Notícia
Revista do ano: Dezembro
O último mês do ano ficou marcado pela Comissão de Inquérito à queda do BES. Salgado, Ricciardi, Queiroz Pereira, Sobrinho, entre outros, contaram aos deputados a sua versão dos acontecimentos. Antes disso, soube-se que a revolução nas deduções do IRS não saía do papel. Na véspera de Natal, sindicatos e Governo chegaram a acordo, evitando uma greve de vários dias na TAP.
Acontecimentos nacionais
2 de Dezembro
Governo recua e mantém modelo actual de deduções do IRS
Depois dos rios de tinta que os jornais escreveram sobre a reforma do IRS procurando deslindar o radicalmente novo modelo de deduções, eis que rebenta a notícia: pela mão dos grupos parlamentares da maioria, o Governo decide voltar atrás, deixando cair as alterações às deduções à colecta de IRS. As despesas com habitação (empréstimos e rendas), educação continuam a ser dedutíveis à colecta do imposto, ficando, tal como acontecia até então, sujeitas a tectos individuais e um máximo global. A cláusula de salvaguarda que o governo introduzira para evitar o agravamento do IRS cai por inutilidade. Fica claro que todos os contribuintes com colecta e com despesas elevadas pagarão menos imposto em 2015, independentemente de terem filhos ou não.
3 de Dezembro
Novo Banco perdeu 5.100 milhões de euros em depósitos
O balanço do Novo Banco era uma das informações mais esperadas e considerada uma peça chave para o processo de venda da instituição. Soube-se então que os depósitos de clientes caíram 5.108 milhões de euros desde Agosto, correspondente a 16%. Esta foi de longe a rúbrica mais afectada pela crise, em contraste com o crédito a clientes, que apenas diminuiu 2,2%. Em resultado, o rácio de transformação (dos depósitos em créditos) deteriorou-se assinalavelmente para 144%. Já o rácio de capitais melhorou, passando de 8,5% para 9,2%.
3 de Dezembro
Supremo rejeita pedido de habeas corpus
O Supremo Tribunal de Justiça recusa o primeiro dos pedidos de habeas corpus, que a ser aceite permitiria a libertação imediata de José Sócrates. Os juízes justificaram a sua decisão por "manifesta falta de fundamento legal" do pedido apresentado pelo jurista Miguel Mota Cardoso, sem qualquer relação com José Sócrates e sem nunca ter tido acesso ao processo.
3 de Dezembro
Jardim promete demitir-se em 2015
Alberto João Jardim anuncia a intenção de se demitir no dia seguinte ao congresso que oficializará o novo líder do PSD. A promessa é feita numa carta enviada aos seis candidatos ao cargo.
4 de Dezembro
Reformas antecipadas voltam com regras diferentes
Ao longo de 2014 foram muitas as dúvidas e hesitações em torno das reformas antecipadas. Finalmente, a 4 de Dezembro, o Conselho de Ministros aprova o diploma que desbloqueia a possibilidade dos trabalhadores do sector privado anteciparem a sua reforma. Para isso, têm de ter, pelo menos, 40 anos de carreira e 60 anos de idade. Os anos trabalhados além dos 40 são considerados, mas de uma forma diferente do que acontecia antes da suspensão.
9 de Dezembro
Ricardo Salgado conta a sua versão da história
Era um dos momentos mais aguardados. Ricardo Salgado foi à Comissão Parlamentar de Inquérito responder às questões dos deputados. Acompanhado pelo seu advogado, o antigo homem forte do BES deitou culpas sobre a pressão feita pelo Banco de Portugal e lamentou a falta de apoio dado pelo governo português. Embora tenha admitido algumas "responsabilidades" – que, frisou, serão "apuradas nos tribunais" –, a forma como se apresentou na comissão levou a que a deputada Mariana Mortágua dissesse que o Dono Disto Tudo, como era conhecido o banqueiro nos bastidores – parecesse afinal como a "vítima disto tudo".
10 de Dezembro
PQP não denunciou GES por medo de perder apoio da banca
Foi Pedro Queiroz Pereira quem denunciou ao BES, em Setembro de 2013, "problemas de contabilização de activos que escondiam a verdadeira situação". E só não o fez antes, garantiu aos deputados a 10 de Dezembro, por medo da banca: "tinha responsabilidade sobre um grupo económico de razoável dimensão". Os bancos estavam com um poder tal neste país que a gente não podia viver contra eles".
10 de Dezembro
Banco de Portugal diz que desemprego desce menos do que se pensava
Foi uma das boas surpresas durante todo o ano. O desemprego descia a um ritmo que superava mesmo as estimativas mais optimistas. No final do ano, vejo o Banco de Portugal deitou o balde de água fria: uma alteração metodológica – que o INE publicitou sem no entanto quantificar e que acabou por passar despercebida – os números do INE mais que duplicam a taxa de crescimento de empregos em 2014. Conclusão: o emprego sobe, mas apenas em linha com o crescimento débil da economia.
15 de Dezembro
Conta da luz sobe em Janeiro e o cenário para 2016 é pior
O anúncio foi feito em Outubro mas a confirmação só chegou a 15 de Dezembro: os preços da electricidade subirão 3,3% em Janeiro. A confirmação de uma má notícia trouxe outra consigo: más perspectivas para 2016, antecipando-se novos aumentos na factura eléctrica do País.
18 de Dezembro
Álvaro Sobrinho: Angola é sempre o bode expiatório
O homem que liderou o BES Angola durante 10 anos foi ao Parlamento rejeitar a ideia de que esta unidade tenha contribuído para o fim do BES. "Angola é sempre o bode expiatório", disse.
