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Portugueses mal informados sobre riscos costeiros

Novo estudo da Universidade de Coimbra indica que os cidadãos consideram as abordagens naturais mais eficazes na gestão da erosão e riscos costeiros.

Sónia Santos Dias 15 de Junho de 2023 às 09:01
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Os portugueses consideram que estão mal informados acerca dos riscos costeiros, revela um estudo realizado por investigadores da Universidade de Coimbra, que quiseram apurar a preferência dos cidadãos relativamente às diferentes estratégias de gestão dos riscos costeiros.

"A maioria dos participantes referiu não conhecer a Estratégia Nacional de Gestão Integrada da Zona Costeira. Além disso, cerca de 93% dos participantes consideraram que existe uma falta significativa de informação, dirigida ao grande público, sobre riscos costeiros e gestão costeira", refere Neide Areia, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da UC.

O estudo concluiu também que a maioria dos participantes considera que as soluções baseadas na natureza podem ser mais eficazes na gestão dos riscos costeiros do que as soluções até agora mais utilizadas, como por exemplo a implantação de esporões ou a reposição de sedimentos nas praias.

A análise, realizada em colaboração com o Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, vem mostrar que os portugueses, apesar de alguma falta de informação e conhecimento relativamente a esta temática, querem ter um papel ativo na gestão costeira.

Apesar dessa desinformação, "foi interessante verificar que havia uma prevalência importante da amostra que se mostrava disponível a participar ativamente nos processos de gestão do risco costeiro. Portanto, os portugueses entendem que os processos participativos de tomada de decisão e gestão costeira poderiam ser altamente frutíferos, ao criarem um espaço para o desenvolvimento colaborativo de soluções inovadoras para a mitigação e adaptação à erosão costeira", assegura a investigadora, acrescentando que é importante que os órgãos de decisão tenham esta perceção e incluam a comunidade na tomada de decisão.

No estudo "Perceção e preferências do público relativamente à gestão dos riscos costeiros: Evidências de um estudo paralelo convergente de métodos mistos", foi ainda possível concluir que a maioria dos mais de três mil inquiridos prefere a adoção de estratégias baseadas na natureza, nomeadamente a construção de recifes artificiais submersos ou a vegetação de dunas, em detrimento das estruturas de engenharia costeira pesada, como esporões, por exemplo.

"Esta preferência pelas estruturas multifuncionais surge não só como objetivo de mitigar a erosão costeira, mas também para proteger património natural costeiro e a vida marinha", frisa Neide Areia.

Além disso, esta investigação mostra que "as pessoas estão preparadas para alguns sacrifícios para terem soluções mais equilibradas e a longo termo", assegura Pedro Costa, docente do DCT. Assim, esta situação "pode robustecer decisões que os gestores costeiros tenham que tomar, mas também um conjunto de práticas que têm vindo a ser defendidas pela União Europeia e que começam a ser implementadas pela Agência Portuguesa do Ambiente", acrescenta o docente.

 

Dada a importância desta temática e com o intuito de combater a iliteracia e promover a troca de conhecimentos, os investigadores pretendem, no futuro, estender este trabalho a todos os públicos, através da realização de workshops, fóruns digitais e a criação de plataformas para recolha de informações de quem está no terreno.

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