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Angel Gurría: Desemprego e desigualdade em Portugal estão num "nível inaceitável"

O primeiro-ministro diz que, apesar da subida do desemprego revelada pelo INE, é cedo para falar de uma inversão da tendência. O secretário-geral da OCDE diz que o desemprego e a desigualdade estão a um nível "insustentável".

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Portugal conseguiu "convencer os mercados a premiar uma consolidação orçamental bem sucedida", em parte devido ao "empenho reformista" do Governo, mas o desemprego e a desigualdade estão a um nível "insustentável", considerou esta quarta-feira o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, em Lisboa.

 

"A taxa de desemprego tem vindo a descer há dois anos mas continua a um nível inaceitável. O mesmo é válido no que respeita à distribuição de rendimentos", referiu o secretário-geral da OCDE, em frente a uma plateia onde estavam o primeiro-ministro e os ministros do Emprego, da Educação e do Desenvolvimento Regional.

 

No discurso de apresentação de um relatório sobre qualificações em Portugal, Angel Gurría acrescentou que as competências - a que chamou "a nova moeda mundial" - são essenciais para "ultrapassar estes desafios".

 

Na mesma conferência, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, comentou os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, que apontam para uma subida da taxa de desemprego, referindo que ainda é cedo para diagnosticar uma inversão de tendência.

 

A taxa de desemprego estimada pelo INE para o mês de Fevereiro foi de 14,1%, um aumento de três décimas face aos 13,8% de Janeiro (valor revisto em alta), e um regresso a valores acima dos 14% da população activa, uma barreira que tinha sido cortada há um ano.

 

"Os últimos dados que foram revistos pelo Instituto Nacional de Estatística apresentaram para os últimos três meses em cadeia um agravamento do desemprego e em particular do desemprego jovem. Temos ainda muito poucas condições para conhecer com detalhe o que terá estado na origem dessa revisão", começou por dizer o primeiro-ministro.

 

"Mas evidentemente, se é cedo para falar de uma inversão de tendência é tempo suficientemente oportuno para dizer que estes esforços [das reformas estruturais e do investimento em políticas activas de emprego] têm de ter um carácter permanente de forma a podermos no médio e longo prazo acentuar a tendência dos últimos dois anos, que é a de ver decrescer a taxa de desemprego", acrescentou Passos Coelho.

 

A taxa de desemprego tem vindo a descer há dois anos mas continua a um nível inaceitável. O mesmo é válido no que respeita à distribuição de rendimentos
 
Angel Gurria

Economia no rumo certo

 

O reparo de Ángel Gurría surgiu num discurso onde o secretário-geral da OCDE começou por felicitar o Governo por outros resultados alcançados.

 

"A economia portuguesa encontra-se já a avançar no rumo certo", disse, referindo que o crescimento do PIB foi de quase 1%, que os sectores de exportação estão a expandir-se e o "défice da conta corrente" ajustou num período muito curto.

 

"Há outros resultados muito positivos: os níveis da dívida estão em queda, os mercados obrigacionistas estão a premiar uma consolidação orçamental bem sucedida", com taxas de juros em mínimos históricos.

 

"Quero felicitar o Governo pela capacidade de liderança e empenho reformista", disse o secretário-geral da OCDE, antes de se referir aos "desafios" que permanecem.

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