais", o que, sustenta, pode "minar a confiança para prosseguir o projecto europeu".

Assim, defende o primeiro-ministro, é preciso encontrar respostas que permitam completar a arquitectura europeia no que concerne a união monetária e financeira.

"A Europa não está na mesma posição que estava em 2010, felizmente. Ainda não completámos a arquitectura monetária e económica do espaço europeu, e, por essa razão, o debate que devíamos iniciar no final desta semana terá de encontrar um conjunto de respostas que nos permitam completar esse edifício institucional", completou.

Passos Coelho não deixou de referir que desde 2010 "muita gente fez o seu trabalho de casa", com ou sem a ajuda dos credores europeus, e sustentado num sentimento de "responsabilidade nacional", fundamental para a construção europeia.

O documento a ser discutido no Eurogrupo de hoje, que visa o reforço da união monetária,  aos olhos de Passos Coelho, "fica um pouco aquém das necessidades que estão bem patentes".

"Defendo a criação do fundo monetário europeu", salientou o primeiro-ministro, uma medida que poderia ser uma alternativa ao FMI e dotar a Europa de novos instrumentos de combate à crise. Passos Coelho destacou ainda a importância da garantia bancária de depósitos e de um "mecanismo europeu de insolvência que tornasse mais difícil a fragmentação financeira, e dessem às pequenas e médias empresas melhores condições de concorrer com empresas de outros países". Por fim, salientou a necessidade de incluir mecanismos provisórios de resposta à crise de forma perene na Europa de amanhã, como o mecanismo europeu de estabilidade e o tratado orçamental.

Ver comentários
Saber mais Passos Coelho Portugal Espanha BCE Europa FMI Grécia Galiza Cimeira Luso-Europeia
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio