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Mediterrâneo Ocidental com baixos caudais nos rios mais cedo do que nunca

Um novo relatório sobre a seca no Mediterrâneo Ocidental revela a dimensão da escassez de água que afeta a região. Em Portugal, a produção de cereais e a pecuária serão os setores mais afetados.

19 de Junho de 2023 às 08:49
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O Mediterrâneo Ocidental está a sofrer uma seca severa que está a reduzir a humidade do solo e os caudais dos rios mais cedo do que nunca. Uma nova análise elaborada pelo Copernicus - Observatório Mundial da Seca revela a dimensão da escassez de água que afeta a região e como esta situação está a prejudicar as plantas e as culturas durante o seu período crucial de crescimento.

Em muitas zonas do Mediterrâneo Ocidental, a precipitação tem sido persistentemente baixa há mais de um ano. Esta situação, combinada com um final de inverno e uma primavera "excecionalmente secos e quentes", provocou uma seca grave na região, sendo de esperar que as temperaturas aumentem ainda mais no verão, revela o relatório "Seca no Mediterrâneo Ocidental".

Entre maio de 2022 e abril de 2023, as temperaturas no norte de Marrocos, Argélia, sul de Espanha, sul de França e norte de Itália foram até 2,5°C - por vezes 4°C - superiores à média. As ondas de calor intensas e de longa duração contribuíram para estes registos.

As condições no final da primavera de 2023 foram piores do que as de 2022, quando uma seca severa a extrema se desenvolveu na Europa, afetando os recursos hídricos, a agricultura e a produção de energia.

Além disso, os indicadores apontam para baixos caudais fluviais generalizados causados pela falta de precipitação. Espanha está a sofrer de escassez de água, especialmente na Andaluzia, onde os reservatórios de água estão a cerca de 25% da sua capacidade.

A maior parte do Mediterrâneo Ocidental está agora em condições de aviso e de alerta (os dois níveis mais graves), de acordo com o indicador combinado de seca, que integra dados sobre a precipitação, a humidade do solo e as anomalias de stress da vegetação para identificar os riscos de seca. Esta identificação do nível de seca desempenha um papel importante para ajudar a gerir e monitorizar os recursos hídricos a curto e a longo prazo.

A falta de água afetou significativamente a vegetação e as culturas a meio da estação de crescimento, levando a atrasos nas sementeiras e a previsões de baixo rendimento. Foi registado um stress grave da vegetação em toda a Península Ibérica (exceto no norte de Portugal), no norte de África e no centro-sul de França.

As previsões de rendimento no Magrebe agravaram-se ainda mais e estão muito abaixo dos níveis médios. "É provável que as culturas não floresçam em Marrocos, na Argélia e na Tunísia. Na Península Ibérica, as condições de seca intensificaram-se e as previsões de rendimento são muito inferiores aos valores de 2022, com uma redução substancial das superfícies semeadas com culturas de verão", refere o relatório. Em Portugal, a produção de cereais e a pecuária serão os setores mais afetados.

A resposta a estas perspetivas de rendimento em condições de seca depende em parte da gestão sustentável dos solos. Neste verão, a Comissão Europeia irá adotar uma proposta de Lei do Solo destinada a garantir que todos os ecossistemas do solo se encontrem num estado saudável até 2050.

 

 

 

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