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Cameron: "Fui em tempos o futuro"
Wimbledon, mulheres primeiras-ministras, o gato Larry. De tudo se falou na última sessão em que David Cameron compareceu no Parlamento britânico para responder aos deputados. E, claro, do Brexit.
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No último debate parlamentar enquanto primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron mostrou-se bem disposto. Recebeu, no final, uma ovação de pé dos deputados do seu partido, do presidente da Câmara dos Deputados e os aplausos, até, de alguns deputados de outros partidos. Até do trabalhista.
No final admitiu que iria ter saudades do rugido da multidão e das farpas da oposição. Farpas que hoje também foram lançadas, em particular por Jeremy Corbyn, líder dos "labour", que enfrenta forte oposição interna. E isso também não foi esquecido por David Cameron que ao longo das respostas acabou por atirar isso à cara. Até do gato Larry, que a imprensa britânica mediatizou nos últimos dias, se falou, para Cameron ter de assegurar no Parlamento que não leva Larry porque não pode, mas que gosta muito dele. E no final da sessão até fez um tweet com uma fotografia onde o gato está sentado ao seu colo.
Como seria de esperar, o Brexit ocupou parte do tempo de perguntas, em particular por parte dos deputados escoceses. Mas foi Jeremy Corbyn - que apesar da campanha tímida pelo "Remain" é conhecido pelas suas críticas à União Europeia - que levou o tema ao debate, dizendo ter recebido uma pergunta da Nina que gostaria de colocar a Cameron. Nina quer saber se como cidadão da União Europeia que vive há 30 anos no Reino Unido poder ver o seu direito a permanecer no país revogado. Cameron garantiu não haver hipótese de tal acontecer, admitindo que tal possa vir a acontecer apenas se os britânicos que estão noutros países não virem os seus direitos respeitados.
"Estamos a trabalhar arduamente para poder dar a garantia aos cidadãos da União Europeia que os seus direitos serão respeitados", disse. E foi em resposta a esta intervenção de Corbyn que Cameron aproveitou para contar sobre um email que ele próprio também recebeu, em Setembro de 2015, dizendo para ser delicado com Corbyn, porque o principal rival era Tom Watson (deputado dos trabalhistas mas até agora não se apresentou candidato à liderança do partido). Ainda sobre a disputa nos trabalhistas, Corbyn acabou dizendo que a "democracia é excitante e esplêndida e eu estou a gostar de cada momento". Depois de Cameron ter comparado Corbyn ao cavaleiro negro dos Monty Python no Calice Sagrado. O Cavaleiro Negro obriga Artur a lutar com ele.
Corbyn começou a sua intervenção agradecendo a Cameron duas decisões: ter assegurado a libertação de Shaker Aamer (um saudita que foi mantido 30 anos na prisão de Guantanamo pelos Estados Unidos sem acusação formada) e ter legislado sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi ainda no decurso das perguntas e respostas de Corbyn e Cameron que Theresa May surgiu na conversa.
Corbyn, dizendo que tem andado a ouvir a ministra do Interior, lembrou que May terá dito que é cada vez mais difícil aos jovens comprarem a sua primeira casa. "Porque será?", perguntou. Ao assumir a resposta, Cameron - que depois respondeu que a questão do rendimento é essencial - acabou por saudar a sua sucessora em Downing Street por se tornar primeira-ministra. "No que respeita a mulheres primeiras-ministras, será em breve 2-0 para os conservadores. E não um autocarro cor-de-rosa", disse, ironizando com o autocarro que durante a campanha o Labour exibiu sobre os direitos das mulheres.
Ainda durante a sua última presença no parlamento como primeiro-ministro, Cameron enalteceu o seu Governo e a economia do Reino Unido. Voltando a dizer que estava certo ao fazer o referendo. Deixou um conselho a May, que considerou uma negociadora brilhante, de tentar manter os laços com a União Europeia o mais apertados possíveis. E concordou com a necessidade de o Reino Unido se manter no mercado único europeu.
Uma sessão - em que Andy Murray que ganhou o torneio de Wimbledon em ténis foi largamente saudado, assim como os restantes vencedores - que terminou com Cameron aplaudido, depois de declarar: "podemos alcançar muitas coisas na política... mas no final o serviço público e o interesse nacional é o que importa. Nada é realmente impossível se pensarmos nisso. É que no final, como uma vez disse: 'fui em tempos o futuro'".
