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Atenas adia pedido de mais apoio financeiro da Europa

Uma fonte oficial do governo grego havia confirmado esta manhã que o pedido de extensão dos empréstimos europeus seguiria hoje para Bruxelas. Pouco depois, uma também fonte oficial refere agora que esse pedido só amanhã deverá sair de Atenas. BCE decide hoje se dá mais liquidez aos bancos.

Reuters
18 de Fevereiro de 2015 às 13:29
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As informações que chegam da capital grega continuam a ser pouco consistentes. Uma fonte oficial do governo grego havia confirmado esta manhã a informação que Atenas pusera a circular ontem à tarde, segundo a qual o pedido de extensão dos empréstimos europeus seguiria hoje para Bruxelas. Mas, de acordo com uma "fonte anónima oficial" referida pelas agências noticiosas internacionais, afinal esse pedido só amanhã deverá sair de Atenas.

 

O Eurogrupo sinalizou na segunda-feira que está disponível para voltar a reunir-se nesta sexta-feira, se até lá o Governo grego decidir pedir a extensão do programa de assistência financeira que, à partida, expira no fim deste mês. A oferta europeia que está sobre a mesa é a mesma que havia sido feita ao anterior Executivo de Antonis Samaras: prolongar o programa por mais seis meses, findos os quais se voltará a analisar a situação grega e a sua capacidade de se financiar de forma autónoma, dispensando o apoio da comunidade internacional que está a financiar o país desde 2010.

 

As informações que chegam de Atenas sugerem que Estado e bancos estarão praticamente sem fundos, o que pode originar atrasos no pagamento de salários aos funcionários públicos e racionamento nos levantamentos de numerário.

 

À espera da decisão do BCE

 

Entretanto é esperada hoje a decisão do BCE sobre um eventual alargamento da oferta de liquidez. A expectativa é que o banco central volte a aumentar o limite da linha de emergência (ELA, na sigla em inglês) que tem garantido liquidez aos bancos do país, não obstante ser esperada a resistência do governador do banco central alemão e de "outros", segundo refere a Reuters. A linha de emergência é autorizada pelo BCE e gerida pelo Banco central da Grécia, e só pode ser concedida a bancos considerados solventes. Quatro dos maiores bancos gregos são parcialmente detidos pelo Estado grego (à beira da insolvência), estando agora sob supervisão directa do BCE no âmbito da União Bancária.

 

Depois de ter sido aumentado em cinco mil milhões de euros na semana passada, o actual tecto da ELA para a Grécia está fixado em 65 mil milhões de euros e terá sido praticamente esgotado. Segundo a Bloomberg, a sangria de depósitos disparou nas últimas semanas e os bancos gregos estão a ficar sem liquidez. Só em Janeiro e no princípio de Fevereiro terão desaparecido 15 mil milhões de euros em depósitos do sistema bancário grego, o equivalente a 9,3% do valor dos depósitos no final de 2014.

 

Por outro lado, dados ontem divulgados pelo Banco da Grécia sugerem que os cofres do Estado estarão também já no vermelho. No fim de Janeiro, as contas públicas fecharam com um défice primário (excluindo juros) de 149 milhões de euros, o que compara com um excedente de 812 milhões de euros no mesmo mês de 2014. Muitos gregos não pagam impostos quando há eleições, e essa pode ser uma explicação para o rombo nas contas, já que foram as receitas fiscais que caíram a pique: em Janeiro, entraram 3,13 mil milhões de euros de receitas,  contra 4,46 mil milhões em igual mês do ano passado. Já as despesas do Estado reduziram-se para 3,2 mil milhões de euros, face a 3,6 mil milhões em Janeiro de 2014.

 

Vários responsáveis europeus têm repetidamente frisado não há empréstimos sem condições. O que há é abertura para rever essas condições, de modo a acomodar parte do programa eleitoral do novo governo liderado pelo Syriza. Ontem o Eurogrupo reiterou que existe sempre "alguma flexibilidade" para mexer em metas e medidas dos programas dos países resgatados, que foram várias vezes alteradas em vários países durante a sua vigência, inclusive na Grécia. O ministro Yanis Varoufakis disse ontem não lhe ser possível perceber o que quer dizer "alguma flexibilidade", enquanto os seus colegas se queixavam de não perceber o que, em concreto, este pretende fazer e até querer.

 

O Eurogrupo tem insistido que essas novas medidas não podem ser decididas unilateralmente e têm de ser financiadas por cortes ou mais receitas noutras áreas, embora tenha também mostrado abertura para suavizar a meta orçamental deste ano em função da evolução da economia grega. Ao mesmo tempo, todos os parceiros europeus exigem que as autoridades gregas reiterem o seu "compromisso inequívoco com as obrigações financeiras para todos os seus credores" - ou seja, Atenas tem de manter a ambição de devolver aos países europeus os mais de 220 mil milhões de euros que recebeu de empréstimos desde 2010.

 

Um dos próximos credores que baterá à porta de Atenas será o FMI. Embora ainda tenha previsto transferir 2,8 mil milhões no âmbito do segundo resgate (acordado em 2012), em Março chega a hora de Atenas começar a pagar os empréstimos recebidos no quadro do primeiro resgate (negociado em 2010): 1,4 mil milhões de euro é o valor do primeiro reembolso.

 

 

(notícia actualizada pela última vez às 14h00)

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