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Obama isola Moscovo e menospreza poder da Rússia
O Presidente norte-americano referiu-se à Rússia como uma “potência regional” e voltou a recordar Moscovo de que a anexação “não é um assunto acabado”. A Rússia responde com mais militares na fronteira com a Ucrânia.
Numa conferência de imprensa em Haia, no final da reunião de dois dias sobre segurança nuclear, Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, voltou a ameaçar o regime do Presidente russo Vladimir Putin com um progressivo isolamento ainda maior do que durante o “período da Guerra Fria”, cita a “CNN”.
De acordo com o “New York Times”, no entender de Obama a Rússia é acima de tudo “uma potência regional”, que pode ser uma ameaça aos seus vizinhos mas não uma grande ameaça à segurança interna norte-americana, e sugeriu que “a acção militar da Rússia” na Crimeia indicia menor capacidade de "influência e não maior” por parte de Moscovo.
Obama apesar de garantir que nem os Estados Unidos nem a NATO irão intervir militarmente na Crimeia, lembrou que a anexação desta península por Moscovo “não é um assunto acabado”. O líder norte-americano avisa que a comunidade internacional não vai reconhecer esta anexação, o que irá afectar “a economia global mas ainda mais a economia russa”.
Um dia depois da suspensão, por tempo ainda indeterminado, da Rússia enquanto membro do G8, o Presidente norte-americano insistiu na pressão sobre o Kremlin e, pela primeira vez, foi mais longe nos avisos deixados caso surjam novos ímpetos expansionistas de Moscovo.
Mas o principal aviso talvez seja o de que a NATO vai defender os seus membros, nomeadamente aqueles geograficamente próximos da Rússia: “Iremos agir na defesa deles contra quaisquer ameaças”, asseverou Obama, “porque é para isso que serve a NATO”, acrescentou.
Medo de novos avanços russos
A posição adoptada por Barack Obama surge numa altura em que crescem os temores quanto a possíveis novas acções militares moscovitas. A NATO avisava nos últimos dois dias para a possibilidade de a região separatista da Moldávia, a Transnístria, poder estar na mira russa. Esta segunda-feira a NATO também anunciava o reforço da capacidade de defesa militar dos três Estados bálticos: Lituânia, Estónia e Letónia.
Mas por enquanto o maior problema parece continuar circunscrito às regiões orientais da Ucrânia, onde a maioria de população descendente russa continua a incitar vários movimentos com vista à degradação da unidade e integridade territorial ucraniana. Na principal cidade do leste ucraniano, Donetsk, as autoridades perderam há muito o controlo sobre as principais instituições políticas da região.
A “CNN” reportou entretanto que o Kremlin aumentou em 10 mil o número de efectivos militares dispostos ao longo da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Sabe-se que desde o início da crise na Ucrânia o Presidente Putin assumiu como principal intenção de Moscovo a “protecção dos interesses e direitos” de todos os cidadãos de origem russófona.
A permanente alusão ao caso do Kosovo de há três anos é, claramente, indiciador de que a retórica russa aposta pelo inequívoco apoio a todas as regiões onde, de alguma forma, os interesses das populações pró-russas não estejam a ser salvaguardados segundo a interpretação do Kremlin.