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Centeno pede “temperança” no mercado de trabalho

Segundo governador do Banco de Portugal, o emprego tem sido “o dique” que sustém a economia, e vai continuar a registar subidas curtas. Mas não se pode querer fazer transições “demasiado depressa” no mercado de trabalho.

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
Mariline Alves
04 de Outubro de 2023 às 12:17
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O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, pede "temperança" no mercado de trabalho, com alertas, em particular, para evoluções nas leis laborais e no quadro das discussões dos parceiros da Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS).

 

"Se não mostramos temperança neste momento, vamos soçobrar", afirmou nesta quarta-feira, durante a apresentação do último boletim económico do BdP, cujas projeções apontam para a manutenção da resistência do emprego num quadro que será de maior abrandamento económico do que aquele que a instituição antecipava em junho.

 

Neste ano, o emprego deve subir em 0,8%, tendo crescimentos previstos de 0,2% e 0,4% nos dois anos seguintes.

 

O emprego, alertou Centeno durante a apresentação, tem sido o "dique" a suportar as economias, mas o governador alertou também para dinâmicas que é preciso "respeitar", aludindo a equilíbrios necessários na transição para um mercado de trabalho com maiores qualificações e maiores remunerações.

 

Este processo, disse, está a desenvolver-se, mas com 40 a 50 anos de atraso em relação a outros países. Ainda assim, segundo Mário Centeno, avançar exige cautelas."Se quisermos chegar demasiado tarde e demasiado depressa podemos não conseguir", disse.

Sobre o destino dos avisos, Centeno apontou em particular para o quadro institucional do mercado de trabalho, dando com exemplos as leis laborais e também o diálogo da Concertação Social, que neste momento está a discutir uma atualização do acordo de rendimentos selado no final de 2022 entre confederações patronais, UGT e Governo. Nestas discussões, o primeiro-ministro, António Costa, indicou nesta semana a possibilidade de serem revistos em alta os valores de salário mínimo e de referencial de aumentos para contratação coletiva (4,8% até aqui).

 

A subida será adequada "se esses valores forem compatíveis" com o emprego e também com a remuneração adequada das qualificações num mercado de trabalho que, descreveu o governador, se tornou mais exigente na criação de cada novo posto de trabalho. Mário Centeno não considerou que as melhorias em discussão fujam à "temperança" aconselhada, mas defendeu gradualismo.

 

Também para o governador do Banco de Portugal, se houver margem para o pagamento de um 15º mês, proposto pela Confederação Empresarial de Portugal,  "só podemos estar satisfeito". "Quando falamos de salários, devemos sempre considerar que a remuneração reflete o contributo de cada um de nós para o aumento da riqueza do país, e é isso que as empresas devem refletir. Se é distribuída em 14, 15 meses ou mais, é indiferente", disse também.

 

"O que se exige às empresas, não é tanto o pagamento do 15º mês, mas que nos organizemos para permitir que esse capital humano seja utilizado aqui e com a remuneração que lhe é devida", afirmou.

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