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Cameron: "Fui em tempos o futuro"

Wimbledon, mulheres primeiras-ministras, o gato Larry. De tudo se falou na última sessão em que David Cameron compareceu no Parlamento britânico para responder aos deputados. E, claro, do Brexit.

Reuters
13 de Julho de 2016 às 13:34
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No último debate parlamentar enquanto primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron mostrou-se bem disposto. Recebeu, no final, uma ovação de pé dos deputados do seu partido, do presidente da Câmara dos Deputados e os aplausos, até, de alguns deputados de outros partidos. Até do trabalhista.

No final admitiu que iria ter saudades do rugido da multidão e das farpas da oposição. Farpas que hoje também foram lançadas, em particular por Jeremy Corbyn, líder dos "labour", que enfrenta forte oposição interna. E isso também não foi esquecido por David Cameron que ao longo das respostas acabou por atirar isso à cara. Até do gato Larry, que a imprensa britânica mediatizou nos últimos dias, se falou, para Cameron ter de assegurar no Parlamento que não leva Larry porque não pode, mas que gosta muito dele. E no final da sessão até fez um tweet com uma fotografia onde o gato está sentado ao seu colo.


Como seria de esperar, o Brexit ocupou parte do tempo de perguntas, em particular por parte dos deputados escoceses. Mas foi Jeremy Corbyn - que apesar da campanha tímida pelo "Remain" é conhecido pelas suas críticas à União Europeia - que levou o tema ao debate, dizendo ter recebido uma pergunta da Nina que gostaria de colocar a Cameron. Nina quer saber se como cidadão da União Europeia que vive há 30 anos no Reino Unido poder ver o seu direito a permanecer no país revogado. Cameron garantiu não haver hipótese de tal acontecer, admitindo que tal possa vir a acontecer apenas se os britânicos que estão noutros países não virem os seus direitos respeitados. 

"Estamos a trabalhar arduamente para poder dar a garantia aos cidadãos da União Europeia que os seus direitos serão respeitados", disse. E foi em resposta a esta intervenção de Corbyn que Cameron aproveitou para contar sobre um email que ele próprio também recebeu, em Setembro de 2015, dizendo para ser delicado com Corbyn, porque o principal rival era Tom Watson (deputado dos trabalhistas mas até agora não se apresentou candidato à liderança do partido). Ainda sobre a disputa nos trabalhistas, Corbyn acabou dizendo que a "democracia é excitante e esplêndida e eu estou a gostar de cada momento". Depois de Cameron ter comparado Corbyn ao cavaleiro negro dos Monty Python no Calice Sagrado. O Cavaleiro Negro obriga Artur a lutar com ele

Corbyn começou a sua intervenção agradecendo a Cameron duas decisões: ter assegurado a libertação de Shaker Aamer (um saudita que foi mantido 30 anos na prisão de Guantanamo pelos Estados Unidos sem acusação formada) e ter legislado sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi ainda no decurso das perguntas e respostas de Corbyn e Cameron que Theresa May surgiu na conversa.

Corbyn, dizendo que tem andado a ouvir a ministra do Interior, lembrou que May terá dito que é cada vez mais difícil aos jovens comprarem a sua primeira casa. "Porque será?", perguntou. Ao assumir a resposta, Cameron - que depois respondeu que a questão do rendimento é essencial - acabou por saudar a sua sucessora em Downing Street por se tornar primeira-ministra. "No que respeita a mulheres primeiras-ministras, será em breve 2-0 para os conservadores. E não um autocarro cor-de-rosa", disse, ironizando com o autocarro que durante a campanha o Labour exibiu sobre os direitos das mulheres. 

Ainda durante a sua última presença no parlamento como primeiro-ministro, Cameron enalteceu o seu Governo e a economia do Reino Unido. Voltando a dizer que estava certo ao fazer o referendo. Deixou um conselho a May, que considerou uma negociadora brilhante, de tentar manter os laços com a União Europeia o mais apertados possíveis. E concordou com a necessidade de o Reino Unido se manter no mercado único europeu. 

Uma sessão - em que Andy Murray que ganhou o torneio de Wimbledon em ténis foi largamente saudado, assim como os restantes vencedores - que terminou com Cameron aplaudido, depois de declarar: "podemos alcançar muitas coisas na política... mas no final o serviço público e o interesse nacional é o que importa. Nada é realmente impossível se pensarmos nisso. É que no final, como uma vez disse: 'fui em tempos o futuro'".

Cameron saiu do Parlamento, de onde segue para ser recebido pela rainha Isabel II para apresentar a sua resignação. Hoje marca o último dia de Cameron como primeiro-ministro. Theresa May vai sucedê-lo.

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