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Afinal, encontro entre Merkel, Hollande e Tsipras poderá não acontecer

Os governos francês e alemão não confirmam o encontro informal entre Tsipras, Merkel e Hollande, marcado para esta quarta-feira à noite, em Bruxelas. O encontro já não estava rodeado de expectativas - depois das críticas às novas propostas de Atenas - mas, afinal, poderá nem acontecer.

Reuters/Yves Herman
10 de Junho de 2015 às 11:26
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Depois de vários responsáveis europeus terem considerado "vagas" e "poucos sérias" as propostas entregues ontem pelo Governo grego à Comissão Europeia, o prometido encontro informal entre líderes marcado para esta quarta-feira poderá não acontecer.

O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente François Hollande tinham um encontro informal marcado para esta noite, à margem da cimeira União Europeia/América Latina, em Bruxelas. No entanto, começam a surgir rumores de que essa reunião não está ainda confirmada.

Uma fonte do Governo francês disse à Reuters que o presidente François Hollande não tem nenhuma reunião prevista na sua agenda. "Não está planeado nenhum encontro nesta fase. Veremos o que vai acontecer quando lá chegarmos", afirmou.

A porta-voz do Governo alemão, Christiane Wirtz, também não confirmou o encontro, mas assegurou que haverá oportunidade para tal, se Tsipras o desejar. "Neste ponto, não posso confirmar que tal encontro terá lugar", disse, citada pela Bloomberg. "Mas se o primeiro-ministro grego procurar reunir-se com o presidente francês e com a chanceler alemã, com certeza que haverá oportunidade para realizar esse encontro". 

No mesmo sentido seguem as declarações de um membro influente da CDU, o partido de Merkel que, em entrevista à Bloomberg TV, garantiu que será difícil fazer progressos nesta fase, já que as propostas de Atenas não são negociáveis.

"É muito difícil que haja progressos [nesta fase], porque as novas propostas de Tsipras são 'não-negociáveis'", afirmou Michael Fuchs. No entanto, o responsável acredita que "pode ser alcançado um acordo". "Mas isso está totalmente e só do lado da Grécia", acrescentou.

É muito difícil que haja progressos [nesta fase], porque as novas propostas de Tsipras são 'não-negociáveis.
Michael Fuchs
Membro da CDU

"Queremos que a Grécia fique no euro. É o nosso desejo e a nossa vontade. Mas eles têm de apresentar propostas sérias, e o que eles apresentaram não é sério, de todo", criticou Fuchs na mesma entrevista.

Ontem, o presidente do Eurogrupo já havia avisado que a reunião de líderes ainda não estava confirmada, visto que os parceiros europeus teriam de analisar as propostas apresentadas por Atenas. "O que está em cima da mesa é a conclusão do actual programa", referiu Dijsselbloem, citado pela Bloomberg. "Se não chegamos a um acordo sobre isso, não podemos discutir o futuro".

O Governo grego fez chegar ontem a Bruxelas uma contra-proposta para o desbloqueio de fundos antes do final do actual programa de resgate (que finda em três semanas), depois de Tsipras ter considerado "absurdas" as medidas apresentadas pelos credores.  

A proposta de três páginas inclui três escalões de IVA (7%, 12% e 23%, em comparação com os dois da proposta europeia). Nesta matéria, o Governo mantém ainda a recusa de taxar a energia no escalão superior de 23%. Da proposta consta também um excedente primário de 0,75% do PIB este ano (superior aos 0,6% inscritos na proposta anterior, mas inferior à meta de 1% apresentada pelos credores), de 1,75% em 2016 e de 2,5% em 2017. A Grécia não está disposta a aprovar cortes nas pensões, mas mostra disponibilidade para aumentar, de 4% para 6%, as contribuições dos pensionistas para a saúde.


Além da contra-proposta, a Grécia apresentou aos credores outro documento de três páginas, onde pede para utilizar fundos do Mecanismo Europeu de Estabilidade para refinanciar cerca de 6,7 mil milhões de euros de títulos de dívida nas mãos do Banco Central Europeu (BCE) que vencem em Julho e Agosto. O Governo de Atenas também quer acesso aos fundos de resgate deixados no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. 

Bruxelas: Propostas gregas não reflectem o que foi discutido nas últimas reuniões

"O trabalho técnico continua, de forma a superar as diferenças entre as posições e criar condições para alcançar um acordo unânime entre os 19 países da Zona Euro", assinalou esta manhã o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, na conferência de imprensa diária da instituição.

"Para este último empurrão (em direcção a um acordo), a Comissão Europeia considera que a bola está agora no campo do Governo grego, que tem de dar seguimento ao acordo da reunião com o presidente Juncker", acrescentou o porta-voz. 

Contudo, Bruxelas considera que as recentes propostas de Tsipras não reflectem o conteúdo das últimas reuniões com os responsáveis europeus, e já fez chegar essa mensagem a Atenas. 


Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos, "informou ontem os respresentantes do Governo grego que as recentes propostas não reflectem o estado das discussões entre o presidente Juncker e o primeiro-ministro Tsipras, na quarta-feira à noite, e entre Moscovici e os ministros gregos na segunda-feira", avançou esta quarta-feira o porta-voz da Comissão Europeia Margaritis Schinas. 

No entanto, num comunicado citado pela Bloomberg, fonte do Governo grego desmente que tenha recebido qualquer reposta às propostas apresentadas. A primeira resposta oficial foi dada "lamentavelmente" no 'briefing' da Comissão Europeia esta manhã, acrescenta a mesma fonte. 

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