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Metade das empresas europeias investe na ação climática

Relatório de Investimento Climático do BEI 2022-2023 apura que a maioria das empresas considera custos energéticos um obstáculo ao investimento. Contudo, regista-se uma intensificação dos investimentos no último ano.

14 de Abril de 2023 às 08:49
Requisitos de finanças sustentáveis estão a apertar para o setor financeiro. O roteiro mais recente é traçado pela EBA.
D.R.
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 A quota das empresas europeias que investe na ação climática atingiu cerca de 53%, o que equivale a um aumento de 10% em relação a 2021, revela o novo Relatório de Investimento Climático do Banco Europeu de Investimento (BEI) para 2022-23 (EIBIS Climate).

Porém, os elevados preços da energia na Europa e a incerteza causada pela guerra da Ucrânia estão a testar a capacidade das empresas da União Europeia (UE) de investir em medidas de combate às alterações climáticas.

O relatório avança que 82% das empresas da UE afirmam que os custos energéticos são um obstáculo ao investimento. Também que 42% das empresas da Europa Ocidental e do Norte estão a investir na eficiência energética, em comparação com apenas 37% das empresas da Europa do Sul.

Neste cenário, 57% das empresas da UE estão preocupadas com os riscos físicos colocados pelas alterações climáticas.

O EIBIS Climate mostra que o aumento da quota das empresas envolvidas na ação climática (incluindo eficiência energética) acelerou em 2021, uma recuperação pós-pandémica que se espera que continue.

No último ano, a quota de empresas europeias que investem no clima aumentou 10%, atingindo em média 53%, sendo que o aumento foi particularmente acentuado na Europa Central e Oriental (até 15%) e em pequenas e médias empresas (até 11%).

Os fabricantes intensivos em energia têm um apetite mais forte por investimentos climáticos do que as empresas não intensivas em energia: 48% delas estão atualmente a investir, enquanto 57% estão a planear investir.

"O futuro da Europa depende da nossa capacidade de transformar e abraçar as transições digitais e verdes. Isto exige um investimento corajoso na ação climática e na mitigação do clima. As empresas da UE perceberam que as alterações climáticas já não são uma realidade distante", disse a economista principal do BEI, Debora Revoltella, aquando do lançamento do relatório.

Embora as empresas europeias estejam a alimentar a transição climática, têm opiniões mistas sobre o impacto desta transição nos seus negócios. Enquanto 29% estão otimistas quanto à transição, cerca de 32% estão pessimistas.

O EIBIS Climate mostra que a elevada incerteza está a diminuir a disponibilidade para investir em eficiência energética (menos 4% em comparação com 2021); este impacto é ainda maior quando se consideram investimentos em ações climáticas.

"Muitas empresas têm e continuarão a investir em ações climáticas para fazer face ao aumento dos custos da energia e desempenhar o seu papel na transição verde. No entanto, apesar de um aumento do investimento no clima, a incerteza contínua está a pesar fortemente sobre as empresas da UE e a diminuir a sua disponibilidade para investir em soluções climáticas", acrescenta a economista.

Diz o relatório que 88% das empresas da UE adotaram medidas de mitigação do clima, sendo a reciclagem e a eficiência energética as mais populares. Globalmente, a Europa Ocidental e do Norte investiu mais na mitigação do que a Europa do Sul e a Europa Central e Oriental.

O EIBIS Climate revela que mais empresas se sentem expostas a riscos climáticos físicos, tais como eventos climáticos extremos. Quase 60% das empresas europeias declaram enfrentar riscos físicos, enquanto que apenas 33% afirmaram ter tomado pelo menos uma ação para proteger os seus negócios contra esses riscos. O Sul da Europa sente-se mais exposto a riscos físicos.

O inquérito também revela que a crise energética tem estimulado o investimento em soluções de eficiência energética. Nomeadamente, cerca de 40% das empresas fizeram esse investimento, uma percentagem que aumentou a partir de 2021.

A Europa Ocidental e do Norte, a produção intensiva de energia e as grandes empresas lideram a tendência entre regiões, setores, e dimensões das empresas, respetivamente.

 

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