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Puigdemont não cede e dará a escolher a Rajoy entre "diálogo ou repressão"

O porta-voz do governo catalão revelou que Puigdemont não irá clarificar se declarou ou não a independência da Catalunha, optando por deixar nas mãos de Rajoy a escolha entre o "diálogo ou a repressão". Constitucional declara nula a lei do referendo catalão.

Reuters
17 de Outubro de 2017 às 14:51
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O governo autonómico da Catalunha vai manter inalterada a posição ambígua na resposta ao ultimato de Madrid que acena com o artigo 155 da Constituição se Barcelona não esclarecer se no passado dia 10 declarou efectivamente a independência da região.

Tendo em conta o "novo episódio de vergonha democrática" – referência à detenção dos líderes das principais organizações independentistas catalãs, Jordi Sánchez da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Jordi Cuixart da Òmnium Cultural - o porta-voz da Generalitat, Jordi Turull, avisou esta terça-feira que o líder do governo catalão, Carles Puigdemont, não vai esclarecer as dúvidas de Madrid.

 

Jordi Turull, citado pelo La Vanguardia, explicou que o presidente da Generalitat vai optar pelo imobilismo e continuar sem clarificar o pedido feito pelo governo espanhol, assim deixando nas mãos do primeiro-ministro Mariano Rajoy a decisão entre a opção "pelo diálogo ou pela repressão".

 

O porta-voz da Generalitat falava numa conferência de imprensa que se seguiu à reunião, desta manhã, do conselho executivo da Generalitat. Encontro em que a cúpula catalã analisou a resposta ao requerimento enviado na semana passada por Madrid e que estabelece o próximo dia 19, às 10:00 locais, como a data-limite para o governo catalão responder se declarou, de facto, a independência catalã e para regressar à legalidade imposta pela ordem constitucional.

 


Turull assegurou que Puigdemont vai responder "ao novo prazo imposto pelo Estado" da mesma forma que respondeu na segunda-feira, posição que permitirá perceber "a posição do Estado", se "fecha as portas" ao diálogo ou se "opta pela repressão". Para o porta-voz são reduzidas as opções da Generalitat, que tem de escolher entre "a rendição ou seguir em frente".

 

Garantindo que "a rendição não tem lugar neste Governo", Jordi Turull insiste que a Generalitat "abriu a porta ao diálogo" e criticou Rajoy por sempre se ter mostrado indisponível para dialogar. O primeiro prazo terminou esta segunda-feira sem que Puigdemont tenha respondido concretamente – sim ou não –, com o dirigente catalão a preferir reforçar o pedido de regresso ao diálogo.

 

A resposta de Barcelona ao requerimento de Rajoy levou o primeiro-ministro espanhol a recordar que Puigdemont tem até quinta-feira para responder de forma clara, avisando-o de que será o "único responsável" pelo eventual accionar do artigo 155 da Constituição, que permite ao governo central agir em nome do "interesse geral", o que na prática passa por Madrid assumir as rédeas de uma Catalunha com a autonomia suspensa.

Puigdemont entre a unidade soberanista e a repressão

 

A via repressiva do governo espanhol fez-se sentir novamente esta manhã, com a prisão dos dois líderes de duas importantes associações civis que pugnam pela independência catalã. Isto depois de ontem o chefe da polícia da Catalunha (Mossos d’Esquadra) Josep Lluís Trapero, ter sido deixado em liberdade mas com a obrigatoriedade de se apresentar quinzenalmente às autoridades, acusado pelo Ministério Público de insubordinação durante o referendo independentista de 1 de Outubro (1-O).

 

Entretanto, o Tribunal Constitucional (TC) declarou, por unanimidade, inconstitucional a lei do referendo aprovada em 6 de Setembro pelo parlamento catalão e logo suspensa de forma cautelar pelo próprio TC. Esta lei, aprovada em paralelo à lei da desconexão, também esta suspensa pelo TC, enquadrou a realização do referendo de 1-O que resultou na vitória do "sim" à independência.

Se a posição da Generalitat se mantiver inalterada até quinta-feira, Rajoy garante que será accionado o artigo 155. Isto significa que ou Puigdemont recua, arriscando perdas ao nível interno, já que alimentaria ainda mais as divisões que se fazem sentir no bloco soberanista, com a Candidatura de Unidade Popular (CUP, de extrema-esquerda e que apoia no parlamento catalão a aliança independentista Juntos pelo Sim), e a própria Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, integra a coligação Juntos pelo Sim) a defenderem a via de desobediência face à Constituição, ou prossegue a via de ruptura abrindo caminho à intervenção repressiva do Estado. 

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