Notícia
Incêndio em Pedrógão Grande está "dominado". Ardeu um perímetro de 157 quilómetros
A ministra da Administração Interna disse em entrevista à RTP3 que não vai demitir-se do cargo enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro. Esta quarta-feira o incêndio de Pedrógão Grande foi considerado "dominado" e o Governo acredita que o pior poderá ter passado.
- Costa sem evidências de que tenham sido cometidas falhas
- Primeiro-ministro fala em "situação absolutamente anómala"
- Costa também pensou que "tinha caído o Canadair"
- “A reforma estrutural da floresta é um trabalho para a próxima década”
- Câmara de Castanheira: não é preciso abandonar a cultura do eucalipto
- Góis: Mudança do tempo pode ser "princípio do fim" dos incêndios
- Cinco frentes activas com previsões "mais favoráveis"
- PSD preocupado com "alguma descoordenação"
- Nacional 347 reabriu ao trânsito
- Pedrógão Grande e Góis mobilizam mais de 2.500 operacionais
- Mais três aldeias em Góis completamente evacuadas durante a noite
- Mais de três dezenas de concelhos em risco 'máximo' e 'muito elevado'
- Incêndio de Pedrógão Grande por dominar e com "várias" reactivações
- Associação de Bombeiros Profissionais fala de falha de comunicações
- Bombeiros estiveram "demasiado" tempo no terreno sem poderem comunicar
- Marcelo quer leis da floresta aprovadas antes das férias
- Incêndio evolui favoravelmente, três das cinco frentes foram extintas
- Protecção Civil recusa falha de comunicação na suposta queda de aeronave
- Ministra espanhola diz que nenhum país está livre de sofrer um incêndio como o de Portugal
- Número de feridos sobe para 204
- Actividades lectivas retomadas na Sertã e parcialmente em Figueiró dos Vinhos
- Presidente da República cumpre minuto de silêncio na vila
- Marta Soares acredita que incêndio teve mão criminosa
- Marcelo Rebelo de Sousa, ministros e autarcas cumpriram minuto de silêncio
- Primeiro-ministro e parlamento cumprem minuto de silêncio
- Reacendimentos na Pampilhosa da Serra, após fogo ter estado "praticamente dominado"
- Governo cria fundo financeiro para apoiar reconstrução e vida das pessoas
- PJ quer ouvir Marta Soares sobre alegada mão criminosa no incêndio de Pedrógão
- Catarina Martins: "Devemos respostas porque devemos respeito"
- Cristas quer apuramento de "responsabilidades políticas e técnicas" após o luto
- Ferro Rodrigues salienta que o país exige respostas claras
- Governo quer conhecer dimensão dos prejuízos em 10 dias
- PS defende procura de explicações mas recusa "competições partidárias"
- PSD diz que "o país não esteve à altura" da confiança dos cidadãos
- Ministro-adjunto diz que reforma da floresta é um "desafio de gerações"
- Incêndio em Góis provoca 18 feridos ligeiros, a maioria civis
- Marcelo defende que tragédia tem de servir para tirar lições
- Ardeu um perímetro de 157 quilómetros em Pedrógão Grande
- Estrada nacional 236 foi reaberta
- Ofertas de todo o país transformam quartel de bombeiros em base solidária
- Igreja Católica
- Liga dos Bombeiros vai fazer "análise exaustiva" sobre incêndio
- Pacote florestal do Governo e projectos do BE votados até 19 de Julho
- Autópsias já foram todas concluídas
- Góis: Mantém-se objectivo de deixar incêndio resolvido hoje
- Electricidade reposta hoje nas regiões afectadas
- Combate ao fogo em Góis evolui favoravelmente
- Mais de 2.300 bombeiros e 854 veículos ainda em acção em Pedrógão Grande e Góis
- Ministra da Administração Interna admite abrir inquérito
- GNR instaurou inquérito sobre não encerramento da EN 236
- Constança Urbano de Sousa não se demite
"Até agora não tenho nenhuma evidência que, em qualquer um dos escalões de comando, tenha havido uma falha", disse António Costa que acrescentou manter "a confiança na estrutura de comando".
Concretamente em relação ao desempenho da ministra Urbano de Sousa, questionado sobre se mantém a confiança na sua colega de Governo Costa respondeu de forma sucinta: "toda". "Tem sido uma excelente ministra. Tem dirigido e enfrentado esta situação que é muito difícil", concluiu.
António Costa disse na TVI não ter conhecimento de que tenha sido dada uma "ordem específica para o encerramento" da estrada nacional 236-1, onde morreram perto de meia centena de pessoas.
O primeiro-ministro recorreu às informações prestadas pela GNR, segundo a qual o "fogo atingiu aquela estrada de forma totalmente repentina e inusitada". Foi "algo muito súbito e muito repentino", justificou Costa que em relação à atribuição, ou não, de responsabilidades remete uma "resposta final no devido tempo".
"Naquele sábado houve 156 incêndios em todo o país", lembrou o primeiro-ministro dizendo que apenas dois "escaparam ao controlo nas primeiras horas". Trata-se de uma "situação absolutamente anómala", garantiu referindo-se às condições climatéricas verificadas na zona circundante de Pedrógão Grande.
"Com 156 incêndios que houve nesse dia, algo de especial aconteceu ali, e temos que perceber porquê", prosseguiu o líder do Executivo para quem "é mais fácil dizer que a culpa foi de alguém". Contudo, António Costa diz ter "uma boa prática há muitos anos", que assenta em fazer avaliações e retirar as devidas ilações no final.
Quanto à necessidade de manter alguma calma, António Costa afirmou que "eu próprio achei que tinha caído o Canadair". "Foi necessário enviar meios para verificar que no local nenhum Canadair tinha caído", explicou referindo-se à torrente de notícias que durante esta tarde davam conta do despenhamento de um avião de combate ao fogo que, afinal, não caíra.
Sobre a noticiada recusa de ajuda de meios provenientes da Galiza, Costa especificou que "estamos a solicitar as ajudas que os comandos consideram, em cada momento, que são necessários". "Os meios têm que ser utilizados na justa medida", acrescentou, notando que "temos quase 3 mil homens empenhados no combate aos fogos".
"Há uma coisa que as pessoas têm de ter noção: a reforma estrutural da floresta é um trabalho para a próxima década", afirmou o primeiro-ministro antes de elencar alguns dos problemas da floresta nacional, tais como "a floresta muito fragmentada em pequenas propriedades" ou o tipo de plantação.
