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Banco de Portugal corta previsão de crescimento para 2,1% e revê inflação em alta

Projeções trimestrais da instituição apontam para alguma contração nos meses de julho a setembro, com retoma no crescimento a partir do final do ano. Em 2024, PIB não deverá subir mais que 1,5%.

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
Mariline Alves
04 de Outubro de 2023 às 11:02
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A economia portuguesa não deverá afinal, neste ano, crescer mais do que 2,1%, com o Banco de Portugal (BdP) a aplicar nesta quarta-feira um corte significativo nas suas projeções anteriores, lançadas há quatro meses, e a antecipar que a atividade tenha persistido em estagnação ao longo de todo o terceiro trimestre.

 

Em junho, o BdP tinha previsto um crescimento de 2,7% para este ano, num otimismo que o Governo também chegou a acompanhar após os resultados acima do esperado na atividade do arranque de ano (1,5% de crescimento trimestral). Esta previsão de 2,7% de crescimento anual sofre agora um corte de 0,6 pontos percentuais, após a estagnação do segundo trimestre e perante dados de curto prazo que apontam para que a economia mal descole na segunda metade do ano.

 

A revisão fica a dever-se sobretudo ao mau desempenho na frente externa, indica o BdP no Boletim Económico de outubro publicado esta quarta-feira. "Esta evolução mais desfavorável do que a projetada no Boletim Económico de junho é explicada pelo comportamento das exportações e, em menor grau, do consumo privado e da formação bruta de capital fixo (FBCF), em especial pública", explica.

 

O quadro de forte abrandamento, e mesmo de contração, entre os principais parceiros comerciais de Portugal e países emissores de turistas na Zona Euro ajudará a explicar a expectativas mais pessimistas, e que colocam o crescimento anual de 2023 a depender quase exclusivamente do desempenho do primeiro trimestre, que contou ainda com recuperação de atividade do turismo no pós-pandemia. Esse efeito, admite o BdP, estará já a dissipar-se, com impacto também nas projeções de crescimento para os anos de 2024 e de 2025.

 

Para o próximo ano, o Banco de Portugal prevê agora uma subida do PIB que não irá além de 1,5%, numa revisão ainda maior face à previsão de crescimento em 2,4% que a instituição apresentava em junho. Já para 2025, é esperado um crescimento de 2,1% (2,3% na projeção de junho).

 

"A revisão do crescimento em 2024 decorre maioritariamente do desempenho menos favorável da atividade ao longo de 2023 e, em menor grau, da revisão das hipóteses de enquadramento e da consideração de um perfil menos favorável das exportações no início do ano", explica o Boletim Económico.

 

Além disso, "a transmissão das subidas das taxas de juro de política às condições financeiras enfrentadas pelas famílias e empresas continuará a limitar a atividade em 2024 e 2025, sendo os seus efeitos parcialmente compensados pelo impacto favorável da redução gradual da inflação sobre o poder de compra das famílias, pela aceleração das entradas dos fundos da UE e pela hipótese de maior dinamismo da procura externa".

 

Ainda assim, faz notar o BdP, "face à área do euro, a economia portuguesa continuará a apresentar um crescimento superior no período 2024-25, com um diferencial médio anual de 0,5 pontos percentuais".

Já nas previsões da inflação anual, há uma revisão em alta ligeira de 5,2% para 5,4% para este ano, considerando o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) usado para comparações internacionais. O BdP estima apesar de tudo que a taxa mensal de variação homóloga alcance os 3% antes do final do ano.

 

Para 2024, a inflação anual é também revista em alta de 3,3% para 3,6%. Já para 2025, a projeção do Banco de Portugal mantém-se nos 2,1%.

 

Embora o quadro de projeções de outubro não inclua previsões do Banco de Portugal para as finanças públicas, o horizonte implica agora uma "encruzilhada" para o Governo, que aconselha à contenção da despesa permanente em percentagem do PIB, defendeu na apresentação das previsões o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, lembrando "a componente cíclica de receita". Isto é, que o impacto da inflação na arrecadação pública não será duradouro, e também o abrandamento da atividade tenderá a refletir-se nas receitas.

 

Em junho, o BdP previa para este ano um défice de 0,1% do PIB.

 

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