Luís Bárcenas, ex-tesoureiro do Partido Popular espanhol, apresentou ontem em tribunal uma "pen" que aumenta o montante total envolvido em operacões ilegais de financiamento para 8,3 milhões de euros.

O conteúdo da "pen", divulgado esta quarta-feira pelo "El Mundo", refere detalhes do esquema de financiamento ilegal do partido que suporta o Governo, que durante anos se baseou no pagamento em dinheiro por parte de empresários que eram beneficiados nas adjudicações de obras.

Dinheiro negro que servia para garantir pagamentos extraordinários aos dirigentes do partido, incluindo o líder do actual governo, Mariano Rajoy.

De acordo com as informações prestadas por Bárcenas ao juíz, o principal beneficiário dos pagamentos será o assessor eleitoral Pedro Arriola, enquanto o segundo será Mariano Rajoy, que terá recebido quase 350 mil euros.

Rodrigo Rato, ex-ministro da Economia e ex-presidente do FMI, também está envolvido no escândalo de corrupção.

A divulgação de mensagens de telemóveis que mostram que, ao contrário do que tinha afirmado, Mariano Rajoy esteve em permanente contacto com o ex-tesoureiro do partido até Março de 2013, incentivando-o, levaram este domingo o PSOE a pedir a demissão imediata de Rajoy e a convocação de eleições antecipadas.

Mariano Rajoy recusou demitir-se. "Cumprirei o mandato que me foi dado pelos espanhóis", afirmou em conferência de imprensa, na segunda-feira. "O Estado de Direito não se submete a chantagem", disse, acrescentando que a justiça continuará a fazer o seu trabalho "sem nenhuma pressão", "indicação" ou "ingerência".

Esta terça-feira, o partido afirmou que os SMS trocados entre Rajoy e Bárcenas são "pura cortesia".