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17 de Dezembro de 2007 às 13:59

Weblution

O Congresso da APDC teve na sua agenda os novos contextos do ambiente de negócios das telecomunicações e media. Um dos pontos em destaque foi o conceito da Web 2.0. Apesar de parecer apenas uma evolução natural da Internet que conhecemos nos anos noventa,

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É inegável que esta segunda geração representa diferenças significativas relativamente ao conceito original, mas será revolução ou apenas evolução?

 Os primeiros anos de vida da Internet ficaram marcados pela “busca de informação” e pelo contacto entre utilizadores independentemente da sua posição geográfica, em directo ou em diferido (ex. e-mail). Nunca o gap necessidade de informação – obtenção de informação tinha sido tão pequeno. Era um momento de viragem para o mundo, tão revolucionário para as Sociedades como as grandes transformações sociais do século XX. Pela primeira vez na história, a informação começava a circular livremente e, em simultâneo, abria-se a possibilidade de cada um escolher informação do seu interesse (em contraponto com a fornecida pelos Mass Media).

Mas todos queríamos mais?

Começámos pelos simples “browsing” e envio/recepção de mensagens, passámos para a criação de espaços customizados através dos quais podemos comunicar (ex. ICQ, Messenger), iniciámos a construção de páginas web pessoais, criámos os nossos blogs, as nossas redes e, na última vaga, a nossa vida virtual (Second Life).

A pouco e pouco, todos os utilizadores, espalhados pelos diversos pontos do globo, foram participando num movimento de “apropriação” da Internet. Fomos criando os nossos espaços, as nossas redes e os nossos conteúdos que são hoje, a parte que faz o todo.

Hoje a rede global é nossa!

Porquê?

Um conjunto de tendências globais rapidamente encontrou nesta plataforma uma ferramenta de expressão. A necessidade de “gritar a nossa opinião” ao mundo, de customizar os conteúdos e partilhar interesses, de comunicar com “todos” e a qualquer momento, começou a materializar-se na alternativa à vida quotidiana – a nossa weblife.

A Web 2.0 é o resultado desta confluência de tendências. O nascimento do Linked in, Face Book, You Tube, Hi-Five, Wikipédia e muitos outros, é resultado de um “grito geracional” que continua a mudar o mundo.

Como viver com isso?

Todos os negócios têm que aprender a viver com este novo contexto. Não só perceber as tendências que ergueram a Web 2.0, mas preparar a sua weblife à semelhança do que faz cada um de nós. É preciso ir para além da tradicional informação corporativa ligada ao conceito Web1.0. Um dos caminhos escolhidos pelas empresas tem sido a abertura de espaços virtuais no Second Life. Apesar de algumas marcas americanas terem anunciado a sua saída, os números não param de surpreender, de Setembro de 2006 a Setembro de 2007, o número de registos no Second Life passou de 800 mil para 9 milhões.

A IBM desenvolveu um espaço virtual no Second Life – “secret island” onde recria a sua realidade corporativa, permitindo utilizar esta plataforma como uma ferramenta de suporte a processos organizacionais. Os trabalhadores criam a sua personagem, customizam o seu “boneco” e comunicam/reúnem com os colegas de todo o mundo, em tempo real, nas instalações virtuais da IBM. Um exemplo que reforça a importância da weblife na IBM, foi dado há poucos meses atrás pelos trabalhadores da própria empresa. Em Setembro, mais de 1.900 pessoas, de vários países, protestaram atrás dos seus computadores em solidariedade com os trabalhadores da IBM Itália, que exigiam melhores bónus no final do ano dados os bons resultados da empresa. O protesto teve lugar em 7 instalações virtuais da IBM.

Nenhuma organização pode ficar indiferente a estes factos, e a verdade é que a Web 2.0 está mesmo a revolucionar a forma como as pessoas se divertem, compram, vendem, trabalham e até protestam. Usando o exemplo da IBM, as empresas devem construir a sua matriz de ameaças e oportunidades reais associadas a este mundo virtual (Web 2.0). Alavancar em ferramentas, que vão desde o Linked In (ex. usado para recrutamento, referências), à simulação em tempo real no Second Life (ex.: suporte a “conference calls”; venda de serviços), até aos blogs organizacionais (ex. instrumento para receber opiniões dos colaboradores, partilhar temas e análises pessoais, incentivar a criatividade) poderá ser uma forma de criar valor nas organizações. Para que isso aconteça é necessário que a estratégia tenha “olhos” na Web 2.0 e analise de forma sistemática, como vai esta componente do ambiente de negócios impactar no modelo de negócio as-is.

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