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Primeiro morto provoca medo de confrontos militares na Ucrânia
"Crime de guerra", nas palavras do primeiro-ministro ucraniano, pode desestabilizar situação na Crimeia.
Depois de o presidente russo Vladimir Putin ter sublinhado que a Crimeia "sempre foi e será" parte da Rússia e ter assumido que esta região é considerada parte do território russo "a partir de hoje [terça-feira]", poderia pensar-se que a anexação desta península a Moscovo era um assunto acabado.
Mas ao início da última noite vários elementos pró-russos, não identificados, invadiram uma base militar em Simferopol, capital da Crimeia, e exigiram às forças ucranianas, de serviço nesta base, que baixassem as armas e abandonassem aquela unidade. Os soldados ucranianos não aceitaram e, segundo a "CNN", ouviram-se pelo menos dois disparos que acabaram por atingir mortalmente um soldado e ferido um capitão do exército ucraniano.
O porta-voz do ministro da Defesa da Ucrânia, citado pela "BBC", revela que todas as unidades ucranianas desta unidade militar "foram presas" tendo visto confiscadas "as suas identificações".
Apesar do receio em torno de um escalar da crise, no sentido da confrontação militar, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse à "BBC" que uma intervenção militar no Leste da Ucrânia "não está na agenda" de Moscovo.
Ocidente faz mais ameaças
Se após uma conversa telefónica Angela Merkel, chanceler alemã, e Barack Obama, presidente norte-americano, condenaram a "anexação" em curso da Crimeia pela Rússia, o vice-presidente de Obama, Joe Biden, respondeu à morte do soldado ucraniano com a possibilidade de novos exercícios militares no Mar Báltico. Em relação às sanções económicas com que Obama ameaça isolar Moscovo na cena internacional, o seu porta-voz, Jay Carnay, avisou que "estão mais a caminho". Recorde-se que esta terça-feira a Rússia foi suspensa das reuniões preparatórias da próxima cimeira do G8.
"Jugoslavização" da Ucrânia
O cenário mais temido é a implosão da Ucrânia em vários Estados independentes que se possam depois associar, ou não, a Moscovo. Putin aposta na "defesa dos interesses" dos cidadãos descendentes russos e em Donetsk, maior cidade do leste ucraniano, as intenções separatistas tendem a agudizar-se.