Defendendo que "esse trabalho de fundo da reforma estrutural da floresta tem de ser feito", Costa falou na necessidade de um "consenso muito alargado" e de um "debate muito sério" sobre esta matéria.
O presidente da Câmara de Castanheira de Pera, Fernando Lopes, afirmou à agência Lusa não ser necessário abandonar a cultura do eucalipto, mas defendeu que a sua plantação tem de ser ordenada e sustentável.
Questionado pela Lusa, o autarca disse que não é preciso ser-se "radical" e considerou que não é preciso abandonar a cultura do eucalipto. No entanto, é necessário "encontrar uma forma mais ordenada e sustentável de plantar eucaliptos", defendeu o presidente do município de Castanheira de Pera, sublinhando que o concelho tem "condições bastante propícias para o eucalipto" e que esta árvore tem de ser encarada como "uma riqueza".
"Temos de aproveitar este momento para fazer aquilo que se falou durante anos e anos", sublinhou, colocando a tónica não no tipo de cultura florestal, mas no ordenamento. "A parte mais difícil agora será a reconstrução e devemos estar todos unidos", vincou, referindo que na quarta-feira o concelho recebe uma equipa multidisciplinar com representantes de várias áreas para reunir e perceber "novas formas para o concelho poder renascer das cinzas".
O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, afirmou na segunda-feira à noite que as condições meteorológicas mais favoráveis podem indiciar "o princípio do fim" dos incêndios no concelho de Góis, distrito de Coimbra.
"Temos a temperatura muita mais baixa do que esteve ontem [domingo], quando estávamos com temperaturas nocturnas acima dos 30 graus, e com um melhor índice de humidade, que ontem [domingo] chegava a atingir zero. Hoje, é completamente diferente, estamos com cerca de 20 graus e nota-se: já sentimos isto mais fresco," disse à Lusa Jorge Gomes.
O secretário de Estado falava no posto de comando instalado na Selada do Braçal, junto à estrada nacional (EN) 112, que dá acesso à Pampilhosa da Serra. Apesar das cinco frentes ainda activas, Jorge Gomes acredita que, não obstante "a alguma celeridade no fogo que existe", a noite e a pouca chuva que se fez sentir ajudou no combate aos fogos.
"Penso que é uma noite importante para todos nós, que estamos nestas tarefas desde sábado. E que para os cerca de mil operacionais que estão hoje no terreno vai ser, espero, o princípio do fim", considerou Jorge Gomes.
Os incêndios no concelho de Góis, distrito de Coimbra, prosseguem com cinco frentes activas, mas com condições "mais favoráveis" de combate ao fogo, disse à imprensa Pedro Nunes, adjunto do Comando Nacional de Bombeiros.
"A situação é consideravelmente mais favorável do que aquela que testemunhámos durante a tarde, contudo continuamos com cinco frentes nas zonas de Carvalho, Covões, Aldeia Cimeira, Candal e Catarredor", disse Pedro Nunes, num 'briefing' realizado no posto de comando instalado na Selada do Braçal, concelho de Góis, junto à estrada nacional (EN)112.
O adjunto do Comando Nacional informou ainda que estão no terreno cerca de 900 operacionais, apoiados por 300 veículos, a que se deverão juntar mais um grupo de 50 bombeiros, com chegada prevista para o meio da noite, assim como outro grupo de bombeiros florestais vindos de Espanha, que prevê chegarem pela manhã.
"Temos ainda apoio sanitário por parte do INEM e da Cruz Vermelha, estacionados em Arganil, na Pampilhosa da Serra e em Góis. Vêm ainda dois grupos, um de 50 operacionais que vai chegar durante a noite, num total de 100 bombeiros, incluindo os bombeiros florestais que chegam de Espanha ao teatro de operacionais ao longo de amanhã", acrescentou o operacional de combate às chamas.
Pedro Nunes adiantou ainda que a frente de fogo na Lousã vai ser combatida por dois grupos de bombeiros de Lisboa e Setúbal, "para que durante a noite se possa liquidar todo aquele perímetro, de forma a que se possa impedir que o fogo chegue à zona da Lousã". "Todas as frentes são preocupantes, mas seriam mais ainda se tivéssemos pessoas ou bens em perigo, uma situação que felizmente não se põe", ressalvou Pedro Nunes.
Também presente no 'briefing' à imprensa, Lurdes Castanheira, presidente da Câmara de Góis, sublinhou que as 155 pessoas retiradas das respectivas casas estão a receber apoio psicológico e social em colaboração com a Segurança Social e técnicos municipais.
O deputado do PSD Nuno Serra afirmou em Avelar, junto ao posto de comando da Protecção Civil, que viu "alguma descoordenação e desorientação" no processo de combate às chamas no norte do distrito de Leiria.
"Apercebemo-nos do forte empenho de todas as forças da autoridade, forças policiais e bombeiros no terreno, apercebemo-nos da fantástica solidariedade de todos que querem ajudar, mas também vimos algo que nos preocupou: alguma descoordenação ou desorientação neste processo", disse o deputado Nuno Serra, que fez parte de um grupo de deputados social-democratas que esteve na terça-feira a acompanhar a situação no norte do distrito de Leiria, afectado pelo incêndio que começou no sábado em Pedrógão Grande.
Em declarações aos jornalistas, Nuno Serra não quis apontar responsabilidades, mas assegurou que os deputados do PSD viram "muitas falhas de comunicação e alguma desorientação" na zona do posto de comando. "Basta ter estado aqui [no posto de comando, em Avelar] o dia e ver o conjunto de governantes que entravam a horas diferentes para 'briefings', que iam desorientando" as pessoas "que precisavam de estar a trabalhar", frisou.
O culminar, notou, foi "a queda do avião, que afinal já não era queda", tendo sido colocados "meios à procura do Canadair que caiu e que afinal não caiu".
A Estrada Nacional 347, que se encontrava cortada ao trânsito em dois troços, nas localidades de Relvas, concelho de Penela, e Póvoa, em Figueiró dos Vinhos, foi reaberta nesta madrugada de quarta-feira à circulação, avançou fonte da GNR à agência Lusa.
Nove incêndios lavravam às 06:45 de hoje em Portugal continental, mobilizando 2.543 operacionais, apoiados por 876 viaturas, a maioria no combate às chamas em Pedrógão Grande e Góis, segundo dados da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
Os operacionais repartiam-se na sua grande maioria por três fogos que lavravam nos concelhos de Pedrógão Grande (Leiria) e Góis e Penela (Coimbra), combatidos por 2.472 operacionais e 855 veículos, segundo informação no 'site' da Protecção Civil.
O incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande e alastrou a outros municípios do distrito de Leiria era o que mobilizava mais meios, 1.185 operacionais, apoiados por 405 viaturas, de acordo com a mesma fonte.
O fogo que lavrava em Góis, pela mesma hora, estava a ser combatido por 1.126 bombeiros, com 396 viaturas.
O incêndio em Penela, que se iniciou no sábado em Pardieiros Fundeiros (freguesia de Espinhal), encontrava-se em conclusão, mas ainda mobilizava 161 operacionais, com o apoio de 54 viaturas. O que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande provocou pelo menos 64 mortos e mais de 150 feridos.
As aldeias de Saião, Salgado e Mimosa, no concelho de Góis (Coimbra) foram "completamente evacuadas" durante a noite de hoje, disse à Lusa fonte do comando da Guarda Nacional Republicana (GNR).
"Não está lá quase ninguém, mas fomos lá verificar se havia mais alguém", adiantou o operacional, esclarecendo que as chamas "movimentaram-se para norte", pondo em risco outras povoações, que, entretanto, estarão já "livres de perigo".
"Está controlado", resumiu a fonte da GNR, remetendo mais informações sobre o incêndio para um novo "briefing" a realizar pelas 09:00, no posto de comando operacional instalado próximo de Góis, em cujo conselho já tinham sido evacuadas 27 aldeias na terça-feira.
O incêndio que lavra em Góis desde sábado, já tinha obrigado a retirar 155 pessoas de aldeias daquele concelho do centro do país, segundo informação da presidente da câmara local, Lurdes Castanheira.
Mais de três dezenas de concelhos de onze distritos do continente, incluindo Leiria, Castelo Branco e Coimbra, afectados por incêndios, apresentam hoje risco 'máximo' e 'muito elevado' de incêndio, segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera.
De acordo com a página da Internet do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os concelhos de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e Góis e Penela, em Coimbra, afectados por incêndios de grandes dimensões estão hoje em risco 'muito elevado' de incêndio.
Vários concelhos, inclusive Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande (Leiria), Góis e Penela (Coimbra) e Sertã (Castelo Branco), afectados por incêndios que mobilizam quase três centenas de operacionais estão em risco 'muito elevado' de incêndio.
Assim, segundo o IPMA, em risco 'máximo' de incêndio estão os concelhos de Pampilhosa da Serra e Arganil, no distrito de Coimbra, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova e Oleiros, Covilhã, Penamacor (Castelo Branco), Mação (Santarém), Sabugal, Guarda, Pinhel, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Trancoso, Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Vila Nova de Foz Coa (Guarda).
Ainda em risco 'máximo de incêndio estão os concelhos de Alcoutim (Faro), Marvão, Gavião e Nisa (Portalegre), Sernancelhe, Penedono, Tabuaço, Vila Nova de Paiva, Tarouca (Viseu), Sabrosa, Alijó, Murça (Vila Real), Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Vila Flor, Mogadouro, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Vimioso (Bragança).
O IPMA colocou também em risco muito elevado e elevado de incêndio vários concelhos dos 18 distritos de Portugal continental.
Quanto às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 18 e 29, no Porto entre 17 e 25, em Vila Real entre 20 e 35, em Bragança entre 18 e 34, em Viseu entre 18 e 33, na Guarda entre 18 e 32, em Coimbra entre 18 e 32, em Leiria entre 16 e 27, em Castelo Branco entre 21 e 36, em Santarém entre 18 e 35, em Portalegre entre 20 e 35, em Évora entre 18 e 36, em Beja entre 17 e 35 e em Faro entre 20 e 26.
O incêndio que começou no sábado em Pedrógão Grande ainda "não está dominado", tendo sido registadas "várias reactivações", informou fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria.
"O combate continua em curso", disse à agência Lusa fonte do CDOS de Leiria, sublinhando que o incêndio "ainda não está dominado". Segundo a mesma fonte, ocorreram "várias reactivações em vários sectores, umas mais fortes do que outras", sendo que "os meios estão a combater consoante as reactivações que vão aparecendo".
O CDOS de Leiria não tem conhecimento de qualquer evacuação de aldeias durante a noite face ao incêndio que afecta o interior norte do distrito. Em Pedrógão Grande, encontravam-se, pelas 07:30 de hoje, 1.187 operacionais e 406 veículos, de acordo com o 'site' da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
Fernando Curto, presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais, disse ao Diário de Notícias que "só uma falha de comunicações entre o comando operacional e quem estava no terreno pode justificar que se tenham desviado tantas pessoas para a chamada "estrada da morte" que fazia parte do perímetro do incêndio e devia estar interditada".
A alegada falha no SIRESP é, aliás, a única justificação que Fernando Curto encontra para explicar o facto de a chamada "estrada da morte" não ter sido cortada.
Também ao DN, um antigo quadro superior da Protecção Civil, que pediu anonimato, também não entende porque não se cortou aquela estrada e concorda com Curto na eventual falha nas comunicações. "É perfeitamente exequível interditar uma via daquelas. Basta bloquear a entrada e saída principais do troço e colocar alguém no início das ramificações. É assim que faz em qualquer sítio. Até nas auto-estradas", afirma.
Opinião diferente tem o general do Exército Leonel Carvalho, que liderou o Gabinete Coordenador de Segurança. O responsável, que foi segundo comandante da GNR, não vê que seja assim tão fácil cortar uma via como a EN 236-1, nas condições em que se encontrava . "Acho praticamente impossível. Nos acessos principais pode ser feito, mas nos secundários é mais complicado. A GNR não pode estar ao longo de toda a estrada", assinala, sublinhando que "a GNR atua sempre se acordo com as indicações que tem do comando operacional. Se não agiu de outra forma era porque a informação que tinha não era contra desviar as pessoas para ali", disse ao DN.
Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, diz ao Público que os bombeiros estiveram "demasiado" tempo no terreno sem poderem comunicar com outras forças policiais. Mas "embora as comunicações sejam extremamente importantes e a sua falha possa tornar falível o combate", ressalva que "não se pode concluir que toda aquela calamidade se deva a falta de comunicações, até porque as forças já estavam colocadas no terreno e sabiam o que fazer, embora houvesse a falha de comunicação entre equipas".
