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Poucos fundos sustentáveis estão alinhados com critérios da UE

Novo estudo da MSCI constata, porém, que a maioria dos ativos na Europa já são canalizados para produtos ESG.

19 de Julho de 2023 às 08:36
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A maioria dos fundos europeus comercializados como sustentáveis diz não estar alinhada com a taxonomia da União Europeia (UE), em grande parte porque há poucos dados para fazer uma avaliação, conclui a consultora de investimento MSCI num novo relatório.

A taxonomia da UE é um sistema concebido para classificar os investimentos que podem ser comercializados como sustentáveis, com o objetivo de melhorar a transparência e incentivar o investimento na luta contra as alterações climáticas.

Num relatório publicado nesta terça-feira, a MSCI mostra que quase nove em cada 10 fundos do chamado Artigo 8 – centrado parcialmente em questões ambientais, sociais ou de governação (ESG) - e 63% dos fundos do Artigo 9 - que têm objetivos claros de sustentabilidade - afirmaram não ter investimentos alinhados com a taxonomia.

A MSCI afirmou que isto não significa necessariamente que as empresas em causa tenham poucos investimentos alinhados com a sustentabilidade, mas mostra que poucas divulgam atualmente informações suficientes.

"Para justificar e explicar a sua natureza sustentável, uma via para os investidores é a taxonomia da UE. Atualmente, essa via não existe", afirmou Rumi Mahmood, responsável da MSCI pela investigação sobre ESG e fundos climáticos, à Reuters. "A divulgação melhorará com o tempo, mas os números mostram a dimensão da lacuna a colmatar", referiu, acrescentando que este facto limita o conjunto de fundos que os investidores preocupados com as questões ESG podem comprar.

Utilizando estimativas de alinhamento da taxonomia, a MSCI calculou também que apenas 2% dos fundos de ações domiciliados na Europa, e zero fundos de rendimento fixo, tinham pelo menos 20% dos seus investimentos alinhados com a taxonomia.

A UE não especificou qual a proporção dos ativos de um fundo que deve estar alinhada para ser considerada verde, mas os analistas esperam que os gestores necessitem que a maioria das receitas seja sustentável.

A consultora de investimento constatou também que os fundos do artigo 9.º estavam maioritariamente investidos em ações globais ou europeias, o que Mahmood considerou um "desafio" para os investidores que pretendem diversificar e investir de forma sustentável.

Apesar da divulgação limitada da taxonomia, a Europa continua a ter uma maior disponibilidade de dados relacionados com os riscos de sustentabilidade, o que incentiva a canalizar mais fundos orientados para as questões ESG para a Europa e menos para os mercados em desenvolvimento, destaca a MSCI.

Nesta análise sobre os fundos e o estado do financiamento sustentável europeu, a MSCI constatou também que a maioria dos ativos na Europa já são canalizados para produtos ESG. A maioria (58%) dos ativos sob gestão na Europa (7 biliões de euros de um total de 12 biliões de euros) são investidos em fundos ou estratégias ESG com algum parâmetro ligado à sustentabilidade.

A maior parte do capital baseado em fundos na Europa é, por conseguinte, afetada pela taxonomia da União Europeia, pelo Regulamento de Divulgação de Informação Financeira Sustentável (SFDR, na sigla em inglês) e pela Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros da União Europeia (MiFID II). Este facto tem impacto em vários aspetos, desde o lançamento de produtos e os fluxos de fundos até aos níveis de transparência para os investidores finais, sublinha a MSCI.

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