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A SeaTheFuture angariou até ao momento cerca de 73.000€ para os projetos de conservação, sendo que conquistou a totalidade do valor de 26.500€ necessário para a primeira campanha do Programa Tatô, em S. Tomé e Príncipe, para contratar agentes para patrulhar as praias e proteger as tartarugas e os seus ninhos de ataques, anuncia a spin-off do Oceanário de Lisboa na altura em que assinala o primeiro aniversário.
"Lançámo-nos com apenas dois projetos, sem termos um protótipo para mostrar, e hoje temos 10 projetos em 10 países diferentes. Protegemos mais de 22 espécies marinhas, incluindo habitats como corais e mangais", refere Assunção Loureiro, diretora-geral da SeaTheFuture, ao Negócios, acrescentando que à equipa inicial de 20 pessoas juntam-se agora "mais de 12.500 entusiastas do Oceano espalhados pelo mundo unidos para apoiar o trabalho dos biólogos e cientistas".
A plataforma de "crowdsaving" acaba de integrar o primeiro projeto português, Tagus Seahorses, com vista à conservação dos cavalos marinhos no estuário do Tejo. O projeto visa fazer o levantamento populacional, estudo e proteção de cavalos-marinhos na zona de Almada, tendo também alcance nas zonas ribeirinhas de Lisboa, Oeiras e Barreiro.
Com uma campanha inicial no valor de 5.020 euros, o projeto irá realizar uma operação pioneira em localizações costeiras como Paço d’arcos, Doca de Stº Amaro, Terreiro do Paço, Parque das Nações, Seixal, duas zonas do Barreiro, Montijo, Samouco e Alcochete.
Esta primeira iniciativa permitirá aos investigadores comprovar a existência de novas populações de cavalos-marinhos, contabilizar a sua densidade populacional, bem como identificar riscos dos habitats e mapear eventuais relocalizações para a sua conservação. As medidas vão ainda permitir desenhar um plano de ação rumo à sua proteção.
"As campanhas de angariação de fundos da SeaTheFuture são muito concretas. Optámos por não angariar fundos em geral para os projetos, mas, pelo contrário, por promover ações muito específicas e fáceis de comprovar - sendo esta a melhor forma de assegurar a transparência e a rastreabilidade que pautam a nossa operação", explica Assunção Loureiro.
Neste sentido, cada campanha terminada representa uma necessidade de determinado projeto que foi suprimida. "O que tentamos, para conseguirmos ser mais relevantes para os projetos e para o cumprimento das suas missões, é trabalhar com eles na identificação das necessidades mais urgentes e vitais para assegurar a sua manutenção", acrescenta.
Recorde-se que, para além dos recém-chegados cavalos-marinhos, na SeaTheFuture é possível apoiar espécies como tartarugas, golfinhos-corcunda, petréis, abelhas para a conservação de mangais, tubarões-baleia, raias, focas-monge e corais.
Identificando-se como a primeira solução global de "crowdsaving" para a preservação dos oceanos, tem como missão ligar iniciativas em todo o mundo à sociedade civil, entidades e empresas, mobilizando-as para a viabilização financeira, com transparência e rastreabilidade dos montantes angariados. "A plataforma nasce como uma solução B2C, dirigida a pessoas que, em presença do impacto das alterações climáticas no planeta, querem agir e apoiar quem está no terreno a proteger e a restaurar o oceano e a sua biomassa", destaca a fundadora da organização.
Os mercados que têm demonstrado maior recetividade ao projeto, além de Portugal e Espanha, são os Estados Unidos, Alemanha e a Holanda, seguidos do Canadá e França.
No que respeita aos projetos, até à data, os tubarões-baleia das Galápagos, o Programa Tatô em S. Tomé e o Plan Bee no Haiti são os que têm gerado mais visitas. Em termos de contributos, a larga maioria (94%) são doações unitárias, mas a organização refere uma crescente adesão às subscrições mensais.
A SeaTheFuture assume que é uma empresa com fins lucrativos, apostada em construir e a consolidar a comunidade como movimento de apoio ao oceano, preenchendo uma lacuna na área da conservação, habitualmente formada por ONG, fundações e academia.
Com um perfil tendencialmente B2C, a plataforma começa agora a abordar e a ser abordada pelo setor empresarial, naquela que é "uma abordagem que irá certamente crescer nos próximos meses e ajudar-nos a ganhar escala mais rapidamente", finaliza Assunção Loureiro.