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Política orçamental deve “restabelecer equilíbrios face a um momento único”, diz Centeno

Governador avisa que “bónus” dado pela inflação à receita pública vai deixar de ocorrer. Opções “podem ser todas legítimas desde que equilíbrio seja preservado”, mas Centeno duvida que saúde precise de mais dinheiro.

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
Mariline Alves
04 de Outubro de 2023 às 13:35
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A política orçamental para o próximo ano deve "procurar o equilíbrio" num "momento único", marcado por evolução mais favorável da receita pública e da economia devido ao impacto inicial inesperado da inflação, mas que irá dissipar-se à medida que a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) vai transmitindo os seus efeitos.

 

Esta mensagem foi deixada pelo governador do Banco de Portugal (BdP) nesta quarta-feira, na apresentação de novas projeções macroeconómicas que reveem em forte baixa a previsão do crescimento do PIB para este ano – de 2,7% em junho, para 2,1% agora – mas sem que a instituição avance novas perspetivas orçamentais. Em junho, o BdP projetou um défice de 0,1% do PIB para este ano, mas só em dezembro voltará a rever projeções para as finanças públicas.

 

"Temos de procurar restabelecer equilíbrios face a um momento único", recomenda Mário Centeno, a uma semana da entrega pelo Governo da proposta de Orçamento do Estado para 2024 e num momento em que, num cenário de políticas invariantes ou sem mais medidas, as contas públicas permitiriam um excedente de 0,9% do PIB em 2023, na apreciação recente do Conselho das Finanças Públicas.

 

Sem avançar qual a expetativa de cenário para as contas públicas deste ano, o governador do Banco de Portugal deixou apenas mensagens no sentido de que o próximo Orçamento deve ter presente que o momento inicial da inflação foi determinante na melhoria das contas públicas, mas que este fator deixará de ter impacto.

 

"Num Orçamento do Estado, o primeiro efeito é a subida da receita fiscal, a subida do PIB, e por essa via a redução do rácio da divida. O efeito da subida dos juros é muito lento. É preciso ter alguma cautela quando se usam expressões como folga ou saltos em frente em medidas", alertou.

 

A manutenção do peso da despesa permanente em percentagem do PIB deve ser uma preocupação dos governos na "encruzilhada" atual, como a descreveu Centeno. De resto, disse, as "opções podem ser todas legítimas desde que equilíbrio seja preservado".

 

Sobre os fatores de pressão na despesa, o governador referiu especificamente a despesa da saúde, que tem vindo a subir. Neste caso, disse ter "algumas dúvidas de que falte dinheiro, para não dizer muitas dúvidas".

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