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Risco climático não está a ser bem avaliado pelos investidores

Um novo relatório do Barclays diz que a má avaliação dos danos provocados ao património natural pode levar a revisões em baixa dos títulos soberanos verdes.

06 de Setembro de 2023 às 08:45
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Os investidores em obrigações soberanas estão a avaliar mal os riscos climáticos crescentes, podendo isto desencadear revisões em baixa dos títulos verdes, conclui um estudo realizado por analistas do Barclays.

O risco em questão está associado à incapacidade de os países protegerem adequadamente o seu capital natural, pondo em perigo os recursos hídricos, o ar e o solo e afetando setores-chave como a agricultura, escreveu uma equipa de analistas liderada por Maggie O'Neal, diretora global de investigação ESG do Barclays, num relatório publicado nesta segunda-feira.

Segundo o estudo, ao qual a Bloomberg teve acesso, alguns dos mercados soberanos mais expostos são aqueles que já têm notações de risco, incluindo o Bangladesh e a Etiópia. Mas outros com classificações baixas também estão na mira, como as Filipinas, Indonésia e a Índia, escreveram os analistas.

A perda de natureza "deverá provocar a descida da notação soberana", com custos de empréstimo mais elevados "a agravar o risco de crédito para os detentores de obrigações", afirmam os analistas.

A Argentina, o Brasil e a Indonésia destacam-se como os países do G20 mais vulneráveis aos riscos de perda de biodiversidade. No que respeita à escassez de água, a Arábia Saudita é o país do G20 em maior risco. 

A preocupação com o facto de os mercados financeiros não estarem a ter em conta o capital natural está a moldar cada vez mais as regulamentações, tendo em conta que as perdas de capital natural representam uma ameaça cada vez maior para as sociedades em todo o mundo. De acordo com o estudo do Barclays, os custos já estão a começar a materializar-se e podem incluir desde capital de negócios prejudicado, ativos irrecuperáveis, bem como incumprimentos.

Os emissores também enfrentam interrupções na produção e nas cadeias de valor, bem como a volatilidade dos preços das matérias-primas, o que pode prejudicar as exportações e arrastar para baixo os bancos, investidores e seguradoras expostos a esses riscos, escreveram os analistas do Barclays. Por exemplo, cadeias produtivas podem ser interrompidas por fenómenos meteorológicos extremos, como inundações, furacões, incêndios, etc.

Os analistas alertam também para o aumento de litígios por "greenwashing" devido à crescente regulamentação criada para penalizar os incumpridores. Tal acontece a altura em que a Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados emitiu um aviso de que não tolerará declarações enganosas sobre a biodiversidade por parte dos fundos de investimento. "O crescente escrutínio público e a maior compreensão dos riscos da biodiversidade fazem prever um rápido aumento do número e da dimensão dos produtos financeiros relacionados com a biodiversidade nos próximos anos", declarou a AEVMM na semana passada, destaca a Bloomberg. Isso justifica "níveis mais elevados de controlo do mercado".

Tendo em conta que mais de metade do produto interno bruto global depende da natureza, o estudo salienta que "reverter a perda de biodiversidade é imperativo para limitar os riscos físicos e evitar repercussões graves para a economia".

O Barclays estima que, até 2030, será necessário um investimento anual de quase 1 bilião de dólares para proteger a biodiversidade, em comparação com os cerca de 160 mil milhões de dólares que são gastos atualmente.

De acordo com a análise da instituição, a maior parte dos mercados de obrigações soberanas que enfrentam um golpe financeiro relacionado com a biodiversidade são classificados como "lixo", estando muitos deles particularmente expostos através dos mercados de exportação.

 

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