Cameron saiu do Parlamento, de onde segue para ser recebido pela rainha Isabel II para apresentar a sua resignação. Hoje marca o último dia de Cameron como primeiro-ministro. Theresa May vai sucedê-lo.
No final admitiu que iria ter saudades do rugido da multidão e das farpas da oposição. Farpas que hoje também foram lançadas, em particular por Jeremy Corbyn, líder dos "labour", que enfrenta forte oposição interna. E isso também não foi esquecido por David Cameron que ao longo das respostas acabou por atirar isso à cara. Até do gato Larry, que a imprensa britânica mediatizou nos últimos dias, se falou, para Cameron ter de assegurar no Parlamento que não leva Larry porque não pode, mas que gosta muito dele. E no final da sessão até fez um tweet com uma fotografia onde o gato está sentado ao seu colo.
Proof... pic.twitter.com/UZVXn6WcUw
— David Cameron (@David_Cameron) July 13, 2016
Como seria de esperar, o Brexit ocupou parte do tempo de perguntas, em particular por parte dos deputados escoceses. Mas foi Jeremy Corbyn - que apesar da campanha tímida pelo "Remain" é conhecido pelas suas críticas à União Europeia - que levou o tema ao debate, dizendo ter recebido uma pergunta da Nina que gostaria de colocar a Cameron. Nina quer saber se como cidadão da União Europeia que vive há 30 anos no Reino Unido poder ver o seu direito a permanecer no país revogado. Cameron garantiu não haver hipótese de tal acontecer, admitindo que tal possa vir a acontecer apenas se os britânicos que estão noutros países não virem os seus direitos respeitados.
"Estamos a trabalhar arduamente para poder dar a garantia aos cidadãos da União Europeia que os seus direitos serão respeitados", disse. E foi em resposta a esta intervenção de Corbyn que Cameron aproveitou para contar sobre um email que ele próprio também recebeu, em Setembro de 2015, dizendo para ser delicado com Corbyn, porque o principal rival era Tom Watson (deputado dos trabalhistas mas até agora não se apresentou candidato à liderança do partido). Ainda sobre a disputa nos trabalhistas, Corbyn acabou dizendo que a "democracia é excitante e esplêndida e eu estou a gostar de cada momento". Depois de Cameron ter comparado Corbyn ao cavaleiro negro dos Monty Python no Calice Sagrado. O Cavaleiro Negro obriga Artur a lutar com ele.
Corbyn começou a sua intervenção agradecendo a Cameron duas decisões: ter assegurado a libertação de Shaker Aamer (um saudita que foi mantido 30 anos na prisão de Guantanamo pelos Estados Unidos sem acusação formada) e ter legislado sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi ainda no decurso das perguntas e respostas de Corbyn e Cameron que Theresa May surgiu na conversa.
Corbyn, dizendo que tem andado a ouvir a ministra do Interior, lembrou que May terá dito que é cada vez mais difícil aos jovens comprarem a sua primeira casa. "Porque será?", perguntou. Ao assumir a resposta, Cameron - que depois respondeu que a questão do rendimento é essencial - acabou por saudar a sua sucessora em Downing Street por se tornar primeira-ministra. "No que respeita a mulheres primeiras-ministras, será em breve 2-0 para os conservadores. E não um autocarro cor-de-rosa", disse, ironizando com o autocarro que durante a campanha o Labour exibiu sobre os direitos das mulheres.
Ainda durante a sua última presença no parlamento como primeiro-ministro, Cameron enalteceu o seu Governo e a economia do Reino Unido. Voltando a dizer que estava certo ao fazer o referendo. Deixou um conselho a May, que considerou uma negociadora brilhante, de tentar manter os laços com a União Europeia o mais apertados possíveis. E concordou com a necessidade de o Reino Unido se manter no mercado único europeu.
Uma sessão - em que Andy Murray que ganhou o torneio de Wimbledon em ténis foi largamente saudado, assim como os restantes vencedores - que terminou com Cameron aplaudido, depois de declarar: "podemos alcançar muitas coisas na política... mas no final o serviço público e o interesse nacional é o que importa. Nada é realmente impossível se pensarmos nisso. É que no final, como uma vez disse: 'fui em tempos o futuro'".
Cameron saiu do Parlamento, de onde segue para ser recebido pela rainha Isabel II para apresentar a sua resignação. Hoje marca o último dia de Cameron como primeiro-ministro. Theresa May vai sucedê-lo.