O presidente da Liga dos Bombeiros acredita que a EN 236-1, a chamada "estrada da morte" estava longe de perigo quando as pessoas iniciaram a viagem. "Para mim, quando as pessoas iniciaram a viagem, a estrada estava utilizável e o fogo a vários quilómetros de distância. A questão é que ninguém está habituado a um incêndio com esta violência e brutalidade em que, mais do que altas temperaturas e ausência de humidade, o inimigo foi o vento. Estre criou línguas de fogo com 40 e 50 metros de altura e permitiu pequenos tufões que percorriam 300, 400 e 500 metros em redemoinho e cujas projecções atingiam três, quatro quilómetros".
Marcelo Rebelo de Sousa está articulado com o Governo na pressão aos deputados para que aprovem um pacote global sobre a reforma das florestas antes das férias. O Presidente da República defende medidas que cubram as várias vertentes, desde as questões penais ao ordenamento do território. "Sobre tudo, mas é sobre tudo", diz ao Expresso.
Depois de o secretário de Estado das Florestas ter dito esta terça-feira, no Fórum TSF, que o Governo quer ter as leis aprovadas "antes das férias" a expectativa em Belém é que, se for necessário, as férias dos deputados sejam adiadas. Um calendário que não coincide com o do PCP e Bloco de Esquerda, que esta terça-feira afirmavam ao Negócios que não acreditam que isso aconteça. "Se o Governo lhe chamou reforma" agora não vamos "a mata cavalos" votar um conjunto de propostas, argumentou João Ramos do PCP .
"A situação é muito mais favorável do que aquela que tivemos ontem (terça-feira) à tarde e que tivemos também durante a noite. Temos duas frentes ativas ainda, que estão a ceder aos meios de uma forma considerável", explicou. Segundo o responsável, as duas frentes ativas são na zona dos lugares de Capelo e de Carvalhal.
"Não quer dizer que os lugares estejam em perigo mas, por uma alocação geográfica de onde está o fogo activo, acabamos de lhe dar os nomes das localidades mais próximas", esclareceu. As outras três frentes "já se encontram em rescaldo e vigilância", acrescentou.
Pedro Nunes disse que "o esforço de todos os operacionais envolvidos neste teatro de operações tem sido considerável e o objetivo comum a todos é ter esta situação sob o domínio total nas próximas horas".
O comandante operacional da Protecção Civil, Vítor Vaz Pinto, recusou hoje que tenha havido qualquer falha de comunicação em relação à suposta queda de uma aeronave e realçou que foi cumprido o protocolo para estas situações.
"Não houve nenhuma falha de comunicação. Houve um alerta para queda de aeronave e foi cumprido o protocolo para estas situações", disse Vítor Vaz Pinto no primeiro 'briefing' do dia aos jornalistas no posto de comando instalado em Avelar, no concelho de Ansião, em Leiria.
O comandante operacional de Protecção Civil adiantou que durante o trabalho desenvolvido ao longo da noite houve condições meteorológicas que favoreceram o combate, sendo que 95% do perímetro do teatro de operações está em vigilância e rescaldo e os restantes 5% "em combate e [com o fogo] activo, com grande potencial de risco".
A ministra espanhola da Agricultura e Pesca, Alimentação e Meio Ambiente, Isabel Garcia Tejerina, reconheceu hoje que nenhum país está livre de sofrer um incêndio como o de Portugal (Pedrógão Grande), em que morreram 64 pessoas.
Mais de 2.300 efectivos e 800 meios terrestres combatem o incêndio florestal que arrasa desde sábado o centro do país, num raio de 40 quilómetros entre os municípios de Góis e Pedrógão Grande.
A ministra espanhola, em entrevista à TVE, anunciou que na próxima segunda-feira apresentará em Plasencia (Cáceres) o Plano de Actuação do Setcor Florestal, um programa do seu ministério para ampliar as acções no sector e melhorar a prevenção de incêndios florestais em conjunto com as comunidades autónomas.
Tejerina revelou que nos próximos dias irão para Portugal bombeiros da Galiza, Andaluzia e Castilla-La Mancha para ajudar nas operações de combate ao fogo.
"Assusta a situação do incêndio", comentou a ministra, assegurando que desde Espanha se manifesta a solidariedade "afectiva e efectiva", enviando profissionais e meios para o combate.
Alice Lúcio, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), avançou, esta manhã, que nos dois incêndios estavam registados até às 07:00, 204 feridos, 179 referentes a Pedrógão Grande e 25 a Góis, sendo que sete são graves.
Ao nível de mortes, confirmou que se mantêm as 64 e em termos de apoio psicológico, até às 07:00, foram assistidas 552 pessoas.
Numa primeira estimativa da GNR, porque o incêndio ainda não foi dado como dominado, estima-se que tenham sido afectados 30 mil hectares até ao momento.
As actividades lectivas que tinham sido suspensas devido aos incêndios ainda activos em Pedrógão Grande e em Góis foram retomadas na Sertã e, parcialmente, em Figueiró dos Vinhos, anunciou hoje o Ministério da Educação.
Em comunicado, a tutela indica que, "na sequência dos contactos que o Ministério da Educação tem vindo a fazer, de forma próxima e contínua, quer com os municípios, quer com os agrupamentos e escolas dos concelhos mais atingidos pela tragédia da região Centro, as actividades lectivas foram retomadas [...] na Sertã e, parcialmente, em Figueiró dos Vinhos".
"Em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Pampilhosa da Serra as actividades lectivas permanecem suspensas, o mesmo acontecendo em Góis, tendo em conta os desenvolvimentos dos últimos dias", acrescenta.
Na nota, o Ministério da Educação reitera que "está assegurado que os alunos das comunidades educativas afectadas terão oportunidade de realizar os exames e provas em datas alternativas", razão pela qual "não serão prejudicados".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai associar-se hoje, às 13:00, na vila de Pedrógão Grande, ao minuto de silêncio nacional pelas vítimas do incêndio que deflagrou no sábado neste concelho.
"O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa associa-se à manifestação de pesar votada pela Assembleia da República e observará um minuto de silêncio hoje às 13:00, em Pedrógão Grande, em memória das vítimas", lê-se numa nota divulgada na página da Presidência da República na Internet.
A decisão de apelar à realização de um minuto de silêncio à escala nacional, hoje, às 13:00, foi tomada na terça-feira, em conferência de líderes parlamentares, e anunciada pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
Em declarações aos jornalistas, Ferro Rodrigues adiantou que os deputados iriam cumprir este minuto de silêncio concentrando-se nas escadarias do parlamento.
Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, acredita que o incêndio que deflagrou no sábado, em Pedrógão Grande, teve origem criminosa.