22 de Dezembro
Bruxelas desiludida com o governo
Seis meses após o fim do programa de ajustamento, o tom e as palavras de Bruxelas mudaram muito. No primeiro relatório de avaliação semestral, a Comissão Europeia mostra-se muito desconfiada em relação às contas do orçamento e desiludida com a capacidade reformista do Executivo, a quem acusa, inclusive, de não lhe dar informação a tempo.
22 de Dezembro
Gasóleo a menos de um euro
É o lado bom da descida do preço do petróleo e aquele que os portugueses mais valorizam no seu dia-a-dia. Em vários postos, os preços das gasolina e do gasóleo baixaram três cêntimos e no Jumbo de Santo Tirso, noticia o Negócios, baixou mesmo abaixo de um euro.
24 de Dezembro
Maioria dos sindicatos desconvoca greve
Depois de um braço de ferro onde o Governo chegou ao ponto de recorrer à requisição civil e os sindicatos ao ponto de ameaçarem não a cumprir, a grande maioria das estruturas sindicais decide desconvocar a greve prevista para o período entre 27 e 30 de Dezembro. Em troca, ficou acordada a criação de um grupo de trabalho com os sindicatos signatários do memorando, com vista a reflectir as preocupações dos trabalhadores no caderno de encargos da privatização.
Acontecimentos internacionais
1 de Dezembro
Petróleo e sanções levam rublo a queda histórica
A moeda russa caiu 6,5% no primeiro dia de Dezembro, registando a maior queda desde a crise de pagamentos em 1998. Este é o resultado da conjugação de dois factores: o embargo europeu à Rússia, na sequência do conflito na Ucrânia, e, sobretudo, a queda do preço do petróleo, que atingiu em cheio grande parte dos produtores de petróleo. A pressão sobre o rublo foi uma constante ao longo de 2014, a diferença esteve no comportamento do banco central. Cansado de tentar contrariar o mercado gastando milhares de milhões de euros das suas reservas, decidiu deixar a moeda flutuar livremente.
3 de Dezembro
Berlim, Paris e Roma querem harmonização fiscal para travar evasão
Os ministros alemão, francês e italiano enviaram uma carta conjunta à Comissão Europeia a pedir que esta acelere os planos de harmonização dos impostos que incidem sobre as empresas na União Europeia. No centro das suas preocupações está o chamado planeamento fiscal abusivo, que saltou para as primeiras páginas dos jornais com o escândalo "Lux leaks".
15 de Dezembro
Shinzo Abe ganha as eleições no Japão
O partido do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe obteve uma larga vitória nas eleições legislativas no Japão, onde a escolha se tornou um referendo a favor ou contra a sua política económica, conhecida pelo termo inglês abemonics.
17 de Dezembro
Banco central russo sobe taxas mas rublo cai à mesma
O Banco Central da Rússia aprovou, na véspera à noite, a maior subida da taxa de referência precisamente desde 1998: 650 pontos base, passando de 10,5% para 17%, para tentar conter a desvalorização que martirizava a moeda russa há vários dias. Foi pior a emenda que o soneto. Depois de uma subia inicial, o rublo voltou a cair, deixando no ar a ideia de que nem o banco central conseguia já controlar a situação.
17 de Dezembro
O ataque horrorizou o mundo inteiro: pelo menos 130 pessoas, na maioria crianças, foram mortas num ataque lançado por um comando talibã contra uma escola militar em Peshawar, no noroeste do Paquistão. O grupo que reivindicou o ataque apresentou-o como uma retaliação por uma grande operação do exército em curso desde Junho contra enclaves nas zonas tribais do Waziristão do Norte e Khyber que, segundo fontes oficiais, já fez mais de mil mortos.
17 de Dezembro
EUA e Cuba retomam laços diplomáticos ao fim de meio século
Washington anuncia o início de um processo visando retomar as relações diplomáticas com Cuba cortadas há meio século. O Papa Francisco terá tido uma intervenção pessoal neste processo.
19 de Dezembro
FBI responsabiliza Coreia do Norte pelo ataque informático à Sony
Tudo começou com um vasto ataque de hackers à Sony Pictures Entertainment, do qual resultou a divulgação de informação confidencial sobre funcionários e actores, que gerou várias polémicas. Mais tarde, os hackers vieram relacionar o ataque a um filme cujo enredo andava em torno de uma tentativa de assassinato do presidente da Coreia do Norte. O ponto alto ocorreu quando a 19 de Dezembro o FMI responsabiliza formalmente a Coreia do Norte pelo ataque, o que é desmentido imediatamente.
28 de Dezembro
Avião levanta voo da Indonésia e desaparece
Um aparelho Airbus A320-200 da companhia de baixo custo AirAsia que fazia a rota entre a cidade de Surabaya, na ilha indonésia de Java, e Singapura desaparece em pleno voo, depois de o piloto ter pedido para mudar de rota devido às más condições meteorológicas registadas naquela zona. O proprietário da companhia aérea descreve a tragédia como "o seu pior pesadelo" e o acontecimento faz lembrar o misterioso desaparecimento do avião malaio cujos destroços ainda estão por encontrar.
28 de Dezembro
Ferry incendeia-se com quase 500 pessoas a bordo
Um incêndio deflagra num ferry que fazia a travessia entre Grécia e Itália, no Mar Adriático. As operações de resgate de 478 pessoas só terminam no dia seguinte. No final, registaram-se sete vítimas mortais.
29 de dezembro
Grécia marca eleições antecipadas
Antonis Samaras falha a arriscada eleição do nome que propôs para presidente da República e vê-se obrigado a marcar eleições antecipadas. Todas as sondagens dão, para já, a vitória ao Syriza, partido que se opõe abertamente aos programas de austeridade da troika. Os mercados financeiros, bolsas e mercado de dívida, reagiram com nervosismo à notícia, embora os analistas realcem que os possíveis danos estão agora mais controlados.