Notícia
Revista do ano: Junho
Junho marca o agudizar da crise no BES. O banco ainda conclui com sucesso o aumento de capital, mas os problemas não acabam. Ricardo Salgado renuncia à presidência do banco e Amílcar Morais Pires é apontado como o seu sucessor. Seria ainda em Junho que se saberia que a PT é credora de 15% da dívida do GES. Já o Governo negoceia com a troika novas medidas para encerrar o plano de ajustamento.
Acontecimentos nacionais
5 de Junho Governo aprova nova CES
O Conselho de Ministros de 5 de Junho aprova as medidas para as pensões que substituem a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES). De fora são deixados os fundos de pensões privados, até aqui abrangidos pela contribuição extraordinária.
Além das novas medidas para substituir a CES, o Executivo aprova ainda a conversão dos impostos diferidos em créditos fiscais para a banca, uma medida há muito esperada pelo sector. "O regime agora aprovado é aplicável aos gastos e variações patrimoniais negativas contabilizadas nos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de Janeiro de 2015, bem como aos activos por impostos diferidos que se encontrem registados nas contas anuais do sujeito passivo relativas ao último período da tributação anterior àquela data e à parte dos gastos e variações patrimoniais negativas que lhes estejam associados", explica o comunicado do Conselho de Ministros.
10 de Junho Cavaco apela a diálogo até ao Orçamento
No seu dircurso nas comemorações do 10 de Junho, o Presidente da República volta a apelar ao consenso entre os vários partidos políticos. Cavaco Silva diz que o tempo que se estende até à discussão do Orçamento do Estado é de "diálogo" e os principais partidos políticos devem chegar a um compromisso nas matérias mais importantes. O discurso fica marcado pela indisposição do Presidente, que teve inclusive que interromper o discurso.
11 de Junho BES conclui aumento de capital
Antes do tumulto, o BES ainda conclui com sucesso o aumento de capital de 1.045 milhões de euros, com a procura a superar em 79% a oferta. Esta operação decorre poucos dias antes de se intensificarem os problemas no banco e dará origem a vários processos judiciais. Os investidores que participaram neste aumento de capital poderão ter perdas de 100%.
No mesmo dia, Portugal vai ao mercado, em mais uma operação bem sucedida. A República suporta o custo mais baixo desde 2005 na emissão de dívida a 10 anos. O IGCP consegue colocar 925 milhões, mais 30% do que o máximo previsto pelo instituto.Os títulos são vendidos a um preço que pressupõe uma rendibilidade de 3,2524%, abaixo dos 3,5752% suportados na anterior emissão a 10 anos feita pelo IGCP, a 23 de Abril.
12 de Junho Estado conclui venda de 11% da REN
O Estado conclui a venda da sua participação na REN, no âmbito da Operação Pública de Venda (OPV). O Executivo encaixa cerca de 157 milhões de euros com a operação, sendo que o preço das acções na oferta pública de venda é fixado em 2,68 euros. Ao contrário da primeira OPV da empresa, esta operação conta com uma fraca participação dos investidores de retalho.
16 de Junho Portugal é goleado pela Alemanha
Portugal estrea-se no Mundial de Futebol com uma derrota pesada. A equipa das Quinas sofre uma goleada de 4-0, face à Alemanha. A prestação da Selecção Nacional não irá além da fase de grupos.
19 de Junho Troika não publica 12ª avaliação
A troika desiste de publicar os relatórios referentes à 12ª avaliação ao programa de ajustamento, apesar dos trabalhos já estarem avançados. No mesmo dia, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, vai ao Eurogrupo justificar a razão para Portugal abdicar da última tranche do empréstimo. A ministra explica ainda porque é que decidiu adiar medidas substitutivas a algumas propostas chumbadas em Maio pelo Tribunal Constitucional.
20 de Junho Salgado renuncia à presidência do BES e família aponta Morais Pires para substituí-lo
O dia 20 de Junho marca a saída de Ricardo Salgado da presidência do BES. Após um reunião com o Banco de Portugal, o banqueiro apresenta a sua demissão, abrindo espaço para a saída da família Espírito Santo da gestão do banco, tal como foi exigido pelo regulador. Amílcar Morais Pires é a escolha da família para substituir o anterior presidente à frente do BES. Uma solução que não viria a ser duradoura, com o banco a ser resgatado no Verão.