"O incêndio já estava a decorre há cerca de duas horas quando se desenvolveu esse problemas com os raios", afirmou o responsável, no Fórum TSF. "Tenho para mim, até que me provem o contrário, que o incêndio teve origem em mão criminosa".
O presidente da Liga dos Bombeiros defende ainda que, depois da tragédia, muito tem que mudar e a Liga dos Bombeiros vai querer "exigir" saber o que é que correu mal.
"Vamos iniciar o minuto de silêncio em memória das vítimas do incêndio de Pedrógão", disse o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, perante dezenas de pessoas entre os quais turistas, funcionários camarários, representantes de instituições, moradores e jornalistas.
Após cumprir o minuto de silêncio, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, disse aos jornalistas que "todo o país está unido à mesma hora em torno das vítimas desta tragédia e essa unidade nacional é uma unidade que ultrapassa diferenças geográficas, culturais, políticas, económicas e sociais".
"Mostra bem como somos uma nação antiga e uma nação muito forte", referiu, lembrando que na Assembleia da República estiveram também o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues.
O primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República, deputados e funcionários do parlamento concentraram-se hoje pelas 13:00 nas escadarias de São Bento, em Lisboa, para respeitar um minuto de silêncio em memória das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande.
Na primeira linha da escadaria encontravam-se o presidente do parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, a secretária de Estado Adjunta do primeiro-ministro, Mariana Vieira da Siva, e os vice-presidentes da Assembleia da República Jorge Lacão (PS), Matos Correia (PSD) e José Manuel Pureza (BE).
Igualmente na primeira fila, estiveram os líderes parlamentares do PSD, Luís Montenegro, do BE, Pedro Filipe Soares, do CDS-PP, Nuno Magalhães, e do PCP, João Oliveira, pelo PEV, Heloísa Apolónia, e em representação da liderança da bancada do PS, o vice-presidente Filipe Neto Brandão.
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ficou numa das filas superiores, junto às dirigentes sociais-democratas Teresa Leal Coelho e Teresa Morais. A coordenadora do BE, Catarina Martins, e a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, estiveram também presentes na cerimónia.
O presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, José Brito, avançou hoje à agência Lusa que esta manhã o fogo esteve "praticamente dominado", mas que agora os "reacendimentos são muitos".
"Estava mais calmo de manhã, estava praticamente dominado o incêndio, mas como a área é muito grande, os reacendimentos são muitos", afirmou o autarca.
Apontando que "na Pampilhosa esteve sempre mau, porque os meios nunca foram muitos", José Brito adiantou que "agora já há mais meios no terreno" para combater as chamas.
"Espero bem que consigam ir apagando os reacendimentos, por forma a conseguir preservar o que ainda está verde", disse, advogando que são necessários também "muitos meios ainda no terreno para fazer o rescaldo".
José Brito elencou que a área ardida naquele concelho do distrito de Coimbra já ascende aos 12.000 hectares.
O ministro do Planeamento disse hoje que vai ser criado um fundo financeiro a partir da solidariedade dos portugueses para apoiar a reconstrução das habitações e da vida das pessoas afectadas pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande.
"Amanhã [quinta-feira], em Conselho de Ministros, já faremos a aprovação da constituição desse fundo e já acordámos com Pedrógão Grande e com os outros municípios" (Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra), afirmou o ministro do Planeamento e das Intraestruturas, Pedro Marques, em frente aos Paços do Concelho de Pedrógão Grande.
O governante manifestou um grande reconhecimento aos portugueses neste enorme esforço nacional de solidariedade e disse que o Governo irá procurar coordenar todos os apoios recebidos, nomeadamente financeiros, para a criação deste fundo que será articulado com os três municípios.
"Queremos dar um destino coordenado a este grande esforço de solidariedade", frisou.
Jaime Marta Soares será chamado para que, "em sede própria e com a maior brevidade possível, forneça todos os elementos de que dispõe", disse a fonte citada pela Lusa.
Depois de no domingo o director nacional da PJ ter afastado a hipótese de mão criminosa na origem do incêndio, afirmando que a sua origem se ficou a dever a uma trovoada seca, o presidente da Liga dos Bombeiros disse entretanto que "mantenho as minhas suspeições sobre as origens criminosas do incêndio".
Marta Soares sustenta que quando a trovoada seca começou "o incêndio já estava com mais de duas horas de ignição".
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, lamentou hoje a tragédia "insuportável" de Pedrógão Grande, e assinalou que é preciso respostas sobre o incêndio porque é devido "respeito" às vítimas e suas famílias.
"Devemos respostas porque devemos respeito. Ser consequentes. Honrar cada vítima deste incêndio e dos tantos incêndios, incêndios demais, impõe-nos agir com determinação e com lucidez corajosa para que não se repita a tragédia", assinalou hoje a bloquista, na sessão do parlamento em que foram homenageadas as vítimas dos fogos na região centro do país.
O choque e a dor, frisou a líder do Bloco, "são avassaladores", e nesta fase "a necessidade de apoiar as vítimas e de debelar o fogo concentram os esforços e a atenção do país". "Populações, bombeiros, GNR, INEM, Protecção Civil, todos os que estão no terreno. Devemos-lhes tudo", continuou. Catarina Martins elogiou ainda a forma como "Portugal se organizou para apoiar" as vítimas, famílias e equipas de socorro.
"Individual e colectivamente, o país está espontaneamente a organizar-se para apoiar bombeiros e populações, dar meios às instituições que acolhem quem teve de abandonar a sua casa, acudir aos animais. Será preciso mais, para acolher no imediato, mas também para reconstruir as vidas e a economia, e o Estado deve começar desde já essa tarefa".
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu hoje que após o "tempo do luto" vai suceder-se o das respostas e "das responsabilidades políticas e técnicas" e também da "acção firme" em torno de "consensos estáveis e duradouros".
"Este é o tempo do luto e da palavra solidária. Para a política é ainda o tempo da quietude e do recolhimento. Chegará o tempo das perguntas e das respostas, das responsabilidades políticas e técnicas, dos esclarecimentos e do apuramento das razões. E o luto também se ajudará a fazer com essa verdade", afirmou Assunção Cristas.
A líder centrista, que é deputada eleita pelo distrito de Leiria, falava no parlamento na sessão plenária solene convocada para "prestar solidariedade às famílias das vítimas", manifestar "pesar pelos que faleceram" e "apoio àqueles que estiveram e que estão ainda no terreno em combate", de acordo com as palavras do presidente da Assembleia, Eduardo Ferro Rodrigues.
