Opinião
Um imenso mapa cor-de-rosa
Com a candura dos desesperados, Manuel Maria Carrilho enunciou a segunda mais-valia da sua candidatura - a primeira é obviamente Bárbara Guimarães. A segunda é música para os ouvidos do PS: diz Carrilho que Lisboa ficaria a ganhar se a câmara fosse da mes
Com a candura dos desesperados, Manuel Maria Carrilho enunciou a segunda mais-valia da sua candidatura - a primeira é obviamente Bárbara Guimarães. A segunda é música para os ouvidos do PS: diz Carrilho que Lisboa ficaria a ganhar se a câmara fosse da mesma cor política do Governo.
Tudo por um patriótico objectivo: a articulação entre os poderes central e autárquico. Note-se que Carrilho está acompanhado: Alberto João Jardim pensa e diz o mesmo.
No limite do absurdo, o país "articulado" de Carrilho resumir-se-ia, assim, a 308 câmaras em comunhão espiritual com o engenheiro José Sócrates. O argumento de Carrilho é infeliz e remete-nos para uma questão: alguém terá contabilizado as vantagens de ter um presidente da CGD da cor política do primeiro-ministro?
Ou um presidente do Tribunal das Contas nas mesmas circunstâncias? O país só perderá em tornar-se um imenso mapa monocolor.
No dia em que o Governo cria mais uma comissão (Guterres estás perdoado!) para preparar a comemoração do centenário do 5 de Outubro, é legítima a pergunta: esta tentação socialista de controlar os centros de decisão enquadrar-se-á na ética republicana que Soares, Alegre e Sócrates adoram invocar?