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Maioria das pescarias no Mediterrâneo fora dos limites sustentáveis

Novo relatório MedPath revela o caminho para combater sobrepesca no Mediterrâneo com recurso às novas tecnologias.

05 de Abril de 2024 às 10:18
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Cerca de 58% das unidades populacionais comerciais no Mar Mediterrâneo são pescadas fora dos limites biologicamente sustentáveis, revela o novo relatório "MedPath Impact Report", do Marine Stewardship Council (MSC), que propõe também soluções para transformar as pescarias na região numa atividade sustentável.

O projeto fez o levantamento de 5175 pescarias em Espanha, França, Itália e Grécia. Analisou o desempenho ambiental atual de 34 destas pescarias através de uma pré-avaliação com base no padrão de pesca do MSC e colmatou as lacunas de sustentabilidade implementando 47 medidas concretas para melhorar a gestão das pescas e reduzir os impactos.

"O nosso objetivo é promover práticas de pesca sustentáveis no Mediterrâneo, que é uma das regiões mais sobre-exploradas do mundo. Trabalhando com parceiros, identificámos áreas que podem ser melhoradas e definimos planos de ação concretos que as pescarias podem implementar", assinala o coordenador do MSC MedPath e responsável pelas pescas no Mediterrâneo em Espanha, Julio Agujetas.

Estas medidas incluem o desenvolvimento da ferramenta informática DatAlborán em Espanha, como resultado de um esforço conjunto de pescadores, ONG e cientistas, para melhorar a recolha e a análise de dados sobre as pescarias e as unidades populacionais do Mar de Alborão setentrional.

Incluem também a contribuição para a elaboração de novos regulamentos para as pescarias de pargo na Córsega e de ouriço-do-mar no Golfo do Leão, em França.

Apresenta também o desenvolvimento de uma metodologia para avaliar as unidades populacionais de polvo-comum em Itália. E a melhoria da recolha de dados para colmatar lacunas e falhas de informação através de observações a bordo de navios de pesca de polvo e de gravações vídeo subaquáticas para monitorizar as possíveis interações das artes com outras espécies e habitats no norte da Grécia.

O MSC trabalha com cientistas e com a indústria dos produtos do mar para estabelecer um padrão de referência mundialmente reconhecido para a pesca sustentável, sendo conhecido pelo seu selo azul. O projeto MedPath é gerido com parceiros como a WWF em Espanha e França, para apoiar pescarias ainda não certificadas, mas que se esforçam por melhorar o seu desempenho ecológico.

De salientar que o Mar Mediterrâneo representa apenas 0,7% da superfície dos oceanos do mundo, mas alberga 7,5% e 18% das espécies de fauna e flora marinhas do planeta.

Atualmente, várias ameaças estão na origem de uma degradação generalizada dos ecossistemas marinhos e de uma redução da biodiversidade, nomeadamente a sobrepesca, a poluição, as alterações climáticas e a propagação de espécies invasoras.

De acordo com a Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo, o setor pesqueiro mediterrânico gera 183 mil postos de trabalho diretos e é composto por 84 200 embarcações com um total de capturas médio de 1 063 200 toneladas, resultando num rendimento anual de 3 mil milhões de dólares.

Como referido, 58% das unidades populacionais comerciais são pescadas fora dos limites biologicamente sustentáveis, embora a pressão da pesca tenha diminuído 31% na última década, continua a ser duas vezes superior aos níveis sustentáveis. 

Os dados serão apresentados na Conferência da Década dos Oceanos da ONU, que terá lugar em Barcelona, a 9 de abril, no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre a Década dos Oceanos.

 

 

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