Assunção Cristas afirmou que, se a "memória colectiva ficará indelevelmente cinzelada por esta tragédia", deve ser transformada "em luz iluminadora de acção firme e consistente", para encontrar "formas renovadas de gestão do território e da floresta", sensibilizar para "a mudança de comportamentos humanos, que estão na origem da esmagadora maioria dos incêndios" e "encontre modelos eficazes e coordenados de prevenção e combate".
"Uma acção que a todos convoque em torno de consensos estáveis e duradouros", sublinhou.
O presidente da Assembleia da República salientou hoje que o país "exige respostas claras a dúvidas legítimas" sobre as causas do incêndio de Pedrógão Grande, num discurso em que destacou a coragem "absolutamente excepcional" dos bombeiros.
Ferro Rodrigues falava na sessão solene na Assembleia da República dedicada às vítimas do incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que causou até ao momento 64 mortos e 204 feridos.
"Há aspectos a apurar no imediato e no quadro de uma avaliação global dos procedimentos seguidos neste caso. O país exige respostas claras a dúvidas legítimas", advertiu o presidente do parlamento.
Ferro Rodrigues questionou depois "como tudo foi possível": "Como actuaram as diferentes entidades neste caso? O que se passa com a política florestal e o ordenamento do território? O que cabe ao Estado e o que compete aos privados?"
"Que balanço fazemos das reformas orgânicas ao nível da gestão e regulação destas áreas das florestas e da protecção civil? São dúvidas legítimas e debates necessários", concluiu o antigo líder do PS e ministro dos governos de António Guterres.
Para Ferro Rodrigues, porém, nestes primeiros dias após a tragédia, "por respeito àqueles que perderam a vida", a Assembleia da República qui "nesta primeira sessão [plenária] a seguir ao luto nacional, homenagear a sua memória".
"Um dos passos que foi dado hoje e que é dado em cada um dos municípios [Pedrogão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera] é a constituição de equipas entre o Governo (...) e as câmaras, uma equipa em cada concelho, para fazer no prazo máximo de dez dias, até ao final da próxima semana, o levantamento completo dos prejuízos e as medidas concretas para adoptar no terreno", afirmou o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.
O líder parlamentar do PS defendeu hoje que devem ser procuradas explicações estruturais e específicas sobre as causas do incêndio de Pedrógão Grande, mas advertiu que os socialistas "jamais" participarão em "competições partidárias" nesta matéria.
Carlos César falava na sessão solene da Assembleia da República em memória das vítimas do incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, distrito de Leiria.
De acordo com o presidente do Grupo Parlamentar do PS, "é hora de não só procurar todas as explicações estruturais e específicas para o sucedido - como aliás já determinou o primeiro-ministro [António Costa] -, mas sobretudo de olhar em frente, de actuar para recuperar o património colectivo, ressarcir prejuízos, indemnizar as perdas e reactivar o potencial produtivo, recuperar o emprego e ajudar a refazer vidas, famílias e comunidades arruinadas".
"Ao parlamento incumbirá, através das formas que escolher, sem competições que não devem ter lugar - e em que a este propósito jamais participaremos -, não só a procura daquelas explicações, como um acompanhamento atento e exaustivo das tarefas em curso de restabelecimento da normalidade, tomando as deliberações e emitindo as recomendações que entender pertinentes", declarou Carlos César.
O PSD afirmou hoje que "o país não esteve à altura" da confiança dos cidadãos no fim-de-semana, defendendo que "terá de chegar" o momento de apurar eventuais falhas e responsabilidades no incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande.
"No passado fim de semana 64 pessoas confiaram: confiaram umas que podiam estar tranquilamente em suas casas, confiaram outras que podiam dar um passeio com uns amigos, confiaram outras que lhes era possível gozar uns dias de férias", referiu o deputado do PSD e vice-presidente da Assembleia da República Matos Correia, na sessão parlamentar evocativa em memória das vítimas do incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
Para Matos Correia, esses cidadãos confiaram que "as instituições seriam capazes de os proteger perante um perigo com que se defrontassem".
"O país, no entanto, não esteve à altura dessa confiança", lamentou.
Considerando que "este não é o momento ainda para analisar falhas e apurar responsabilidades, se as houver", Matos Correia defendeu que "esse momento tem de chegar".
"Porque a busca da verdade tem sempre de ser numa democracia consolidada como a nossa uma preocupação central, porque só a percepção do que terá corrido bem poderá ajudar-nos a reflectir sobre o modo como estas catástrofes podem ser evitadas ou fortemente minimizadas", afirmou.
O ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, disse hoje, em Aveiro, que a reforma da floresta não pode ser feita em função dos ciclos eleitorais, classificando-a como um "desafio de gerações".
"Neste momento, a prioridade é ainda combater o incêndio, apoiar aqueles que se encontram hospitalizados e homenagear a memória daqueles que perderam a vida", disse Eduardo Cabrita, adiantando que "chegará o tempo de olharmos para as diversas frentes" daquilo que considerou ser um "desafio de gerações".
O ministro-adjunto falava durante a abertura do Congresso da Região de Aveiro 2017, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), que começou com um minuto de silêncio pelas vítimas do incêndio que deflagrou no sábado, em Pedrógão Grande.
Na sua primeira intervenção numa iniciativa pública, após a tragédia ocorrida no último fim-de-semana, Eduardo Cabrita salientou que as políticas que vierem a ser adoptadas nesta matéria "terão muito pouco impacto nos próximos meses e não podem ser tomadas a pensar no próximo ciclo eleitoral, seja ele autárquico ou legislativo".
Na mesma ocasião, o presidente da CIRA, Ribau Esteves, defendeu que a floresta é um "bem económico, ambiental e social de relevante importância" para o país que "tem de ter mais intervenção e investimento e menos discurso e combate a incêndios".
"Que a desgraça vivida, seja uma ordem para que definitivamente se invista na estruturação da floresta portuguesa recorrendo a operações tecnicamente competentes de ordenamento, licenciamento e fiscalização e de investimento em verdadeiras medidas de prevenção dos fogos florestais utilizando os fundos comunitários", afirmou.
O incêndio que lavra desde sábado em Góis provocou 18 feridos, todos eles ligeiros, disse aos jornalistas o comandante das operações de socorro, Carlos Tavares.
Num ponto de situação feito às 15:00, no posto de comando junto à aldeia de Cadafaz, Carlos Tavares explicou que houve "16 intoxicações pontuais por fumo", resolvidas no posto do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) instalado em Góis. Também um popular e um bombeiro tiveram de ser transportados para hospitais, tendo o último sofrido uma entorse no pé.
