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Economia azul: “Falta transformar tecnologias académicas em negócios rentáveis”

Fórum Oceano inaugura uma nova geração de eventos para promover investimento e internacionalização da economia azul portuguesa. Oeiras Bluetech Ocean Forum e Business2Sea Matosinhos serão os momentos âncora durante o ano.

16 de Outubro de 2024 às 09:42
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Portugal tem vários centros de excelência em robótica oceânica e tecnologia relacionada, entre os quais, INESCTEC, LSTS-FEUP, NOVA-IMS, CEIIA, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra, IST, Universidade do Algarve, Arditi na Região Autónoma da Madeira e Universidade dos Açores. No entanto, "falta a Portugal navegar a última milha da economia do mar e monetizar o conhecimento acumulado nos escaparates universitários", refere Ruben Eiras, secretário-geral do Fórum Oceano, no âmbito da primeira edição do Oeiras Bluetech Ocean Forum, que arranca nesta quarta-feira no Forte S. Julião da Barra. E acrescenta: "Falta transformar as tecnologias académicas em negócios lucrativos e rentáveis".

O evento reúne mais de 200 participantes e investidores, provenientes da Europa, África, Américas e Ásia, para discutir as últimas tendências e inovações em inteligência artificial (IA) e energia aplicadas à tecnologia azul. Para Rúben Eiras, o mar é uma das áreas onde mais se vai sentir o impacto da IA, na medida em que sendo um ambiente hostil à atividade humana há muitas lacunas de informação sobre a forma como o oceano funciona e o impacto gerado pelas atividades económicas.

"Há agora um grande foco em desenvolver tecnologia comercial que permita a recolha de dados físicos e químicos do mar a um custo acessível. Mas não basta só recolher os dados, é preciso inseri-los em modelos, processá-los em cenários de aplicações, para obter resultados úteis", explica. Portanto, "para percebermos melhor o impacto dos portos, do transporte marítimo, da pesca, da energia, enfim, das atividades económicas no mar e desenharmos as soluções certas para a sua mitigação, temos de usar a IA para acelerar a construção de gémeos digitais (digital twins) do oceano para a prototipagem de novas tecnologias", refere o secretário-geral.

Com o aumento da agregação de dados sobre o mar e a criação de modelos mais fiáveis sobre o mar, a IA irá permitir acelerar a materialização do transporte marítimo autónomo, aumentar a eficiência operacional e a autonomia dos drones marítimos, a precisão dos sistemas de gestão da água da aquacultura, melhorar a gestão dos parques eólicos flutuantes e até mesmo da pesca, com a introdução de tecnologias que diminuirão as capturas acessórias. Portanto, "a aceleração da aplicação da IA no mar vai dar muitas respostas para encontrar soluções eficazes de combate aos efeitos nefastos das alterações climática no oceano", defende Rúben Eiras.

Com efeito, as tendências de investimento refletem essa realidade. Na plataforma Hub Azul Dealroom, gerida pelo Fórum Oceano, a cadeia de valor ‘Bluetech & Observação do Oceano’ passou de 8º lugar em 2023 para 1º lugar em 2024 na atração de capital de risco privado. 

O Oeiras Bluetech Ocean Forum terá carácter anual e será sempre organizado com parceiros internacionais. Esta primeira edição conta com a China, Canadá, Brasil e Estados do Rio de Janeiro e o Ceará como parceiros.

Estarão presentes cerca de 100 empresas da China, Canadá, Brasil, Bélgica, Países Baixos, Israel, Alemanha, Espanha e Reino Unido, nas cadeias de valor da energia limpa, ‘bluetech’ e observação do oceano, portos, transporte marítimo e alimentar.

Será também assinado o protocolo do Fórum Oceano com a Rede de Câmaras de Comércio de Portugal no Mundo e formalizada a entrega da Carta de Interesse do Super Ocean Cluster do Canadá ao Fórum Oceano, marcando o início da integração do Canadá na Bluetech Cluster Alliance, organização liderada pelo Fórum Oceano.


Será também anunciado o Prémio Mar Caixa-Fórum Oceano, promovido pela Caixa Geral de Depósitos e o Fórum Oceano, focado na distinção, promoção e fomento do empreendedorismo baseado em modelos de negócio assentes na transição gémea digital e verde.

Com este evento, o Fórum Oceano inicia uma nova geração de eventos. A mesma lógica será aplicada no relançamento do Business2Sea, que passará a realizar-se anualmente em Matosinhos, sendo que este ano acontece nos próximos dias 14 e 15 de novembro. Em 2025, os dois eventos acontecerão em semestres diferentes, com um maior espaçamento entre si.   

 

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