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Crianças em Portugal expostas com “elevada frequência” a ondas de calor

UNICEF pede duplicação do financiamento para adaptação às alterações climáticas até 2025. Novo estudo indica que na Europa a exposição e crianças a ondas de calor é o dobro da média mundial.

27 de Julho de 2023 às 08:11
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Com a maior frequência de ondas de calor a acontecer em Portugal, a UNICEF estima que 94% das crianças, o equivalente a 1,5 milhões de crianças, estão expostas a uma elevada frequência de ondas de calor.

O valor é referido no novo documento "Combater o calor: Proteger as crianças das ondas de calor na Europa e Ásia Central", que destaca que as crianças são particularmente vulneráveis aos impactos das ondas de calor, colocando-as em risco de doenças graves, incluindo a insolação.

Segundo o relatório, cerca de metade das crianças na Europa e na Ásia Central – 92 milhões de crianças – está exposta a uma alta frequência de ondas de calor, segundo uma análise dos últimos dados de 50 países. Trata-se do dobro da média global de 1 em cada 4 crianças expostas a uma alta frequência de ondas de calor.

Tendo e conta que a evidência científica demonstra que o aumento das temperaturas é resultado das alterações climáticas, a UNICEF apela aos governos da Europa e da Ásia Central para reduzirem as emissões de CO2, para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, e a duplicarem o financiamento de adaptação até 2025.

"Os países em toda a Europa e Ásia Central estão a sentir o calor da crise climática, e a saúde e bem-estar das crianças são os mais afetados", afirma Regina De Dominicis, diretora regional da UNICEF para a Europa e Ásia Central. "As várias implicações na saúde, atual e futura, de uma proporção tão significativa de crianças da região deve ser um catalisador para os governos investirem urgentemente em medidas de mitigação e adaptação", acrescenta a responsável, sobre u cenário que se prevê agravar até 2050.

Os bebés e as crianças pequenas são os mais vulneráveis durante as ondas de calor, uma vez que a sua temperatura corporal aumenta significativamente e mais rapidamente do que a dos adultos. As ondas de calor também afetam as capacidades de concentração e aprendizagem das crianças, o que deixa a sua educação em risco, nota o relatório.

A UNICEF refere que a maioria dos adultos experimenta o calor de forma diferente, o que dificulta a identificação de situações de perigo ou sintomas de doenças relacionadas com o calor pelos pais e cuidadores, agravando os riscos de saúde das mesmas.

Nos últimos anos, as ondas de calor na Europa e Ásia Central têm-se tornado mais frequentes. Em toda a região, a frequência das ondas de calor deverá aumentar ainda mais nos próximos anos.

Com base nos cenários mais conservadores do aumento da temperatura global de 1,7 graus Celsius, todas as crianças na Europa e na Ásia Central, incluindo em Portugal, estarão expostas a uma elevada frequência de ondas de calor até 2050. 

Neste cenário, estima-se, ainda, que 81% estejam expostas a uma duração elevada das ondas de calor e que 28% estejam expostas a uma gravidade elevada das ondas de calor.

Neste sentido, a UNICEF apela aos governos de toda a Europa e da Ásia Central para incorporarem a mitigação e adaptação às ondas de calor nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (previstas no Acordo de Paris), nos Planos Nacionais de Adaptação e nas políticas de Redução de Riscos de Desastres e Gestão de Riscos de Desastres, mantendo as crianças no centro dos planos.

Apela também ao investimento em cuidados de saúde primários, para apoiar a prevenção, ação precoce, diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas com o calor; ao investimento em sistemas nacionais de alerta precoce de alterações climáticas, a realizar avaliações ambientais locais e apoiar iniciativas de preparação para emergências e de reforço da resiliência; para adaptar os serviços de água, higiene e saneamento, saúde, educação, nutrição, proteção social e proteção infantil para enfrentar os impactos das ondas de calor.

E ainda garantir financiamento adequado para intervenções que protejam as crianças das ondas de calor, bem como capacita-las e aos jovens com educação sobre as alterações climáticas e formação em competências verdes.

 

 

 

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