No que respeita aos intoxicados, a maior parte deles são civis que estavam a sentir "algumas dificuldades respiratórias".
"Os civis já estavam retirados [das aldeias evacuadas] e estavam quer em Góis quer em Pampilhosa da Serra e necessitavam de assistência porque são pessoas com alguma idade", referiu.
Carlos Tavares informou ainda que só regressaram a casa habitantes de três aldeias: Sobral Bendito, Cabreira e Cadafaz.
"As pessoas estão bem, estão a ser assistidas quer pelo gabinete de acção social de Pampilhosa da Serra, quer de Góis, e não vamos arriscar enquanto houver instabilidade no terreno que provoque grandes reactivações", afirmou.
O Presidente da República disse hoje em Pedrógão Grande que há que tirar lições para o futuro após o incêndio que provocou 64 mortos e que deflagrou naquele concelho, considerando que existe uma unidade nacional nesse sentido.
"Naturalmente estamos todos interessados e há uma unidade nacional em se retirar para o futuro as lições [da tragédia]. Não é tanto um problema de apuramento de responsabilidade, é um problema do apuramento da realidade", afirmou o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
No final de uma cerimónia em que cumpriu um minuto de silêncio em memória das vítimas do incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, o Presidente da República esclareceu que esse apuramento da realidade faz parte da vida das comunidades: "faz parte da nossa vida como sociedade, todos os dias devemos aprender com o passado e o presente, retirando lições para o futuro".
"Há mais dados agora do que havia, há mais elementos para reflectir do que havia e há lições que se podem retirar indo mais longe do que, porventura, noutras circunstâncias passadas", acrescentou.
Confrontado com declarações do presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, de que o incêndio que atingiu três concelhos foi um ato criminoso e começou antes do episódio das trovoadas secas, o Presidente da República defendeu que "tudo tem o seu tempo".
"Há um tempo que espero que esteja a terminar, tudo indica que está a terminar, que é o do combate às chamas, há um tempo que já começou que é o da reconstrução (...), está a começar nos municípios mais atingidos, e há um tempo que também já começou, mas que também terá a sua oportunidade adequada, que é o de ir mais longe para perceber a realidade envolvente, a realidade estrutural e conjuntural, isto é, aquilo que duradouramente pode explicar o que se passou", referiu.
A dimensão do perímetro é de "157 quilómetros", revelou o responsável.
O comandante adiantou que vai ser "mantido todo o dispositivo" neste local, até porque no perímetro há ainda muitas bolsas que não arderam, pelo que poderá haver reacendimentos. Ainda assim, há agora "alguma garantia de que o fogo não está a progredir" para fora desse perímetro.
Vítor Vaz Pinto admite que possam ainda ser observadas "situações complicadas" nessas "bolsas" que não arderam.
Dois troços desta estrada - junto a Castanheira de Pera e a Candal - estiveram cortados.
No entanto, a circulação continua a não se fazer na Nacional 2, no troço de Góis.
"Recebemos aqui muitas ofertas, não vou nomear nenhuma pessoa em especial", disse à Lusa Carlos David, presidente da direção dos Bombeiros de Pedrógão Grande, agradecendo a enorme quantidade de bens, cujas toneladas "vão superar os três dígitos".
"Nós, bombeiros, não queremos nada para nós, queremos é acudir às pessoas que estão em sofrimento, às famílias que perderam familiares. Os bombeiros sentem esse peso", diz, acrescentando: "Nós também estamos em sofrimento".
A quantidade de ofertas tem sido "fantástica" e superou as expectativas. "Estamos também a colaborar com as instituições e solidariedade social aqui à volta", que "estão de portas abertas a acolher" as pessoas retiradas das aldeias, explica Carlos David, salientando: "Estamos a trabalhar diretamente com eles para lhes fazer chegar todos os bens de que necessitam".
"Pedimos a todas as comunidades cristãs e a quem deseje associar-se que, além de outras iniciativas solidárias, dediquem a oração, o sufrágio e o ofertório do primeiro domingo de julho a esta finalidade", afirmou o padre Manuel Barbosa, no final de uma assembleia plenária extraordinária da CEP e à margem das jornadas pastorais do episcopado português, que decorrem em Fátima, distrito de Santarém.
Na leitura de uma mensagem da CEP, o sacerdote pediu ainda que a verba recolhida seja enviada para a Cáritas Portuguesa (conta na Caixa Geral de Depósitos IBAN PT50 0035 0001 00200000 730 54) para que seja encaminhada "com brevidade para aqueles que necessitam".
Em declarações à agência Lusa, o presidente da LBP afirmou que a Liga dos Bombeiros "vai fazer um levantamento com todos os operacionais responsáveis que estiveram no terreno", um trabalho que será feito após a extinção do incêndio.
Jaime Marta Soares adiantou que este levantamento tem como objectivo fazer "uma análise exaustiva de toda a situação" para se saber aquilo que "foi bem feito e melhor se for possível" e detectar eventuais falhas para as corrigir no futuro.
"É uma atitude normal de quem tem responsabilidade", sustentou.
O presidente da LBP disse também que têm que ser averiguadas as falhas de comunicação no SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal), avançando que o sistema parou várias vezes, mas desconhece durante quanto tempo.
Uma questão que, segundo Jaime Marte Soares, "a fita do tempo do incêndio" vai esclarecer ao mostrar "o tempo das falhas"
O mesmo responsável considerou que o SIRESP "foi um contratempo" no sábado em Pedrógão Grande, mas "não foi uma falha que possa ter posto minimamente em causa a situação do combate", tendo em conta que existiram outras "alternativas de comunicações".
"A operação nunca parou e nunca deixou de se actuar", disse.
A Assembleia da República vai votar até ao final da sessão legislativa, a 19 de Julho, o pacote florestal do Governo e os projectos de lei do BE sobre o mesmo tema.
A decisão saiu de uma reunião da comissão parlamentar de Agricultura, em que também foi decidido ouvir entidades ligadas ao sector, de modo a ter propostas de alteração até 11 de Julho, prevendo-se a discussão e votação na especialidade entre os dias 12 e 14 e a votação final a 19 de Julho.
A ministra da Justiça revelou que o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) já concluiu todas as autópsias aos cadáveres recolhidos durante a tragédia de Pedrógão Grande, embora alguns desses corpos estejam ainda por identificar.
