A ajuda financeira está a chegar à Ucrânia. O Fundo Monetário Internacional anunciou que já atingiu um entendimento para libertar entre 14 e 18 mil milhões de dólares para Kiev o que, ao câmbio actual, representa entre 10 e 13 mil milhões de euros.

Este valor está incluído num pacote de assistência financeira mais abrangente, com outros parceiros. "O apoio financeiro da comunidade internacional que o programa [de reforma económica] irá libertar alcança os 27 mil milhões de dólares [19,6 mil milhões de euros] ao longo dos próximos dois anos", indica o comunicado emitido pela entidade dirigida por Christine Lagarde, depois dos trabalhos em Kiev do FMI, que decorreram entre 4 e 25 de Março.

De acordo com o FMI esta ajuda a dois anos será ainda sujeita a aprovação pelo quadro executivo da organização, sendo aguardada a confirmação final para o próximo mês de Abril.

A instituição chefiada por Lagarde explica que a situação económica da Ucrânia é muito débil, porque está estagnada há vários anos e, segundo contas actuais, o défice do país deve ultrapassar os 9%.

A necessidade de apoio financeiro foi detectada e divulgada logo que as novas autoridades de Kiev tomaram conta dos destinos do país, quando, ainda em Fevereiro, foi destituído o ex-Presidente Viktor Yanukóvytch. Nessa altura foi percepcionada a necessidade de 25 mil milhões de euros para evitar a bancarrota.

A instituição financeira sediada em Nova Iorque lembra que, apesar das medidas adoptadas nos últimos dois meses terem ajudado a alguma estabilização financeira, o futuro próximo que se avizinha encerra dificuldades de monta para as autoridades de Kiev.

"O objectivo do programa de reformas económicas é restaurar a estabilidade macroeconómica e garantir um crescimento económico sustentável", acrescenta o documento divulgado esta quinta-feira pelo FMI.

A reforma financeira irá incidir essencialmente na capitalização e garantia de liquidez aos bancos ucranianos, no reforço da capacidade de supervisão e controlo do banco central ucraniano, através da prossecução das boas práticas internacionais, e na tentativa de resolução de casos de crédito malparado.

Ajuda europeia

A União Europeia (UE), que à imagem dos Estados Unidos também prometeu um pacote de ajuda financeira à Ucrânia, assume que qualquer apoio deve aguardar “a decisão do FMI”, segundo avançou o porta-voz da Comissão Europeia (CE) Simon O’Connor.

O’Connor revelou que a UE permanece em conversações com Kiev “tendo em vista o rápido acordo sobre um memorando de entendimento que estabeleça as condições da ajuda que, por sua vez, devem estar em linha com as estabelecidas pelo acordo com o FMI”.

O comissário europeu garantiu que a UE sente-se “encorajada” pelo comprometimento ucraniano em iniciar as reformas necessárias, pelo que a disponibilização do pacote de ajuda financeira europeu deverá acontecer “o mais rápido possível”.

No início de Março, já depois do eclodir da crise na Ucrânia e em pleno adensar da tensão entre Kiev e Moscovo, a UE garantiu, através do presidente da CE, o português Durão Barroso, que estaria na disposição de garantir uma ajuda financeira de 11 mil milhões de euros às autoridades ucranianas.

(Notícia actualizada às 9h13 com mais informações e às 12h12m com reacção da UE)