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Ministro das Finanças grego quer acordo com a troika que "leve o país para a frente”

A tensão entre Atenas e Bruxelas continua a subir de tom, com os responsáveis helénicos a demonstrarem pouca flexibilidade para aceitar a exigência de troika de cortes adicionais superiores a 3 mil milhões de euros. Poderá estar em causa o desbloqueamento da última tranche do programa de assistência financeira à Grécia.

Bloomberg
18 de Novembro de 2014 às 17:40
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As relações entre o governo grego e os parceiros da troika estão próximas de um impasse no que diz respeito à forma como se vai processar a saída da grega do programa de assistência económica e financeira, que termina no final deste ano. 

 

Foi o próprio ministro das Finanças grego, Gikas Hardouvelis, citado pelo Ekathimerini, a reconhecer que "as tensões estão a crescer", não apenas nas relações entre Atenas e os parceiros da troika, mas também no seio do governo helénico.

 

Segundo este jornal, Hardouvelis, que ainda hoje se reúne com os líderes da coligação governamental, Antonis Samaras e Evangelos Venizelos, garantiu esta terça-feira ao presidente grego, Karolos Papoulias, que "temos e vamos encontrar uma solução, mas é necessária calma porque a chave para todas as negociações passa por manter a cabeça fria". Atenas parece estar pouco disponível para carregar novamente, em 2015, na austeridade.

 

Em causa está a divergência entre a troika e o governo grego quanto à forma como Atenas irá finalizar o programa da troika. Está também em causa o desbloqueamento da última tranche no caso de até ao dia 8 de Dezembro, aquando da cimeira do Eurogrupo, não ser encontrada uma solução.

 

O Ekathimerini refere que segundo os cálculos dos membros da troika subsiste um buraco no Orçamento do Estado grego para 2015 superior a 3 mil milhões de euros. Já Atenas sustenta que será preciso cortar somente cerca de mil milhões de euros no plano orçamental do próximo ano.

 

Ao presidente da Grécia, o titular das finanças da Grécia insistiu na importância da cooperação entre a Atenas e a troika, assegurando ainda que faz parte da sua missão a não cedência a qualquer tipo de populismo.

 

"Nós queremos um acordo que leve o país para a frente", afirmou Gikas Hardouvelis citado pelo Guardian, já depois de sublinhar que "a economia vai recuperar mais rápido com o apoio dos nossos parceiros, o que nos ajudaria a ir sozinhos aos mercados para nos financiarmos a juros mais baixos".

 

Apesar das intenções, neste momento os juros da dívida grega estão a ser fortemente penalizados pela indefinição quanto ao futuro da Grécia. A taxa de juro exigida pelos investidores para dívida grega com maturidade a dez anos, que ontem à noite estava nos 8,1%, já subiu esta tarde para os actuais 8,283%.

 

O Guardian escreve, citando fontes relacionadas com a negociação entre as partes, que foram dadas 48 horas para que o Executivo helénico encontre uma solução de compromisso que permita corresponder às exigências da troika.

 

Caso contrário, a troika ameaça não enviar técnicos para aquela que seria a quarta e última avaliação trimestral do cumprimento do plano de assistência internacional à Grécia. Se esta ameaça se concretizar fica inviabilizada a transferência da última parcela do segundo resgate grego.

 

Divisões na coligação governamental difíceis de ultrapassar

 

Todavia, as divergências não se verificam somente nas relações com os três parceiros da troika. Também no seio do governo subsistem divisões que se afirmam como um obstáculo à obtenção de um compromisso com os credores da troika.

 

O Pasok, que é actualmente o segundo partido da coligação, opõe-se a mexidas no mercado laboral. Por outro lado, o partido do vice-primeiro-ministro Evangelos Venizelos, segundo a imprensa grega, mostra-se favorável à revogação do estatuto fiscal especial das ilhas gregas, algo que o Nova Democracia do primeiro-ministro Antonis Samaras rejeita.

 

Com o aproximar das eleições presidenciais já em 2015 e com o crescimento eleitoral do Syriza, depois de a Grécia ter saído da recessão no terceiro trimestre deste ano, sente-se já a importância, por parte dos dois partidos do "centrão" grego que sustentam o governo, de capitalizar junto dos eleitores helénicos num momento em que se aproxima do final a presença, pelo menos formal, da troika no país.

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