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Rajoy responde perante o Parlamento: "Enganei-me ao manter a confiança" no ex-tesoureiro do PP (act)

Não é uma moção de censura, da qual Mariano Rajoy diz não ter medo, mas o chefe do Governo espanhol está esta quinta-feira, 1 de Agosto, perante o Parlamento para falar do caso Bárcenas, o ex-tesoureiro do PP que garantiu em tribunal que Rajoy tinha recebido dinheiro não declarado do partido.

Reuters
01 de Agosto de 2013 às 10:34
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Mariano Rajoy está esta quinta-feira, 1 de Agosto, a responder no Parlamento espanhol pelo caso Bárcenas. Não é uma moção de censura da oposição, a qual, aliás, o chefe do Governo espanhol diz não temer. "Para mim uma moção de censura nunca será uma ameaça, é um instrumento constitucional e não me sinto ameaçado nem chantageado por nada que esteja na Constituição".

 

Mas no discurso inicial, foi dizendo que Rubalcaba, líder do PSOE, está a fazer uma ameaça ao governo, mas "o Estado de Direito" não admite ameaças. Esta é uma declaração que Rajoy já tinha feito, numa polémica conferência de imprensa, onde falou pela primeira vez do caso Bárcenas, depois do ex-tesoureiro do seu partido, PP, ter declarado em tribunal ter dado dinheiro “vivo” a Rajoy e à secretária-geral do partido entre 2008 e 2010.


E, por isso, as palavras mais duras de Rajoy nesta intervenção perante o Congresso, foram para Bárcenas. "Enganei-me. Lamento mas foi assim, enganei-me ao manter a confiança em alguém que agora sabemos que não a merecia". Para Rajoy, não havia razões para desconfiar de Bárcenas. "Acreditei na sua inocência e apoiei-o. Fi-lo até ao momento em que chegaram dados das contas milionárias na Suíça em seu nome. Isto, além de demonstrar uma deslealdade para com o partido, é ilegal. E esse foi todo o meu papel nesta história. Enganei-me ao confiar na pessoa errada, ao criar um falso inocente. Enganou-me, sim. Mas era muito fácil [enganar-me] porque não condeno ninguém de maneira preventiva". 

 

Rajoy clamou inocência e até disse estar-se perante uma falsidade. "Se tudo o que aparece nos papéis do senhor Bárcenas tem a mesma consistência dos que a mim dizem respeito então estamos perante uma assombrosa e imaginativa colecção de falsidades como o tempo e a justiça demonstrarão".

 

O chefe do Governo espanhol confirmou, no entanto, que o PP pagou remunerações e salários suplementares. "Como em todas as partes", disse, citado pelo "El Mundo", mas garantiu que todos os pagamentos foram declarados ao Fisco.

 

As afirmações não convenceram Alfredo Rubalcaba que lembrou as mensagens de telemóvel (SMS) trocadas entre Rajoy e Bárcenas. "São SMS de um sócio para outro sócio que o pode pôr em apuros", disse Rubalcaba, que voltou a pedir a demissão de Rajoy (não tendo sido o único) de quem diz ter provocado muitos danos. "Não sei se está consciente da crise do país, económica e social, territorial, e crise também política. Não sei se se deu conta". Para Rubalcaba, o chefe do Executivo aumentou a desconfiança dos espanhóis nas instituições como nunca tinha acontecido. "A sua atitude provocou muito dano. E nos últimos dias não fez senão agravar a crise política. Não se comportou como presidente do Governo de um país em crise, mas sim como o presidente de um partido".

 

Mas Rajoy já tinha dito que o caso Bárcenas não o tem afastado da governação. "Não interrompemos uma única tarefa nem nada nos distraiu. A única coisa que tenta entorpecer as acções do Governo são algumas iniciativas do senhor Perez Rubalcaba devido à sua fé na palavra do senhor Bárcenas. Vive muito mais dependente dele do que eu".

 

Rajoy aproveitou o momento para anunciar que em Setembro vai apresentar um plano de regeneração democrática, que tem várias iniciativas, como a publicação de uma lei para controlo das actividades económicas e financeiras dos partidos, que têm de passar a prestar contas anuais no Parlamento. Rajoy pretende também que o Tribunal de Contas tenha um papel mais activo na fiscalização das contas dos partidos. Rajoy anunciou, ainda, que vai apresentar uma nova lei para regular os contratos públicos e para regular as funções públicas em termos de remuneração. Nessas propostas poderá estar incluída a possibilidade de se fazer uma auditoria ao património dos políticos no final de cada mandato.

 

(Notícia actualizada às 10h44 com o plano de Rajoy de regeneração democrática)

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