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Fitch: Há "incentivos suficientemente fortes" para um acordo entre a Grécia e os credores
A agência de rating avisa que os credores não estão dispostos a abrir uma excepção para a Grécia, mas está convicta de que é possível um desfecho positivo. Ao mesmo tempo, considera que um perdão parcial da dívida grega é "pouco provável" neste momento.
As negociações entre Atenas e os parceiros europeus vão ser duras, avisa a Fitch. A relutância dos credores em abrir uma excepção para a Grécia, em relação às exigências para emprestar mais dinheiro, vão marcar as conversações.
"Os credores oficiais vão estar relutantes em estabelecer um precedente para países que recebem financiamento sem o que consideram ser condições apropriadas", diz a agência de notação financeira numa nota divulgada esta quarta-feira, 18 de Fevereiro.
"Pensamos que o ónus vai estar no lado do Governo grego em se comprometer", sublinha.
Mesmo assim, a Fitch acredita que "os incentivos para alcançar um acordo são suficientemente fortes", mas avisa que os riscos aumentaram para ambos os lados.
Sobre o possível pedido de extensão do financiamento, "permanece pouco claro" se a Grécia vai conseguir chegar a acordo com os parceiros europeus após o Eurogrupo de segunda-feira ter terminado sem acordo.
O impasse actual provocou um aumento dos riscos para o perfil de crédito da Grécia, diz a agência que sublinha que deverá "voltar a reduzir" a sua previsão para o crescimento real do PIB este ano, para "reflectir o risco da Grécia voltar a entrar em recessão. Actualmente, a previsão está nos 1,5%.
Neste momento, a agência de notação financeira considera que ainda é "pouco claro" o impacto que este impasse poderá ter nas finanças gregas. Mas aponta que a "incerteza resultante está a amplificar os danos económicos causados pela quebra de confiança".
Um cenário de renegociação do valor nominal da dívida, é "pouco provável" neste momento, diz a agência. Mas a acontecer um perdão parcial da dívida por parte dos investidores oficiais, o rating grego não seria afectado da mesma forma como em 2012 quando teve lugar o "haircut" para os investidores privados.
A Fitch diz que as negociações estão actualmente em estado de "brinkmanship". Isto é, estão a ser levadas ao limite por ambos os lados de forma a alcançarem os resultados desejados.
A continuação do impasse vai provocar o atraso no desembolso de fundos, 7,2 mil milhões de euros, por parte dos parceiros europeus.
Este impasse está a causar "danos" na "confiança dos investidores, consumidores e depositantes", aumentando assim os riscos para "o crescimento e incipiente recuperação económica".
"Pode levar tempo a recuperar mesmo se um acordo com os credores oficiais for alcançado nos próximos dias ou semanas", alerta.
Olhando para a actual fuga de depósitos, a Fitch compara a situação com a instabilidade política vivida no país em 2012 quando "30% da fuga de depósitos nos bancos gregos em Maio e Junho não foram recuperados no segundo semestre, mesmo quando recuaram os receios sobre uma saída da Grécia da Zona Euro".
A incerteza em redor do futuro da Grécia levou a Fitch a colocar quatro bancos gregos sob "vigilância com perspectiva negativa" a 10 de Fevereiro. A agência justificou a sua decisão com as dificeis negociações que a Grécia tinha pela frente, o que iria provocar um aumento da fuga de depósitos que poderiam levar a controlos de capital, particularmente se o acesso ao financiamento de emergência fosse restringido pelo BCE.