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05 de Setembro de 2007 às 13:59

As virtudes do “PowerPoint”

O plano tecnológico começou mal. A principal bandeira do Governo Sócrates passou por tratos de polé mas resistiu. Resistiu às disputas de protagonismo entre dois ministros – com a visão de Manuel Pinho de ligação às empresas a perder terreno em relação à

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Resistiu à demissão do seu primeiro coordenador, José Tavares, que assumiu com estrondo a ruptura com o ministro da Ciência e do Ensino Superior.

Resistiu ao acordo com a Microsoft e à imagem de reverência de sete ministros portugueses a assinarem um acordo sob o olhar de Bill Gates. Resistiu a um acordo com o MIT, que apesar da sua importância para a universidade portuguesa ficou envolto numa manta de trapalhadas. E, finalmente, resistiu aos excessos de marketing do Governo, como a distribuição de computadores às escolas com figurantes contratados.

E resistiu porque, em primeiro lugar, Portugal precisa mesmo de um choque tecnológico; e porque a sua equipa, agora liderada por Carlos Zorrinho, tem conseguido concretizar objectivos, e porque José Sócrates tem colocado o seu peso político ao serviço do programa.

É verdade que algumas das medidas do Plano Tecnológico pecam por falta de profundidade. O Simplex, um dos programnas mais emblemáticos, também padece dos defeitos gerais do progenitor e entre as suas mais de cem medidas contam-se pelos dedos as que são realmente importantes.

O relatório ontem divulgado sobre a evolução do governo electrónico em Portugal é motivo de orgulho e de estímulo para a equipa do Plano Tecnológico e para o País. Habituados a penar na cauda das estatísticas internacionais, há que reconhecer o mérito quando a situação é inversa. E o relatório sobre governo electrónico da Brown University, uma prestigiada universidade americana, vem mostrar como o país conseguiu melhorar a sua posição nos rankings internacionais, galgando, num ano, mais de 40 lugares, para ficar no sétimo posto a nível mundial (apenas atrás da Coreia do Sul, Singapura, Taiwan, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá) e em segundo na União Europeia, à frente da Alemanha.

Os rankings valem o que valem. E já se sabe que Portugal é muito avançado nas leis e nas regulamentações e que a prática fica muito aquém. O mesmo pode acontecer com o Governo electrónico. Mas não é isso que desmerece a importância da trajectória nem as expectativas positivas que ela transmite.

Com todas as vicissitudes que são conhecidas, o Plano Tecnológico representa um esforço sério do Estado em promover a inovação e ajustar os seu procedimentos à idade da informação, recuperando muitos anos de inércia e de tempo perdido. Por muito tarde que tenha começado e mesmo que os esforços sejam insuficientes, sempre é melhor do que tem conseguido o sector privado.

Basta recordar os números do investimento em ID, onde Portugal continua, aqui sim, consistentamente na cauda das estatísticas, num esforço essencialmente assumido pelo Estado. Por mais dinheiro público que se invista, sem as empresas não será possível mudar o perfil de especialização da economia portuguesa.

Com todas as suas limitações, afinal o Plano Tecnológico não é apenas um "PowerPoint".

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