Em declarações à agência Lusa, após deslocar-se às instalações do Instituto de Medicina Legal em Coimbra para fazer um "balanço da actividade" do INML no seguimento das mortes ocorridas nos incêndios, Francisca Van Dunem congratulou-se com o facto de o INML ter realizado todas as autópsias "num tempo recorde" de 48 horas, mais precisamente entre a madrugada de segunda-feira e às 04:00 de hoje.
Segundo a ministra, a conclusão deste trabalho só foi possível graças a uma "enorme coordenação" dos serviços do INML, que juntou pessoas e que "funcionou 24 horas sobre 24 horas". "É manifesto que havia aqui pessoas em estado de exaustão completa porque estavam a trabalhar há mais de 24 horas, conseguindo fazer as autópsias de acordo com todas as regras exigidas por esta arte".
Francisca Van Dunem referiu que na madrugada de hoje estavam as autópsias "todas concluídas", mas que ainda há cadáveres no INML em Coimbra porque ainda falta resolver o problema da identificação.
O comandante das operações de socorro em Góis, Carlos Tavares, mantém o objectivo de dar por resolvido até ao final desta quarta-feira, 21 de Junho, o incêndio que lavra desde sábado, apesar das muitas reactivações registadas durante a tarde.
Em declarações aos jornalistas pouco depois das 18:00, no posto de comando de Góis, Carlos Tavares disse que o incêndio continua com duas frentes ativas. "Estas alterações de vento e este vento de norte/oeste têm-nos trazido algumas complicações, algumas reactivações, obrigando a um trabalho intenso por parte de todos os operacionais", afirmou.
Segundo o responsável, as duas frentes activas "ainda não estão a ceder a meios", mas encontram-se "controladas". "Estas reativações vão-nos causando constrangimentos. De qualquer forma, mantemos o mesmo objectivo" de dar o incêndio como resolvido ainda hoje, frisou.
As regiões de Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, afectadas pelos incêndios do fim-de-semana, voltam a ter eletricidade a partir de hoje, indicou a EDP Distribuição, que antecipou a reposição do serviço.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a EDP explica que a antecipação da reposição de abastecimento de eletricidade em Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos "foi possível graças à mobilização de operacionais de zonas limítrofes, potenciada pela disponibilização dos acessos, em articulação com a Protecção Civil e os Bombeiros, que veio permitir a circulação em segurança das equipas da EDP Distribuição".
O fogo em Góis, distrito de Coimbra, que começou no sábado, mantém-se com duas frentes activas, mas o combate às chamas está a evoluir favoravelmente, disse o comandante operacional Carlos Luís Tavares.
A frente que lavra no sentido de Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) está a ceder e aquele responsável admitiu que possa vir a ser controlada "dentro em breve". As chamas, que evoluem em territórios dos concelhos de Arganil e Góis (no mesmo distrito), continuam a lavrar com intensidade, mas também poderão vir a ser controladas durante a noite, designadamente devido a uma baixa da temperatura e ao aumento da humidade.
Os principais incêndios florestais que lavram nos concelhos de Pedrógão Grande (Leiria) e Góis (Coimbra) estavam, às 23:00 desta quarta-feira, a ser combatidos por mais de 2.300 operacionais, apoiados por 854 meios terrestres, segundo a Protecção Civil.
Além destes dois grandes incêndios nos distritos de Leiria e de Coimbra, está em curso (incêndio em evolução sem limitação de área) um fogo em Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém, que deflagrou pelas 20:00 de hoje e que está a ser combatido por 121 bombeiros e 34 veículos, de acordo com a informação divulgada na página na Internet da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC).
Em curso desde as 15:00 de sábado, o incêndio em Góis, no distrito de Coimbra, mobilizava, às 23:00 de hoje, 1.170 efectivos dos bombeiros e 418 viaturas. Já em estado de resolução (incêndio sem perigo de propagação para além do perímetro já atingido), o fogo em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, encontra-se a ser combatido por 1.202 operacionais, apoiados por 436 veículos.
Constança Urbano de Sousa admitiu, na quarta-feira à noite, a possibilidade de instaurar um inquérito ao incêndio que deflagrou sábado em Pedrógão Grande. Mas, para tal, necessita de obter todos os dados sobre aquilo que se passou.
"É algo que não estou a excluir neste momento. Preciso de ter dados sobre a actuação da GNR e da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e de ter indícios que me permitam fazer um inquérito", disse a ministra da Administração Interna em entrevista à RTP3.
Constança Urbano de Sousa adiantou que, neste momento, ainda não dispõe "daquilo que se chama a fita do tempo porque o teatro de operações ainda não terminou". Segundo a ministra, a fita do tempo vai dizer "quem é que fez o quê e a que horas".
"Essa fita do tempo fecha-se no momento que este incidente terminar e eu não excluo que possa haver um inquérito", afirmou, sublinhando que necessita de saber o que aconteceu ao nível local e nacional. "Preciso de dados que ainda não disponho. Neste momento, ainda estou muito concentrada em acabar com este inc~endio", sustentou, considerando que se justifica "uma investigação independente", que pode ser feita por uma comissão parlamentar.
A ministra da Administração Interna disse esta noite, em entrevista na RTP3, que a GNR já instaurou um inquérito interno para apurar por que razão não foi encerrada a Estrada Nacional (EN) 236-1, apelidada agora de "estrada da morte", e onde morreram várias pessoas encurraladas pelas chamas entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
Para a governante, a explicação dada pela GNR ao primeiro-ministro já é "alguma coisa", mas o inquérito interno "terá que ser mais conclusivo".
Na entrevista, Constança Urbano de Sousa disse também que o alerta de prontidão da ANPC tem que ser "avaliado de uma forma mais aprofundada" e admitiu que possa ter "havido uma subvalorização da avaliação" das condições meteorológicas.
A ministra sublinhou igualmente que, das informações preliminares de que dispõe, o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) não falhou totalmente, avançando que às 20.00 de sábado foram mobilizadas duas redes moveis satélite para assegurar a rede da SIRESP.
A ministra da Administração Interna disse esta noite, em entrevista à RTP3, que não se vai demitir do cargo enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro. "Era mais fácil demitir-me, mas optei por dar a cara", afirmou Constança Urbano de Sousa.
O incêndio que deflagrou na tarde de 17 de Junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e foi dado como dominado nesta tarde de quarta-feira, 21 de Junho, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.
O fogo começou em Escalos Fundeiros, e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria. Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.
Este incêndio já consumiu cerca de 30.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.