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Portugal no Top 5 dos países europeus mais atrativos para investimento na economia azul

Relatório da Comissão Europeia analisou 10 setores da economia azul sustentável e salienta que falta 86% do investimento necessário até 2030. Portugal destaca-se em várias frentes, mas tem “fraca literacia azul”, diz Fórum Oceano.

Sónia Santos Dias 03 de Abril de 2023 às 09:05
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Portugal é o quinto país da União Europeia (UE) mais atrativo para investimento na economia azul, angariando 18% do interesse, ficando atrás do Reino Unido (1º), Noruega (2º), França (3º) e Espanha (4º), destaca um novo relatório da Comissão Europeia (CE) dedicado à economia azul.

O relatório fornece aos investidores uma visão geral das atividades e oportunidades de investimento na economia azul da UE, demonstrando que está a "crescer rapidamente e a atrair investimentos em todo o mundo".

A análise refere que o valor da economia azul mundial vai duplicar até 2030. O oceano contribui atualmente para 1,27 triliões de euros da economia global, valor este que irá ascender a 2,54 triliões de euros em 2030.

No caso de Portugal, Ruben Eiras, secretário-geral do Fórum Oceano, destaca como principais oportunidades na economia azul as áreas das energias renováveis oceânicas, bioeconomia azul, indústrias naval e marítimo-portuária, o setor da observação e digitalização do oceano e o setor turístico. "A energia eólica offshore não só conseguirá colocar Portugal no rumo da autonomia energética sustentável, mas também gerará efeitos de contágio em diversas partes da cadeia de valor industrial, sobretudo na construção das plataformas flutuantes, nas amarrações, na tecnologia de ancoragem e nos serviços digitais ligados à gestão otimização da infraestrutura", refere ao Negócios.

Portugal também assistirá ao crescimento da aquacultura offshore "e provavelmente ao primeiro piloto de aquacultura em offshore capaz de utilizar a capacidade produtiva da profundidade da coluna de água", acrescenta.

Porém, para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS)14, até 2030, o relatório refere que será necessário mais financiamento azul. Estima-se que sejam necessários 147 mil milhões de euros por ano a nível mundial para alcançar este objetivo.

Até à data, apenas 21 mil milhões de euros (14%) estão disponíveis: deste montante, 16,8 mil milhões de euros (11%) provêm de fontes públicas e internacionais e 4,2 mil milhões de euros (3%) de investidores privados, o que deixa uma lacuna de financiamento de 126 mil milhões de euros (86%) ainda por colmatar. O capital privado é fundamental para colmatar a lacuna, refere a análise. Na UE, o défice de financiamento para as PME na economia azul varia entre 60-70 mil milhões de euros.

Para Ruben Eiras, como entrave a captar mais investimento privado, o país enfrenta questões de licenciamento, mas "o entrave maior é o desconhecimento e a fraca literacia azul do investidor mainstream, quando se lhe apresenta uma oportunidade de investimento. Um investidor profissional não investe no que não conhece bem. E essa incerteza, que se traduz num elevado grau de risco, retrai muito investimento".

 

Para averiguar o interesse dos investidores, a CE auscultou 87 investidores, concluindo que 76 planeiam investir uma média de 124,5 milhões de euros na economia azul até 2030. Os principais motores do investimento, para além do retorno económico, são a inovação, o impacto e a sustentabilidade, destaca o relatório.

 

No entanto, segundo a pesquisa, na UE, subsistem algumas barreiras e existe ainda uma grande lacuna de financiamento para as start-ups e PME na economia azul. Os inquiridos citaram perceções de alto risco, uma falta de projetos de investimento em escala, bem como a sua própria falta de sensibilização e conhecimento técnico dos setores emergentes da economia azul e oportunidades concretas de investimento.

Em 2019, a economia azul da UE empregou cerca de 4,5 milhões de pessoas e gerou 184 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto (um aumento de aproximadamente 20% em relação a 2009) e cerca de 667 mil milhões de euros em volume de negócios (um aumento de 15% em relação aos 578 mil milhões de euros em 2009).

O relatório faz parte de um programa de capacitação de investidores que visa orientar os investidores, desde a compreensão de onde se encontram as oportunidades do setor até ao estabelecimento do seu produto financeiro e estratégia de investimento. O objetivo é mobilizar mais capital privado para a tecnologia limpa na economia azul, incluindo soluções inovadoras que podem ajudar a combater as alterações climáticas e apoiar os objetivos do Green Deal da UE.

 

 

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