Outros sites Medialivre
Notícia

Relatório do BCSD assinala que empresas têm “pouca maturidade em sustentabilidade”

Retrato agregado, que compila dados de 143 organizações referentes a três anos, aponta que apenas 15% estão nas etapas finais da jornada rumo a 2030.

06 de Fevereiro de 2025 às 14:36
Carta de Princípios do BCSD Portugal, publicada em 2017, conta já com 245 entidades signatárias
  • Partilhar artigo
  • ...

Em 2024, os temas da saúde e segurança, resíduos e conduta ética foram os três mais trabalhados pelas empresas em matéria de ESG, aponta um novo relatório do Business Council for Sustainable Development  (BCSD) Portugal divulgado esta quarta-feira. Segundo a organização que apoia a jornada rumo a um futuro descarbonizado e socialmente mais justo, "conclui-se que as empresas ainda apresentam pouca maturidade em termos de sustentabilidade" e que a maioria está ainda "numa etapa inicial" deste caminho.

O retrato agregado 2021-2023 "Maturidade das empresas em sustentabilidade" sistematiza os dados fornecidos por centenas de empresas signatárias da Carta de Princípios e Jornada 2030, através de um questionário online realizado entre 2022 e 2024. Em análise estiveram três grandes temas: maturidade na sustentabilidade, práticas de gestão e temas ESG trabalhados.

O documento mostra que a maioria das empresas se encontra nas etapas iniciais da jornada de sustentabilidade, caracterizadas que a definição das prioridades estratégicas e respetivos planos de ação. Se nos primeiros passos se encontram sobretudo microempresas e PME, nos estágios mais avançados deste processo são essencialmente as maiores organizações.

"De modo geral, ao longo dos anos, observou-se uma tendência ligeira no sentido da maior maturidade e do maior número de empresas a realizarem práticas de sustentabilidade", lê-se no relatório. Porém, a associação diz que "não é possível concluir se estas tendências aconteceram exclusivamente por evolução das empresas ou se se devem a uma amostra mais variada e com composição diferente".

Na amostra utilizada, e especialmente nos dados referentes a 2024, a larga maioria dos setores de atividade representados são indústrias transformadoras, atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares, e atividades de informação e comunicação.

Rumo a um futuro sustentável

Em 2017, o BCSD Portugal publicou a sua Carta de Princípios, um documento que reúne empresas portuguesas e torno de compromissos de desenvolvimento sustentável para o país. Além de definir as linhas orientadoras para uma boa gestão empresarial, a carta é inspirada na Declaração Universal dos Direitos Humanos e assenta em seis critérios-base: conformidade legal & conduta ética; direitos humanos, direitos laborais, prevenção, saúde e segurança, ambiente e gestão. Atualmente, conta com 245 entidades signatárias.

Para implementar estes princípios, o BCSD criou, em 2021, a Jornada 2030, que é composta por 20 objetivos, 20 metas e 20 indicadores transversais de âmbito ambiental, social e de governança. Este caminho desenrola-se em seis etapas de maturidade sustentável: Despertar, Conhecer, Construir, Comunicar, Consolidar e Coliderar. As três primeiras são sobretudo de diagnóstico, avaliação e definição de metas e planos de ação – é aqui, nesta fase inicial, que está a maioria das empresas analisadas no relatório ontem divulgado.

Em 2024, apenas 15% das organizações encontrava-se já nos três últimos degraus desta escada, mais do que em 2023 (14%) e do que em 2022 (11%). O BCSD explica que "esta distribuição poderá dever-se às exigências de reporte que já recaem sobre algumas grandes empresas, assim como maior disponibilidade de recursos para alocar às questões de sustentabilidade por parte destas empresas".

Entre os dados disponíveis no relatório, destaque para as ações de análise sobre a cadeia de valor que apenas 31% das empresas diz ter feito em 2024, um valor acima dos 28% registados em 2023, mas abaixo dos 49% de 2022. Já a percentagem de organizações que fazem o relatório de sustentabilidade, os números mostram que 66% das empresas o fez em 2024 – acima dos valores dos dois anos anteriores, ambos fixados em 54%.

"Apesar de as empresas já considerarem a sustentabilidade necessária aos seus negócios e já implementarem ações e iniciativas nesta área, ainda existem diversas oportunidades de melhoria, principalmente ao nível da implementação de estratégias robustas e que deem resposta aos principais impactes e dependências das empresas e suas cadeias de valor", lê-se nas conclusões do documento.

Mais notícias