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Grécia: FMI declara atraso no pagamento do empréstimo

Tal como era esperado, a Grécia não cumpriu o pagamento de quase 1,6 mil milhões de euros ao FMI. O Fundo comunicou que o pagamento estava "em atraso" e confirmou o pedido de adiamento do reembolso por parte do governo grego.

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Reuters
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O FMI comunicou que a Grécia está atrasada no pagamento do empréstimo que se vencia esta terça-feira. O comunicado do Fundo revela ainda que o Governo de Atenas solicitou o adiamento da amortização do empréstimo.

"A Grécia está em atraso e poderá apenas receber financiamento do FMI" depois de ter feito o devido reembolso, afirma o Fundo num comunicado divulgado pouco depois das 23h de Lisboa.

 

A instituição confirmou ainda ter recebido, da parte das autoridades gregas, "um pedido de adiamento do reembolso" de quase 1,6 mil milhões de euros que estava agendado para esta terça-feira. O "atraso" do reembolso e a solicitação do adiamento vão agora ser comunicados ao Conselho de Administração do FMI.

Ao declarar que a Grécia está "atrasada" e não em "incumprimento", o Fundo cria margem para continuar a negociar com as autoridades gregas, o que é reforçado pelo pedido do Governo de Atenas de solicitar ao FMI mais tempo para amortizar o empréstimo.

 

A decisão da instituição liderada por Christine Lagarde colocou assim de parte o pior cenário, o de incumprimento. Caso fosse desde já decretado um incumprimento, como a líder do FMI chegou a admitir na semana passada, poderiam desencadear-se um conjunto de efeitos em cadeia com os outros credores a solicitarem pagamentos antecipados e o BCE a pedir mais garantias para os créditos que tem sobre a Grécia. 

Se o FMI tivesse decretado desde já o "incumprimento" da Grécia, podia estar gerado um "evento de crédito" que desencadeia vários efeitos dominó. Os fundos especulativos, conhecidos como "abutres", solicitariam de imediato o pagamento antecipado. O Banco Central Europeu poderia ter de elevar o "hair cut" à dívida helénica e teria de exigir garantias adicionais, não se sabendo se a Grécia as tem. Também os países que emprestaram dinheiro à Grécia, ao abrigo do primeiro memorando, poderiam desde logo solicitar o pagamento antecipado.

Este atraso significa que há uma falta de pagamento mas, ao mesmo tempo, toma em linha de conta o pedido de adiamento do reembolso solicitado esta terça-feira ao FMI pelo governo grego. Pedido feito já depois de Atenas ter também solicitado nesta terça-feira, durante a tarde, junto do Eurogrupo, o prolongamento do programa grego que expirou hoje. Término do programa que foi confirmado, esta terça-feira, pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

No entanto, apesar de terem aceitado discutir um eventual terceiro resgate à Grécia, os ministros das Finanças recusaram, não apenas prolongar o programa, mas também reestruturar a dívida da Grécia perante o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Este segundo memorando já havia sido prolongado por duas vezes, a primeira das quais, ainda em Dezembro, por um período de dois meses, e a segunda, já em Fevereiro, pelo período de quatro meses que terminou, precisamente, esta terça-feira.


Foi já depois desta decisão do Eurogrupo que, também esta terça-feira, 30 de Junho, as autoridades helénicas avançaram, junto do FMI, com um novo pedido de adiamento para Novembro da devolução dos quase 1,6 mil milhões de euros devidos este mês à instituição liderada por Christine Lagarde. Pedido que foi recusado.

Inicialmente era suposto que a Grécia pagasse quatro parcelas ao longo do presente mês de Junho – 310,7 milhões de euros no dia 5; 349,5 milhões no dia 12; 582,5 milhões a 16 de Junho; e, por fim, novamente 349,5 milhões de euros no dia 19.

Depois de em Maio as autoridades gregas terem recorrido às reservas de emergência que os Estados-membros têm depositadas no Fundo, para assegurar o reembolso dos 750 milhões de euros agendados para esse mês, tornou-se cada vez mais provável que a Grécia não iria ter a liquidez necessária para cumprir as obrigações previstas para Junho, a menos que Atenas e as instituições credoras chegassem a acordo. Impossibilidade que foi confirmada esta terça-feira pelo ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis.

A Grécia juntou-se assim a três outros países que também têm pagamentos em "atraso" ao FMI: Zimbabué, Somália e Sudão.

(Notícia actualizada às 00h55)
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