25 de Junho BPI antecipa reembolso ao Estado
O BPI conclui o reembolso da última parcela da ajuda estatal, no valor de 420 milhões de euros. Após o pagamento desta tranche, o BPI deixa de ter assim qualquer ajuda estatal e é o primeiro banco a devolver o apoio ao Estado.
27 de Junho PT é credora de 15% da dívida do GES
O nome da Portugal Telecom é pela primeira vez implicado no caso BES. É noticiado que a empresa liderada por Henrique Granadeiro investiu 900 milhões de euros em títulos de dívida do Grupo Espírito Santo (GES), num momento em que já se verificavam dificuldades financeiras.
Acontecimentos internacionais
2 de Junho Juan Carlos abdica do trono em Espanha
Eram 10h30 da manhã em Madrid, menos uma hora em Portugal, quando o primeiro-ministro Mariano Rajoy comunica à imprensa que o rei Juan Carlos decidiu abdicar do trono, em Espanha. Felipe de Bourbon é nomeado o sucessor do monarca, colocando uma nova geração no trono espanhol.
Algumas horas após o anúncio, Juan Carlos dirige-se ao povo para justificar a sua decisão, argumentando que abdicou a favor de uma nova geração "que reclama papel de protagonista" e que é capaz de enfrentar "com determinação" as mudanças e reformas que a actual conjuntura "exige".
4 de Junho Bruxelas propõe adesão da Lituânia ao euro em 2015
A Comissão Europeia propõe ao conselho de ministros da União Europeia a adesão da Lituânia ao euro já no dia 1 de Janeiro de 2015. A Lituânia será o 19º membro da moeda europeia. Segundo o Relatório de Convergência de 2014 divulgado no mesmo dia, dos dez Estados-membros analisados - Bulgária, República Checa, Croácia, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia, Roménia e Suécia - apenas a Lituânia cumpria as condições necessárias para aderir à moeda única.
5 de Junho BCE aprova conjunto histórico de medidas
Na reunião de Junho, Mario Draghi surpreende o mercado com um pacote de medidas inédito. Além de baixar a taxa de juro de referência na Zona Euro para um novo mínimo histórico (de 0,25%, para 0,15%), o presidente do BCE coloca as taxas dos depósitos em valores negativos, numa tentativa de fazer chegar financiamento à economia.
A instituição aprova ainda a realização de diversas operações de empréstimos de longo prazo aos bancos da Zona Euro. Em aberto fica a possibilidade da instituição comprar dívida pública no futuro. Com a taxa de inflação em níveis perigosamente baixos nos países do euro, a expectativa é que a entidade continue a intervir para estimular o crescimento na região.
12 de Junho Manifestações e protestos marcam arranque do Mundial no Brasil
Após meses marcados por manifestações e episódios de violência, o Brasil e a Croácia deram, no dia 12 de Junho, o pontapé de saída no Mundial 2014. Fora de campo, o início da Copa fica marcado por protestos, deixando vários feridos. Dentro de campo, a equipa canarinha vence o primeiro embate, por 3-1, mas foi a Alemanha que no final da competição levou a Taça da Mundo para casa.
16 de Junho Tensão no Iraque sustenta petróleo
Os avanços dos extremistas no Iraque fazem tremer os mercados. Os receios que os jihadistas continuem a conquistar cidades importantes no país, um dos maiores fornecedores mundiais de petróleo, alimentam os receios de que estes conflitos afectem o fornecimento de crude sustentam as cotações da matéria-prima. O Brent negoceia em torno dos 113 dólares por barril.
Desde então, os preços afundaram, com a matéria-prima a tombar mais de 40% desde o início do ano, arrastados pela guerra por quota de mercado entre os produtores americanos e os países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
27 de Junho Juncker é o novo presidente da CE
Apesar da oposição do Reino Unido e da Hungria, Jean-Claude Juncker, ex-primeiro-ministro do Luxemburgo, é eleito presidente da Comissão Europeia. Foi a primeira vez na história que um presidente da Comissão não reuniu consenso. Juncker substituiu Durão Barroso na Comissão Europeia no início de Novembro.