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Sete deputados abandonam Partido Trabalhista em oposição ao Brexit
Os sete parlamentares trabalhistas saem do partido e criam grupo de deputados independente devido às diferenças relativamente à abordagem da direção liderada por Jeremy Corbyn relativamente ao Brexit e ao antissemitismo.
Ficam ainda mais baralhadas as contas do Brexit, isto depois de sete deputados trabalhistas terem decidido abandonar o Labour e criar um grupo independente na Câmara dos Comuns do parlamento britânico.
Os sete deputados anunciaram na manhã desta segunda-feira, 18 de fevereiro, a saída do Partido Trabalhista com a justificação de que o secretário-geral Jeremy Corbyn afastou o Labour da sua génese ideológica e falhou no combate ao antissemitismo.
A saída dos deputados Chuka Umunna, Luciana Berger, Gavin Shuker, Angela Smith, Chris Leslie, Mike Gapes e Ann Coffey representa a maior cisão interna desde 1981, escreve o The Guardian.
O deputado Chuka Umunna revelou que já encetaram contactos no sentido de integrar neste novo movimento parlamentares de outras forças políticas.
Esta revelação surge numa fase em que a imprensa britânica tem vindo a dar conta da possibilidade de deputados conservadores descontentes com a primeira-ministra Theresa May poderem também abandonar o Partido Conservador.
A razão para esta dissidência prende-se sobretudo com a estratégia titubeante de Corbyn em relação ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia, com críticas ao facto de o Labour não poder ser agente de mudança dado ter-se tornado parte do problema.
Por outro lado, o deputado Gavin Shuker lamentou o afastamento do partido em relação aos tradicionais valores moderados, numa crítica ao posicionamento mais à esquerda de Corbyn, enquanto a deputada Luciana Berger, que é judia, criticou as posições antissemitas da ala mais radical trabalhista e a incapacidade da direção do partido em controlar e se demarcar deste tipo de "cultura".
Cisão a dias de votação do Brexit
Os sete deputados trabalhistas dissidentes partilham uma posição moderada e pró-europeia, e pretendiam que Jeremy Corbyn apoiasse frontalmente a realização de um segundo referendo sobre a permanência britânica na UE.
Na próxima semana, a 26 de fevereiro, os parlamentares deverão votar um acordo de saída alternativo à solução inicialmente acordada entre Londres e Bruxelas e que foi rejeitada pela larga maioria dos deputados britânicos.
Um mês depois dessa derrota história e depois de nova derrota parlamentar na semana passada – ainda assim somente revista de valor simbólico e não vinculativo – a estratégia da primeira-ministra Theresa May persiste a mesma: garantir cedências de Bruxelas quanto à cláusula de salvaguarda para evitar o restabelecimento de controlos rígidos na fronteira irlandesa de forma a assegurar os apoios necessários dos conservadores "hard brexiters" e dos unionistas irlandeses (DUP).
Com o aproximar de nova data crucial para o Brexit, a Bloomberg avançou esta manhã que ao longo dos próximos dias vários ministros do governo conservador vão visitar algumas das principais capitais europeias a fim de granjear os apoios necessários para alterações vinculativas ao acordo que os líderes europeus têm reafirmado ser inegociável.
Theresa May comprometeu-se a, no caso de não conseguir apresentar uma solução alternativa para um acordo de saída, reabrir do zero a discussão parlamentar sobre a saída da UE.